Depois de Netanyahu, foi a vez de Mahmoud Abbas se encontrar com o presidente
Obama na Casa Branca. Pela linguagem corporal dos dois, ficou claro que nenhuma
concessão foi alcançada na posição palestina.
Sem surpresas aí. As negociações chegaram a um ponto em que Abbas se
sente acostado de um lado pelo quadro imposto pelos Estados Unidos e por outro
por uma oposição sem precedentes dentro do seu partido, a Fatah, que o deixou
sem qualquer apoio na Judéia, Samária e Gaza.
Desde que se tornou presidente em 2005, para um termo de 4 anos, Abbas
conseguiu se equilibrar na corda bamba da diplomacia internacional sem
comprometer qualquer exigência palestina e até conseguindo vitórias para a
criação de um estado. Mas os esforços recentes da administração americana
apertaram os parafusos palestinos além do nível de tolerância desmascarando os
verdadeiros limites da posição palestina.
Limites estes que tornam qualquer negociação com Israel impossível.
Os palestinos se mostram irredutíveis em três pontos do quadro Americano:
a presença do exército israelense no Vale do Jordão, que é a fronteira com a
Jordânia, manter Jerusalém unida e o reconhecimento pelos palestinos de Israel
como um estado judeu. A ironia da rejeição palestina da proposta Americana é
que o próprio rei da Jordânia, Abdullah insistiu que o exército israelense, e não
as forças de segurança palestina, defenda o Vale do Jordão.
A exigência jordaniana foi um fator crítico para influenciar a posição Americana.
Sobre Jerusalem, a Jordânia não abre mão em se manter como a única
custodiante dos lugares santos muçulmanos como negociado no acordo de paz assinado
em 1994 com Israel, o que mina a exigência de Abbas dos palestinos controlarem
o Monte do Templo e a Cidade Velha de Jerusalem.
E finalmente, Abbas não mostra qualquer flexibilidade sobre o princípio
de reconhecimento mútuo e tem insistido que os palestinos “nunca assinarão um
acordo que reconheça Israel como um estado judeu”. O que Abbas declara sobre o
quadro americano para sua mídia interna, só reforça esta posição.
Seu discurso para a Fatah no último dia 9, mostrou que Abbas não desviou
uma vírgula daos princípios fundamentais da OLP. Fahmi Zaarir, o
vice-presidente do Conselho Revolucionário da Fatah disse que “as fronteiras da
Palestina irão do Rio Jordão até as linhas de armistício de 1949 e não há qualquer
compromisso sobre Jerusalém. Com relação aos refugiados, Zaarir notou que são eles
que têm que concordar para aonde irão”.
Abbas falou sobre o direito de todos os refugiados palestinos se
instalarem dentro do Estado de Israel próprio. Mas apesar de toda esta faixada
de negociações, na 6ª Conferência da Fatah em 2009, Abbas reiterou que a “revolução
popular armada é o único e inevitável caminho para a libertação da Palestina e
adicionou que “a luta não irá terminar até a eliminação da entidade sionista”.
Abbas hoje tem que lidar com uma fantástica oposição pública a qualquer
compromisso baseado no proposto quadro americano. As demonstrações “pró-Abbas”
de membros da Fatah e OLP em Ramallah, Nablus e Jenin desta semana, ocorreram
para opor qualquer concessão.
A recente canção palestina entitulada “A Mensagem do Povo a JohnKerry” ouvida por milhares no Youtube diz que a terra - mostrada como o
mapa de Israel inteira - não é um pedaço de bolo para ser dividida e acusa
Kerry de apresentar um “plano sionista”. A canção também adverte Abbas para “
preservar os direitos palestinos ou o povo irá para a rua e exigirá sua saída”.
A rejeição política e popular de compromisso sobre o quadro americano
nos leva a uma questão maior. Mesmo se amanhã Abbas assinar um acordo de paz
qualquer com Israel, quem irá cumprir este acordo do lado palestino? Abbas tem
79 anos e está no 10º ano de um termo de 4 anos, e portanto, não tem qualquer
legitimidade para assinar o que seja. O parlamento palestino não é efetivo e
não afirmará qualquer referendo sobre um acordo de paz.
O Hamas está reconectando com o regime iraniano e competindo com o Jihad
Islamico que lançou dezenas de mísseis no sul de Israel na semana passada a
pedido dos ayatollahs.
O caos dentro da Fatah e a falta de prestação de contas do dinheiro que
recebem em ajuda externa é muito preocupante. E finalmente, Abbas não tem um claro
sucessor e no meio-tempo fica trocando acusações com seu rival Mohammed Dahlan
sobre quem teria assassinado Yasser Arafat.
Estas negociações, se não levaram à nada até agora além de retornar às
ruas umas centenas de assassinos, conseguiram desmascarar a posição palestina. A
pressão americana expôs as fraturas profundas dentro da Fatah e entre os
palestinos. Neste contexto a estratégia palestina será de adotar o mesmo
unilateralismo usado na ONU em 2011.
Em uma coisa os palestinos estão unidos: nos seus esforços de demonizar,
incitar e deslegitimar Israel nas Nações Unidas, na Corte Internacional de
Justiça e na Corte Penal Internacional.
Mas estes esforços não trouxeram os palestinos mais próximos da criação
de um estado soberano. As implicações são severas. Recentemente os membros
europeus que doam milhões de Euros para a Autoridade Palestina começaram a
mostrar impaciência com a inflexibilidade de Abbas e ameaçaram reduzir o fluxo
de dinheiro aos cofres palestinos.
A boa notícia é que a rejeição palestina do quadro americano pode significar
o fim do projeto do seu estado na Judeia, Samária e Gaza como o conhecemos. E
pode ser que depois de uma derrota substancial, os palestinos se dêem conta que
uma negociação significa toma lá, dá cá e que a inflexibilidade só perpetuará sua
indignidade: de serem os mendigos do mundo em vez de como Israel, uma nação
orgulhosa de suas conquistas.
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