Numa
entrevista para a Fox News esta semana, o general americano Jack Keane afirmou
que estamos a alguns meses de outro ataque terrorista nos Estados Unidos,
perpetrado desta vez pelo grupo ISIS ou Estado Islamico do Iraque e Síria. Outro
filhote da Al-Qaeda.
Cinco anos
depois de sua aplaudida apresentação no Cairo, a visão do Presidente Obama é
desnudada revelando sua profunda ignorância, arrogância e no mínimo,
ingenuidade. É isso o que acontece quando um amador inexperiente é posto no
leme do país mais poderoso do mundo.
Parece que foi
ontem que o presidente declarava que tinha vindo “procurar um novo começo entre
os muçulmanos e a América”. Foi há apenas 5 anos atrás. Neste pouco tempo Obama
conseguiu destruir as relações dos Estados Unidos com todos os países do
Oriente Médio e arremessar a região no caos. Os que Obama tentou apaziguar
perderam todo o respeito e seus aliados perderam toda a confiança na America. E
de acordo com uma pesquisa de opinião feita por não outro que o New York Times
e a CBS publicada nesta semana, a maioria dos americanos, incluindo democratas
do seu partido, perdeu a fé na capacidade do presidente de liderar o país
especialmente na política exterior. E para isso, ele recebeu o Prêmio Nobel da
Paz!
Seus
discursos vazios em conteúdo mas repletos de frases pretensiosas acenderam a
esperança dos grupos radicais que acolheram com alegria suas declarações que o “islamismo
é parte da América” e que “nenhum país pode impor seu sistema a outro”;
ridicularizando governos que “banem algumas roupas que as muçulmanas devem
vestir”, comparando as reclamações palestinas com a luta dos escravos
americanos e exigindo a suspensão de toda a construção por judeus na Judéia,
Samária e Jerusalem.
Citando o
al-Corão, ele pediu desculpas ao Irã por um golpe de estado em 1953, prometeu
fechar a prisão de Guantanamo e estabeleceu um prazo para retirar as tropas
americanas do Iraque e do Afeganistão sem consultar os governos locais. Na
época, estas declarações causaram trepidação na Arábia Saudita e no resto do
Golfo Árabe, mas o dano parecia restrito à pessoa de Obama, visto desde então
como alguém frívolo e ingênuo. As frases de efeito mas sem qualquer plano de
ação concreto, sem coordenação com líderes locais e sem consultação com peritos
sobre as consequencias de tal retórica, fizeram da política externa dos Estados
Unidos uma zombaria generalizada.
O consenso
agora é que os interesses estratégicos americanos estão seriamente danificados,
e uma reforma geral é imperativa para restaurar alguma forma de intimidação
destes radicais islâmicos e os estados que os patrocinam.
O fracasso da
diplomacia Obama está chegando no seu ápice no Iraque, mas suas perdas
estratégicas começaram já no Egito. A visita de Kerry esta semana ao Cairo foi
uma humiliação. Tendo tomado o lado dos islamistas e suspendida a ajuda ao
Egito durante o governo interino do General Abdel Fattah al-Sisi, Kerry veio
anunciar sem fanfarra, a retomada da ajuda americana.
Ao falar de
suas idéias - da Universidade do Cairo para o mundo, Obama não entendeu que
estava ajudando a derrubar um dos seus maiores aliados e que sua ideologia
estava sendo interpretada como traição. Depois do maltrato sofrido por Obama,
Mubarak se voltou para a Russia que agarrou esta oportunidade estratégica e lhe
forneceu aviões com sistemas avançados e mísseis. A conclusão é que Obama não
trouxe o Egito mais próximo da democracia, perdeu a confiança de seus líderes e
lhe abriu as portas para a influência russa.
A falta de
compreensão das leis do jogo do poder se repetiu na Síria. Desta vez, o que
estava na reta não era influência e lealdade mas o cumprimento do prometido.
Seria uma coisa para a América se declarar neutra na guerra civil da Síria e
ficar quieto enquanto Bashar Assad gaseava seu povo. Mas prometer usar a força
e depois agir como se não fosse com ele, provou que Obama não só não é páreo
para o jogo mas não conhece nem mesmo as suas regras.
Esta conduta fortaleceu
os bandidos do mundo mandando um recado poderoso: que daí para a frente, eles
poderiam fazer o que quisessem. E foi isso exatamente o que aconteceu. O
primeiro teste de Obama foi a Coreia do Norte quando ela fez um teste nuclear,
uma semana antes do discurso no Cairo. A falta de resposta a uma provocação tão
drástica foi registrada por todos através do mundo, do ex-presidente da
Venezuela Hugo Chavez à Vladimir Putin, passando por Hu Jintao e Xi Jinping da
China.
Se a política
de Obama era a de exigir democracia, então porque não fazer a mesma exigência
para a Arábia Saudia, Kuwait e Qatar? E se os manifestantes têm a simpatia do
presidente para derrubar o governo, porque não apoiar a maioria shiita no
Bahrain ou a oposição no Irã e na Siria?
Sim,
presidente Obama, o Oriente Médio é um lugar muito complicado e ninguém lhe
pediu para simplifica-lo ou resolver todos os seus problemas. Mas o Sr. quis
mostrar que sabe melhor o que é bom para os outros. Hoje, o funeral desta sua
política pode ser assistido ao vivo no Iraque.
Durante meses
o exército americano avisou Obama do avanço do ISIS no Iraque recomendando que
o grupo fosse exterminado com drones ainda nas montanhas. Obama se recusou.
Agora que estão nas cidades vence-los será quase impossível.
25 Bilhões de
dólares e quase 4.500 soldados americanos mortos para trazerem a democracia ao
Iraque, tudo em vão. Estamos assistindo a emergência do primeiro estado
al-Qaeda da história. Um estado que controlará uma das maiores fontes de
petróleo do mundo. Obama não entendeu que soldados sunitas, mesmo vestindo
uniformes do Estado do Iraque não iriam lutar contra insurgentes sunitas. Que o
soldado shiita ao seu lado, é ainda seu inimigo. Que o Iraque, assim como a
Síria e o Líbano, foram estados criados artificialmente juntando tribos
inimigas e dividindo tribos aliadas para facilitar o controle das forças
coloniais.
A América tem
um só inimigo e não é um governo qualquer. É o islamismo radical. Governantes
como Putin, Sisi, ou o Rei Abdullah da Arábia Saudita não são santos para com seus
povos mas eles não alvejam a América. O Islamismo sim.
Talvez, ao
aceitar o novo presidente do Egito, Obama tenha começado a entender isso. E
talvez, ao aceitar a resignação de Martin Indik como enviado especial para
negociar a paz entre os palestinos e Israel, ele se tenha dado conta que exigir
de Israel a evacuação de judeus da Judéia, Samária e Jerusalém, iria criar
outro Iraq, ou outra Gaza.
Neste momento
não há solução para o Oriente Médio. Para lidar com o que acontece a curto
prazo já é preciso muita imaginação. Tentar faze-lo a longo prazo como Obama o
quer, mostra que além de ingênuo, ignorante e arrogante, ele não tem qualquer
imaginação.
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