Finalmente
aconteceu. O último prego no caixão do processo
de paz entre Israel e os palestinos foi o anúncio de Mahmoud Abbas de mais um acordo “histórico” com o grupo
terrorista palestino Hamas.
Este acordo
é uma mensagem clara de Abbas para Israel e para os Estados Unidos. A mensagem
que diz: vejam o que eu posso fazer se vocês não se curvarem às minhas
exigências.
O momento não
é fortuito. Estamos a menos de dois dias do prazo final imposto por Obama para
a compleição das negociações e assinatura de um acordo de paz entre Israel e os
palestinos.
Esta
reconciliação com o Hamas depois de 7 anos de conflito armado com a Fatah não
aconteceu de repente. Enquanto Abbas impunha mais e mais condições para se
sentar à mesa com Israel, por trás das costas do mundo, ele teria chegado a um
acordo com o Hamas.
O primeiro
sinal de que as negociações com Israel estariam entrando em colapso foi em 1º de
abril quando Abbas anunciou que havia pedido para que a Autoridade Palestina
fosse aceita como parte em 15 tratados internacionais.
Este tipo
de ação unilateral por parte dos palestinos é exatamente o que Abbas havia prometido
não fazer até o fim das negociações. O irônico aqui é que entre estas
convenções está a de Genebra que exige o respeito aos direitos humanos e a
punição por crimes de guerra.
Como Netanyahu
endureceu, vieram ameaças de resignação de Abbas, de desmantelar a Autoridade
Palestina e “devolver as chaves para Israel”. Junto com as ameaças ele embarcou
numa tática para influenciar a opinião pública israelense encontrando-se com membros
da Knesset e jornalistas em Ramallah.
Como estas
táticas falharam, Abbas decidiu recorrer à reconciliação e unidade com o Hamas.
Depois de anos de hostilidade, prisões, perseguições e assassinatos, Abbas de
repente descobriu que o Hamas e o Jihad Islâmico são “parceiros nacionais” para
a sua Fatah. O que ele ficou de explicar é como ele irá reconciliar um acordo
com dois grupos que pregam o genocídio integral da nação de Israel e seu pedido
para se juntar à Convenção de Genebra contra crimes de guerra.
Quem acredita
que o Hamas esteja “revisando” seus objetivos, tem que olhar de novo. Dois dias
antes da assinatura do acordo de união com a Fatah, um reporter do jornal
Al-Monitor perguntou a Mahmoud Zahar se o Hamas havia abandonado o terrorismo. Zahar
respondeu que “qualquer um que disser isso deve estar bêbado pois o Hamas nunca
abandonará a resistência armada. Como prova, ele disse que o grupo nunca havia impedido
o lançamento de mísseis da Faixa de Gaza em Israel. Nenhuma dúvida aí.
Abbas sabe
que o Hamas não é seu parceiro e nunca o será. Mesmo depois do acordo de união ter
sido anunciado, o Hamas continuou a vociferar contra qualquer negociação com
Israel ou aceitar a solução de dois estados.
Abbas
também sabe que não há nada de “histórico” neste acordo. Esta é a quarta vez
que a Fatah tenta a reconciliação com o Hamas desde 2007. Os outros acordos
também tiveram anuncios bombásticos, apertos de mãos e beijinhos entre líderes
do Hamas e da Fatah mas eles nunca se materializaram.
O Hamas
nunca irá ceder o controle da Faixa de Gaza e Abbas nunca permitirá que o Hamas
estabeleça bases na Judéia e Samária. E então para que tudo isso? A meu ver,
ele tem dois propósitos para Abbas: extrair mais concessões de Israel e dos
Estados Unidos e ganhar pontos com a opinião pública palestina em vista das
próximas eleições palestinas.
Abbas está
corretamente lendo a situação e agindo de acordo. Ele só pode assinar as
Convenções internacionais de um lado e o acordo de união com o Hamas do outro porque
sabe que nem os Estados Unidos, nem a União Européia irão pedir para ele
prestar conta de suas ações. Tanto um como o outro passaram as duas últimas
décadas tecendo desculpas para as ações da OLP e Abbas sabe que isso continuará.
Quando se
trata dos palestinos, as potências ocidentais nunca se opuseram a jogar no lixo
suas leis internas ou a lei internacional para mostrar sua fidelidade à OLP, em
nome de um processo de paz que todos sabem ser pura ficção.
A reação
imediada da administração Obama ao anúncio do acordo com o Hamas na quarta-feira
foi de fingir que não estava entendendo o que havia acontecido. Depois a
porta-voz da Casa Branca só respondeu pateticamente que a bola estava com Abbas
para confirmar se esta união estava de acordo com os princípios americanos,
seja lá o que isso queira dizer.
Do lado
europeu, a coisa é pior. Durante um encontro no último mês de outubro,
Catherine Ashton, a chefe da política exterior européia, exortou Abbas a fazer
a paz com o Hamas. Para ela, uma reconciliação entre os dois grupos “era um
importante elemento para a união de um futuro estado palestino e para chegar à
uma solução de dois estados”.
Assim, a
união entre grupos terroristas é algo que Ashton considera positivo para a paz
enquanto que a simples presença de Judeus em Jerusalém, Judéia e Samária, é
para ela comparável a um crime de guerra.
Os
palestinos expuseram a mentira que é este processo de paz e os israelenses, tanto
da direita como da esquerda, pela primeira vez admitiram que não podem negociar
um acordo com alguém que não reconhece seu direito de existir.
Na quinta-feira,
o gabinete de segurança de Israel decidiu encerrar todas as negociações com a
Autoridade Palestina. Mas ela não pode parar aí. Israel tem que parar com todas
as transferências de dinheiro e serviços e a cooperação com as forças de
segurança da Autoridade Palestina. Israel tem que começar a prender todos
aqueles oficiais que vão para a mídia conclamando os palestinos ao genocídio de
judeus.
Abbas não
está interessado em paz. Ele não está nem mesmo interessado em um estado. Os
palestinos tiveram 20 anos e bilhões de dólares dos Estados Unidos, União
Européia e países árabes para construirem instituições, coletarem impostos,
agirem contra a corrupção, construirem ruas e escolas e lutarem contra o
terrorismo. Os palestinos receberam 25 vezes mais do que a Europa inteira recebeu
em ajuda para sua reconstrução depois da segunda guerra mundial e não construiu
sequer uma companhia elétrica.
20 anos!
Hoje os palestinos devem mais de 500 milhões de dólares para a companhia
elétrica de Israel além de outros tantos milhões para a companhia de água e
telecomunicações. Isso porque o verdadeiro objetivo dos palestinos, tanto do
Hamas como da Fatah não é o de construir a Palestina mas de destruir o estado
judeu.
Mesmo
assim, os Estados Unidos e a União Européia continuarão a defender Abbas pois
não faze-lo, seria contradizer sua ideologia e crença que a paz só depende de
concessões de Israel. E em alguns dias vamos ouvir que é uma boa coisa dar
legitimidade ao Hamas. Depois disso é só esperar a próxima novidade que Abbas
tirará da manga.
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