Nesta semana foi noticiado que Israel teria conduzido
ataques aéreos contra vários alvos na Síria, um deles, um laboratório de
pesquisas de armas químicas num subúrbio de Damasco e outro um comboio que
transportava mísseis russos.
Apesar de se manter calada sobre os ataques, e as
forças da ONU estacionadas no sul da Síria negarem terem visto qualquer
atividade aérea no local, Israel foi severamente ameaçada pelo Irã que disse
que esta invasão do espaço aéreo sírio teria graves consequencias para Tel
Aviv.
Uma explosão misteriosa numa cidade remota na fronteira
entre a Síria e o Líbano não é uma razão aceitável para ameaçar Tel Aviv. O
equivalente a Tel Aviv é Teherã.
O Irã é o pivô da violenta campanha empreendida pelo
Hamas e a Hezbollah contra Israel. Em circunstâncias normais, uma ameaça da
Síria ou mesmo do Irã seria o suficiente ou até o lançamento de um míssil
simbólico do Líbano contra uma área aberta na Galiléia encerraria a questão. Mas na atual situação, isso não é o óbvio.
O maior problema de Israel hoje é a transferência de
armas avançadas para a Hezbollah no Líbano. Israel pode até aceitar um míssil
isolado mas não o armazenamento de inúmeras armas não- convencionais ou mesmo
convencionais de longo alcance na sua fronteira.
Até a Turquia, que chamou Assad de todos os nomes no
dicionário após mísseis da Síria terem caído em seu território, exigiu que Assad
retaliasse com um ataque a Israel! Voltamos para este conceito medieval que
enquanto muçulmanos estiverem se massacrando uns aos outros, está tudo ok, mas
se Israel tomar qualquer atitude, é inaceitável. É o Islão contra os infiéis.
Quando é que este povo irá crescer?
Não irá.
Não enquanto o mundo continuar a apadrinhar este tipo
de conduta aceitanda-o como politicamente correta. Exatamente como o fez neste
final de semana Ban Ki Moon – secretário-geral da ONU que se disse “gravemente
preocupado” com esta possível invasão do espaço aéreo sírio por Israel.
Ele não se disse “gravemente preocupado” quando dezenas
de corpos de adultos e crianças foram encontrados numa fossa comum em Aleppo na
semana passada.
O fato é que mesmo se não houver retaliação, Israel
precisa deixar bem claro ao presidente sírio Bashar Al-Assad e ao líder da
Hezbollah, Hassan Nasrallah que não tolerará a transferência de armas como mísseis
russos SA-17 terra-ar para o Líbano. Isto é uma linha vermelha. Se não, o norte
de Israel será atacado diariamente como o sul do país o é com foguetes vindos
de Gaza. Isto é uma receita para uma guerra total, que pode ser evitada se
líderes como Ban-Ki-Moon usassem somente de um pouco de integridade em sua
retórica.
Em seu discurso de despedida do cargo nesta semana, a secretária de Estado americana
Hillary Clinton se disse muito preocupada com o nível de envolvimento do Irã na
Síria. Quando começávamos a ter um pouco de esperança que iriamos ver algum endurecimento do
governo Obama, seu vice, John Biden convidou os mullas para negociações
bilaterais! É realmente de enlouquecer.
Isso sem falar nos interrogatórios de confirmação de
Chuck Hagel como Secretário de Defesa esta semana que não teve qualquer
vergonha em responder repetidamente: não sei!
Não podemos saber porque o Irã e a Síria decidiram
transferir este tipo de armas para o Líbano. Talvez por causa da situação
instável na Síria ou aproveitaram o momento de transição do governo de Israel.
Sabiamente Israel se tem mantido neutra em relação à
guerra civil na Síria. O mesmo não se pode dizer de Teherã. Assad é o elo que
liga o Irã e a Hezbollah no Líbano. Ainda, com toda esta guerra interna
derramando nos países vizinhos, a Turquia poderia se aproximar de Israel. Por
este aspecto, se Assad caisse seria uma vantagem para Israel.
Mas as coisas não são racionais no Oriente Médio.
Vimos a retórica vitriólica do presidente turco, enlouquecido por um estado
judeu ter atacado um estado muçulmano mesmo um inimigo seu.
Se estas ações de fato ocorreram, foram sem dúvida o
último recurso de Israel. E o que forçou Israel a ter chegado a isso,
certamente não irá parar por aí. A Síria tem um arsenal enorme de armamento
russo sofisticado, armas químicas e biológicas. Se elas caírem nas mãos dos
rebeldes ou forem transferidas para o Líbano, a supremacia aérea de israel
poderá ficar seriamente comprometida.
O próprio fato do governo sírio ter decidido
transferir seu sistema avançado de armas para a Hezbollah pode forçar o
exército de Israel a intervir e frustrar mais esta tentativa do Irã de minar suas
defesas.
Israel está ansiosa para evitar uma situação em que
ela tenha que invocar repetidamente o “último recurso”. Apesar de não terem
havido condenações em massa, líderes mundo afora expressaram seu
descontentamento com as ações de Israel. Tanto eles como Netanyahu sabem que se
houver outros ataques, o risco da guerra escalar é real.
Mas como no caso do bombardeamento da usina nuclear do
Iraque em 1981, largamente condenado pela comunidade internacional, Israel
precisa às vezes tomar passos que podem resultar num aquecimento das tensões na
região. Para Israel não é meramente um jogo político jogado dentro das regras
internacionais. Quando se trata de sua sobrevivência Israel tem que fazer suas
próprias regras. Ela não tem outra escolha.
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