Sunday, August 24, 2014

A Barbárie do ISIS e do Hamas - 24/08/2014

O alarme para acordar tocou para o mundo. Um jornalista americano decapitado na Síria por um jihadista com sotaque britânico é algo surreal que não deveria acontecer no século do esclarecimento e desenvolvimento tecnológico como o nosso. James Foley, de 40 anos, um jornalista especializado em áreas de conflito, não era um defensor do ocidente. Ele era pró-palestino, pró-Hamas, mas ao final, nada disso foi relevante para seus assassinos. Para os radicais islâmicos do ISIS, ele era um americano.

Em seu email final para a família, o grupo pediu nada menos que 100 milhões de euros, uns 132 milhões de dólares de resgate e ainda disse que suas espadas estavam desembainhadas contra a América, Governo e cidadãos e que eles não parariam até que a sede por seu sangue fosse saciada. ISIS avisou que não pouparia os fracos, os velhos, mulheres ou crianças.

O Secretário da Defesa americano Chuck Hagel disse que a ameaça do ISIS é algo nunca visto antes. Um grupo sofisticado em sua barbárie, com muito dinheiro proveniente da venda do petróleo das regiões do Iraque dominadas por eles, além de extorsão, sequestros e venda de escravos.

O avanço do grupo nas áreas curdas do Iraque, a tomada dos poços de petróleo, do reservatório de água do país, a fuga dos cristãos, os massacres dos Yazidis não foram suficientes. Foi preciso que o vídeo sem cortes da decapitação do americano fosse colocado no Youtube para fazer o governo americano e inglês reconsiderar sua estratégia no Oriente Médio.

A administração Obama insiste que não quer se envolver em mais guerras na região. De fato, nem mesmo 10 minutos depois de expressar condolências aos pais de Foley frente à imprensa, Obama prosseguiu com suas férias e foi jogar golfe com seus amigos.

David Cameron, primeiro ministro da Inglaterra, por seu lado, voltou das suas férias para liderar os esforços para identificar o assassino de Foley que falou com sotaque britânico no famigerado vídeo. A preocupação é real, pois mais de 500 ingleses já se juntaram ao ISIS na Síria e no Iraque. A qualquer momento eles podem voltar para casa ou viajar livremente para qualquer outro país europeu e perpetrarem ataques terroristas. Dezenas de americanos, australianos, franceses, italianos, alemães se juntaram ao ISIS e não há como impedi-los de voltar para seus países. Vigiar os movimentos de cada um deles após sua volta seria uma tarefa monumental.

Hoje os serviços de segurança britânicos MI5 e MI6 identificaram o assassino como Abdel-Majed Abdel Bary, um aspirante a rapper de 23 anos proveniente da luxuosa região Oeste de Londres, aonde mora numa casa avaliada em $2 milhões de dólares. Seu pai, um egípcio e tenente de Bin Ladin, foi extraditado para os Estados Unidos e está esperando julgamento pelos ataques às embaixadas americanas na África em 1998.

Mesmo depois de 11 de setembro de 2001, muitos preferiram dizer que os ataques haviam sido uma simples vingança pelo imperialismo americano, ou por sua política no Oriente Médio, ou pela presença de suas tropas poluindo o solo sagrado da Arábia Saudita. Mas esta semana o ISIS trouxe a verdadeira natureza do islamismo radical para dentro de nossas casas.

E porque agora? A maioria dos comentaristas estão de acordo que o que deu ímpeto ao ISIS para dominar o Iraque, a Síria e o resto do Levante foi a inação de Obama face ao uso de armas químicas por Bashar Al-Assad. Assim que a linha vermelha imposta por Obama foi cruzada sem qualquer consequência, os islamistas entenderam que tinham carta branca para agir sem medo de uma punição americana. Os aliados da América, como a Arábia Saudita e Israel, por outro lado, entenderam que não poderiam mais confiar em qualquer promessa feita por Obama e deveriam procurar se proteger sem contar com os Estados Unidos.

De fato, nesta semana, a ficha caiu até para o rei da Arábia Saudita que disse que o ódio contra Israel tem que terminar. Ele finalmente deve ter se dado conta que o apoio a radicais se virou contra ele e só Israel poderá ajuda-lo se houver um avanço do ISIS contra seu reino. ISIS precisa dominar Mecca e Medina, os dois lugares mais sagrados do Islão para consolidar seu “Califado”.

E como o ISIS, o mesmo se passa com o Hamas. Neste final de semana, o Hamas executou 22 indivíduos apenas por suspeitar que tenham passado informações para Israel. Dois deles eram mulheres. 11 foram executados sumariamente nas paredes de uma mesquita. Isto além dos 20 que decidiram protestar contra os ataques do Hamas a Israel e foram imediatamente executados na rua para todos verem. Nenhum processo, nenhum julgamento. A diferença é que o Hamas foi suficientemente inteligente para não filmar ou publicar o vídeo no Youtube. Mas a barbárie e a violência são as mesmas.

Não há qualquer diferença entre o ISIS, o Hamas, a Irmandade Muçulmana, Boko Haram, ou a Al-Qaeda. A imprensa ainda está tentando diferenciar entre os “bons” e os “maus” radicais islâmicos. Não existe isso. É só ler a constituição do Hamas. Todos compartilham da mesma ideologia que quer impor sua versão extremista da lei islâmica no mundo.  Uma versão que trata as mulheres como propriedade, que condena à morte os homossexuais, ateus e membros de outras religiões, que oprime judeus e cristãos, e aonde “direitos humanos” são completamente inexistentes.

Obama, Cameron e outros líderes ocidentais estão acordando para o fato de que o ISIS não é uma ameaça regional, mas uma ameaça internacional e já estão expressando a necessidade de erradicá-lo completamente. É interessante ouvir isso, pois quando Israel fala de modo similar é severamente castigada.

Mas Netanyahu é responsável por seus cidadãos. Neste final de semana, e após rejeitar onze cessar-fogos, o Hamas lançou dezenas de mísseis contra Israel. Algumas comunidades tiveram mais de 40 alertas vermelhos. Estes ataques implacáveis prontificaram o governo de Israel a declarar que qualquer estrutura usada pelo Hamas para planejar e levar a cabo ataques contra Israel será destruída independentemente se civis moram lá ou não. Infelizmente não há outro jeito.

O jornal inglês “Express” disse na quinta-feira que a “bandeira negra do jihad é a verdadeira ameaça para o mundo”. E este jihad também é conduzido pelo Hamas, pelos Mártires da Brigada de Al-Aksa, pelo Jihad Islâmico e todos os outros grupos que atuam na Faixa de Gaza na Judéia e na Samária.

Há aqueles que ainda acreditam que Israel é a causa dos problemas do mundo ou que ao se defender de extremistas islâmicos, Israel de alguma forma, causa o extremismo islâmico. Nada está mais longe da verdade. A ambição dos jihadistas, da Al-Qaeda ao Hamas, da Hezbollah ao Boko Haram e outros – é o de subjugar o mundo.

Israel não é a causa dos problemas do mundo. Israel está simplesmente na linha de frente porque já acordou para o problema.


Agora só falta o resto do mundo.


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