Esta semana foi cheia de acontecimentos no mundo. Além do
Carnaval no Brasil, o Papa inconcivelmente resignou, um ato que vai contra tudo
o que a Igreja acredita. O líder da oposição na Tunisia foi assassinado
mergulhando o país outra vez no caos. Ahmadinejad foi recebido com todas as
honras no Egito mas o Irã deixou claro que não só não irá negociar com os
Estados Unidos ou permitir inspeções mas anunciou o aumento do número de
centrífugas para enriquecer urânio. Os massacres continuaram na Síria. Além
disso, alguns segredos vieram à tona. Numa justiça poética, os países que
baniram ou estão para banir o abatimento ritual da carne kosher descobriram que
estão consumindo carne de cavalo e burro como se fosse bife.
Mas o que monopolizou as manchetes ao redor do mundo
foi um segredo guardado por Israel sobre um dos seus agentes. Eu não sei sobre
vocês, mas eu fico muito mais tranquila sabendo que o Mossad está
trabalhando para impedir que o Irã se torne uma potência nuclear, que a
Hezbollah adquira as armas químicas da Síria e que aonde houver judeus no mundo
haverá um olho atento.
Em 2010, o prisioneiro X, como ele próprio quis ser chamado,
se suicidou na prisão Ayalon em Ramle. Ben Zygier era o seu nome e sua estória
foi tanto um escândalo como uma tragédia.
Foi uma tragédia porque Zygier era um jovem
australiano sionista que aos 19 anos fez Alyiah, serviu o exército e depois foi
trabalhar para o Mossad. Pelo que foi divulgado pela televisão australiana,
Zygier esteve em lugares como o Irã, a Síria, Líbano e Jordânia.
Alguma coisa saiu errado e ele foi preso em Israel. Não
se sabe se ele cometeu traição, se ele estava prestes a faze-lo ou se foi algo completamente diverso. O que se
sabe é que ele teve dois advogados que o representaram até a Suprema Corte de
Israel, que ele recusou fazer um acordo com a promotoria e que o governo da Australia foi notificado que um cidadão seu estava preso em Israel. Também sabemos que para
proteger sua esposa e filhas em Israel e seus pais na Australia, ele concordara
em ser referido através de um pseudônimo.
É também importante saber que depois de sua morte, nem
a familia, nem os advogados processaram o Estado por negligência, como é comum em
casos de suicidio em prisões.
A pergunta é porque só agora ficamos sabendo dele?
Vamos lembrar que não é sempre que a mídia age altruisticamente ou somente para
defender o direito do público de “saber”. A grande maioria procura o escândalo
para ganhar prêmios e reconhecimento.
É claro que há a liberdade de imprensa e que a
transparência ajuda a melhorar a sociedade e os governos. Nenhum de nós deve
aceitar tacitamente que numa democracia do século XXI alguém possa ser preso, morrer na
prisão e desaparecer da face da terra sem ninguém saber a respeito.
Mas o que estamos vendo são membros da oposição de
Israel e da mídia mais interessados em atacar o governo e a promover sua agenda
política do que pedir medidas para impedir que outros casos como este
ocorram no futuro.
Nesta era em que vivemos com tantas ameaças, a guerra
contra o terror e contra estados que o patrocinam, a imprensa deve agir
responsavelmente medindo as consequencias que uma notícia desta pode causar.
Certamente deve haver um tremendo montante de
informações que, se vierem à tona, podem causar muito dano a Israel e a seus
aliados, incluindo os Estados Unidos. Israel tem uma lei de censura precisamente
para não deixar que informações que possam ser prejudiciais à sua segurança
nacional venham a público.
Todo jornalista deve questionar qual contribuição a
informação que ele quer noticiar trará para a sociedade. Esta notícia já
destruiu a família. Zygier deixou uma esposa e duas filhas pequenas em Israel
que terão seu nome manchado para sempre tenha ele feito algo ou não. Questões de negligência serão
levantadas contra o Estado sobre sua supervisão do prisioneiro.
Quando se trata de Israel, sabemos que a intenção da
mídia é quase sempre causar dano ao estado judeu.
Para que Israel e outros governos ocidentais sejam
efetivos em defenderem seus países e cidadãos muito trabalho deve ser feito
longe dos olhos públicos. O segredo é um dos pilares da guerra contra o
terrorismo sejam os ataques de drones americanos contra a Al-Qaida, operações
contra as usinas e cientistas do Irã, ou a eliminação de líderes terroristas
como Imad Mughniyah e Mahmoud Al-Mabhouh.
O mesmo se aplica ao prisioneiro X. Julgando os fatos,
houve perigo para a segurança de Israel e suas ações podem ter tido ramificações
para operações futuras.
A mídia israelense disse que a revelação dos
movimentos de Zygier no Irã, Síria e Líbano pode ter causado consequencias muito significativas
para o trabalho que Israel está fazendo nestes países. As autoridades locais
estão provavelmente checando todos que o acompanharam ou tiveram contato com
ele. O potencial de dano para a segurança de Israel é tão real que a própria Suprema
Corte, defensora máxima da liberdade de expressão, se convenceu que uma ordem
de silêncio era necessária neste caso provavelmente para proteger a vida de outros agentes e informantes.
Como disse, ninguém deve aceitar que um homem seja
preso, morra na cadeia e desapareça sem que tomemos conhecimento. Mas
precisamos lembrar que quando uma democracia age de modo aparentemente
não-democrático, esta decisão não é tomada leviana ou arbitrariamente.
É simplesmente o preço que sociedades como Israel, os Estados
Unidos e outras democracias têm que pagar para serem vitoriosos em sua eterna
guerra contra o terrorismo.
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