Na maioria das bandeiras que representam
grupos afiliados com a Al-Qaeda há a seguinte passagem do Al-Corão: Prepare-se
contra eles aonde você tiver o poder e com os cavalos de guerra com os quais
você possa aterrorizar o inimigo de Allah e o seu inimigo e seus companheiros
os quais você não conhece mas Allah conhece”.
Ainda, islamistas sempre citam o Profeta
Maomé que disse: “Se você encontrá-los, lide com eles tão forçosamente como
para aterrorizá-los, para eles o seguirem ou para serem avisados. Faça deles um
exemplo severo aterrorizando os inimigos de Allah”.
E o Ocidente parece não perguntar como
estes grupos pretendem forçar o islamismo no mundo.
A visão destes grupos é clara e direta
mas o Ocidente avalia estas ameaças de modo esquizofrênico. De um lado há uma posição
política que o correto é negar a existência de uma ameaça islâmica global. Que
o islamismo é uma religião de amor e paz. Pelos dois exemplos acima dá para perceber...
Por outro lado, o Ocidente tende a ficar
histérico e corre para se proteger ao mínimo pio como vimos na semana passada
com o fechamento de 22 embaixadas e consulados americanos, franceses e
ingleses, a evacuação estabanada de diplomatas e cidadãos, por causa de uma
conversa telefônica interceptada do chefe da Al-Qaeda indicando que o ataque
ocorreria no Yemen.
A tática dos radicais islâmicos para
dominar o mundo consiste em combinar violência com persuasão e sedução ao mesmo
tempo que aterrorizam e desmoralizam os “infiéis” instilando medo em escala
global.
Os ataques terroristas diários no
Iraque, Afganistão, África, Sinai, Síria e Yemen são usados pela Al-Qaeda como
propaganda. Eles demonstram não só uma forte presença local do grupo mas o
aumento do seu poder. E esta tática está funcionando.
Depois dos ataques de 11 de setembro de
2001 tudo apontava para o fortalecimento do islamismo. Ativistas usaram o
sucesso do ataque para encorajar ondas de conversões na Europa e na América,
enquanto planejavam outros ataques terroristas bem-sucedidos, espalhando o
pânico global. A primavera árabe e a tomada dos governos pró-ocidente pela
Irmandade Muçulmana, precursora da Al-Qaeda, também foi outro sinal do sucesso
dos radicais islâmicos.
Os Estados Unidos, após terem declarado
o fim à guerra contra o terrorismo, foram rudemente acordados com o ataque em
Benghazi e foram à ofensiva. Hoje temos a impressão de que o islamismo radical
está em baixa, pelo menos em seu objetivo de dominação do mundo.
A guerra civil e intra religiosa entre
sunitas e shiitas na Siria, Egito, Iraque e Líbano e as ofensivas americanas
com drones no Afganistão, Paquistão e Yemen parecem ter colocado panos frios
nos planos da Al-Qaeda. Na Síria, a Al-Qaeda, que lidera os rebeldes, esperava ajuda
em armas e treinamento, até o ocidente decidir que seu risco é pior do que
Bashar al-Assad.
Mas nem tudo são rosas. A ameaça vinda do
Yemen na semana passada mostrou outra coisa: o Yemen controla uma das quatro principais
rotas marítimas que ligam o ocidente à Asia. O estreito de Bab el-Mandeb, que é
a entrada sul do Mar Vermelho, é controlado pelo Yemen. Este estreito é o único
caminho para o porto de Aqaba na Jordânia e Eilat em Israel. As outras rotas
são o Canal de Suez, nas mãos do Egito que está em plena guerra com os
islamistas, o estreito da Turquia que já é governada por um islamista e o
último é o estreito de Hormuz, controlado pelo Irã. Estas passagens, se
bloqueadas, poderão causar o caos no transporte do petróleo para as nações do
mundo. E a Al-Qaeda quer ser o primeiro grupo islâmico a dominar pelo menos uma
delas.
O colapso do governo no Yemen e o vácuo
de poder criou uma oportunidade para a Al-Qaeda. Se ela conseguir se tornar uma
autoridade no país, poderá ser uma ameaça real para os Estados Unidos, Europa,
Israel e Jordânia. Ao bloquear o estreito, terá os meios necessários para chantagear
o ocidente.
Além disso, o Yemen fica na fronteira
com a Arábia Saudita. A Al-Qaeda acredita que os monarcas sauditas são hereges,
não seguidores de sua forma de islamismo e usarão a fronteira para lançar
ataques para desestabilizar o governo. Até os campos de petróleo poderão ser
alvos de sabotagem. Isto causará danos à economia saudita e principalmente ao
ocidente.
A Al-Qaeda faz este ano 25 anos de existência
e tem que fazer algum ataque espetacular para manter sua relevância.
O ocidente, por sua vez, está imaginando
qual será o próximo alvo e a melhor maneira de frustar o ataque.
Os Estados Unidos estão numa situação
absurda e não parecem querer sair dela. Por um lado há uma discussão ferrenha
sobre questões morais sobre tortura, espionagem e coleta de informações
domésticas e estrangeiras enquanto falar de terrorismo islâmico virou taboo.
Por outro lado, se você se queimou uma vez, você age com mais cautela. Depois
do assassinato do embaixador americano em Benghazi, nenhum oficial do governo
quer tomar qualquer risco.
Mas a abrupta decisão americana de
fechar suas embaixadas e mandar seus diplomatas para casa talvez tenha tido um
outro efeito que serviu os propósitos dos radicais islâmicos bem mais do que um
ataque terrorista.
A Al-Qaeda no Yemen não precisa do ok do
chefe Ayman Zawahiri para fazer um ataque. E a América perante apenas uma
ameaça de ataque tomou medidas numa escala nunca vista. Os americanos entraram
em pânico e deram a Zawahiri uma vitória desnecessária. Zawahiri, através da
Al-Qaeda no Yemen, conseguiu enganar os americanos e em vez de um ataque com
bombas, conseguiu perpetrar um ataque através da mídia usando uma das táticas
de Maomé: instilando medo.
A
pergunta é qual seria a alternativa? Talvez não houvesse outra coisa a fazer a
não ser evacuar todas estas embaixadas. Mas sabendo disto Zawahiri explorou a imprensa
e a internet, manipulando as informações e causando medo. Sem dar um tiro, e
com a ajuda de seu inimigo, a Al-Qaeda conseguiu atacar os Estados Unidos pela
mídia.
Obama e sua administração precisam parar
e reavaliar sua política. Este padrão duplo de lidar com os terroristas só os
fortalece e tira os meios do ocidente de reconhecer o inimigo e lutar contra
ele. Em seus últimos discursos Obama descreveu Benghazi como um escândalo falso
e continua a apadrinhar radicais islâmicos.
Dezenas de consulados e diplomatas, além
de cidadãos americanos evacuados estão em limbo. E como se nada tivesse acontecido
nesta semana, Obama resolveu tirar férias e partiu neste final de semana. Em
outras palavras, o mundo está sem direção e nós estamos à deriva.
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