O alarme para acordar tocou para o
mundo. Um jornalista americano decapitado na Síria por um jihadista com sotaque
britânico é algo surreal que não deveria acontecer no século do esclarecimento
e desenvolvimento tecnológico como o nosso. James Foley, de 40 anos, um
jornalista especializado em áreas de conflito, não era um defensor do ocidente.
Ele era pró-palestino, pró-Hamas, mas ao final, nada disso foi relevante para
seus assassinos. Para os radicais islâmicos do ISIS, ele era um americano.
Em seu email final para a família, o
grupo pediu nada menos que 100 milhões de euros, uns 132 milhões de dólares de
resgate e ainda disse que suas espadas estavam desembainhadas contra a América,
Governo e cidadãos e que eles não parariam até que a sede por seu sangue fosse
saciada. ISIS avisou que não pouparia os fracos, os velhos, mulheres ou
crianças.
O Secretário da Defesa americano Chuck
Hagel disse que a ameaça do ISIS é algo nunca visto antes. Um grupo sofisticado
em sua barbárie, com muito dinheiro proveniente da venda do petróleo das
regiões do Iraque dominadas por eles, além de extorsão, sequestros e venda de
escravos.
O avanço do grupo nas áreas curdas do
Iraque, a tomada dos poços de petróleo, do reservatório de água do país, a fuga
dos cristãos, os massacres dos Yazidis não foram suficientes. Foi preciso que o
vídeo sem cortes da decapitação do americano fosse colocado no Youtube para fazer
o governo americano e inglês reconsiderar sua estratégia no Oriente Médio.
A administração Obama insiste que não
quer se envolver em mais guerras na região. De fato, nem mesmo 10 minutos
depois de expressar condolências aos pais de Foley frente à imprensa, Obama prosseguiu
com suas férias e foi jogar golfe com seus amigos.
David Cameron, primeiro ministro da
Inglaterra, por seu lado, voltou das suas férias para liderar os esforços para
identificar o assassino de Foley que falou com sotaque britânico no famigerado
vídeo. A preocupação é real, pois mais de 500 ingleses já se juntaram ao ISIS
na Síria e no Iraque. A qualquer momento eles podem voltar para casa ou viajar livremente
para qualquer outro país europeu e perpetrarem ataques terroristas. Dezenas de
americanos, australianos, franceses, italianos, alemães se juntaram ao ISIS e não
há como impedi-los de voltar para seus países. Vigiar os movimentos de cada um
deles após sua volta seria uma tarefa monumental.
Hoje os serviços de segurança britânicos
MI5 e MI6 identificaram o assassino como Abdel-Majed Abdel Bary, um aspirante a
rapper de 23 anos proveniente da luxuosa região Oeste de Londres, aonde mora numa
casa avaliada em $2 milhões de dólares. Seu pai, um egípcio e tenente de Bin
Ladin, foi extraditado para os Estados Unidos e está esperando julgamento pelos
ataques às embaixadas americanas na África em 1998.
Mesmo depois de 11 de setembro de 2001,
muitos preferiram dizer que os ataques haviam sido uma simples vingança pelo
imperialismo americano, ou por sua política no Oriente Médio, ou pela presença
de suas tropas poluindo o solo sagrado da Arábia Saudita. Mas esta semana o
ISIS trouxe a verdadeira natureza do islamismo radical para dentro de nossas
casas.
E porque agora? A maioria dos
comentaristas estão de acordo que o que deu ímpeto ao ISIS para dominar o
Iraque, a Síria e o resto do Levante foi a inação de Obama face ao uso de armas
químicas por Bashar Al-Assad. Assim que a linha vermelha imposta por Obama foi
cruzada sem qualquer consequência, os islamistas entenderam que tinham carta
branca para agir sem medo de uma punição americana. Os aliados da América, como
a Arábia Saudita e Israel, por outro lado, entenderam que não poderiam mais
confiar em qualquer promessa feita por Obama e deveriam procurar se proteger
sem contar com os Estados Unidos.
De fato, nesta semana, a ficha caiu até
para o rei da Arábia Saudita que disse que o ódio contra Israel tem que
terminar. Ele finalmente deve ter se dado conta que o apoio a radicais se virou
contra ele e só Israel poderá ajuda-lo se houver um avanço do ISIS contra seu
reino. ISIS precisa dominar Mecca e Medina, os dois lugares mais sagrados do Islão
para consolidar seu “Califado”.
E como o ISIS, o mesmo se passa com o
Hamas. Neste final de semana, o Hamas executou 22 indivíduos apenas por suspeitar
que tenham passado informações para Israel. Dois deles eram mulheres. 11 foram
executados sumariamente nas paredes de uma mesquita. Isto além dos 20 que
decidiram protestar contra os ataques do Hamas a Israel e foram imediatamente
executados na rua para todos verem. Nenhum processo, nenhum julgamento. A
diferença é que o Hamas foi suficientemente inteligente para não filmar ou
publicar o vídeo no Youtube. Mas a barbárie e a violência são as mesmas.
Não há qualquer diferença entre o ISIS,
o Hamas, a Irmandade Muçulmana, Boko Haram, ou a Al-Qaeda. A imprensa ainda
está tentando diferenciar entre os “bons” e os “maus” radicais islâmicos. Não
existe isso. É só ler a constituição do Hamas. Todos compartilham da mesma
ideologia que quer impor sua versão extremista da lei islâmica no mundo. Uma versão que trata as mulheres como
propriedade, que condena à morte os homossexuais, ateus e membros de outras
religiões, que oprime judeus e cristãos, e aonde “direitos humanos” são completamente
inexistentes.
Obama, Cameron e outros líderes
ocidentais estão acordando para o fato de que o ISIS não é uma ameaça regional,
mas uma ameaça internacional e já estão expressando a necessidade de erradicá-lo
completamente. É interessante ouvir isso, pois quando Israel fala de modo
similar é severamente castigada.
Mas Netanyahu é responsável por seus
cidadãos. Neste final de semana, e após rejeitar onze cessar-fogos, o Hamas
lançou dezenas de mísseis contra Israel. Algumas comunidades tiveram mais de 40
alertas vermelhos. Estes ataques implacáveis prontificaram o governo de Israel
a declarar que qualquer estrutura usada pelo Hamas para planejar e levar a cabo
ataques contra Israel será destruída independentemente se civis moram lá ou não.
Infelizmente não há outro jeito.
O jornal inglês “Express” disse na quinta-feira
que a “bandeira negra do jihad é a verdadeira ameaça para o mundo”. E este
jihad também é conduzido pelo Hamas, pelos Mártires da Brigada de Al-Aksa, pelo
Jihad Islâmico e todos os outros grupos que atuam na Faixa de Gaza na Judéia e na
Samária.
Há aqueles que ainda acreditam que
Israel é a causa dos problemas do mundo ou que ao se defender de extremistas
islâmicos, Israel de alguma forma, causa o extremismo islâmico. Nada está mais
longe da verdade. A ambição dos jihadistas, da Al-Qaeda ao Hamas, da Hezbollah
ao Boko Haram e outros – é o de subjugar o mundo.
Israel não é a causa dos problemas do
mundo. Israel está simplesmente na linha de frente porque já acordou para o
problema.
Agora só falta o resto do mundo.
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