O Departamento de Estado Americano anunciou esta
semana que dezenas, senão centenas de americanos estão entre os 12 mil
jihadistas estrangeiros de 50 países lutando ao lado do Estado Islâmico. Três
morreram esta semana na Síria. São americanos, franceses, ingleses, alemães,
italianos e australianos que poderão trazer o jihad para suas casas
proximamente.
O Estado Islâmico continua na ofensiva após ter tomado
uma grande parte do Iraque e da Síria, dois países que já se encontram
severamente fragmentados pela luta interna. E
seu objetivo também é chegar à Israel.
Neste final de semana vimos o al-Nusra ligado à
Al-Qaeda, atacar a força filipina de paz da ONU e tomar mais de 40 soldados
reféns nos Altos do Golan, prontificando uma mobilização de Israel.
A situação regional se complicou bastante com a
ofensiva do ISIS. Israel tem agora como vizinhos o Hamas ao sul, e a Al-Qaeda e
o Estado Islâmico ao norte. Mas
a complicação também afeta os outros países da região e curiosamente está
unindo velhos inimigos, pelo menos momentaneamente. No Oriente Médio o velho
provérbio que diz que “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” não se aplica.
Hoje a Arábia Saudita e o Irã, apesar de serem
inimigos mortais, estão em consultas pois os dois veem o Estado Islâmico como
uma ameaça existencial para seus governos. Israel e o Egito nunca estiveram tão
próximos.
A Autoridade Palestina chegou a criticar o Hamas severamente
esta semana pelas execuções sumárias de supostos “colaboradores” e “críticos”
de seu governo. Como já disse no passado, o Hamas, o Al-Nusra e o Estado
Islâmico usam da mesma selvageria, baseada numa interpretação bárbara e
medieval da lei islâmica para consolidarem seu poder.
O Hamas no passado recebia o suporte financeiro da
Arábia Saudita e o Egito possibilitava seu armamento. Depois da tomada do governo
egípcio pela Irmandade Muçulmana, o Qatar e a Turquia se tornaram seus
principais patrocinadores. E se não fossem eles, o Hamas teria implodido junto
com a deposição de Morsi no Egito.
A guerra do Hamas contra Israel foi uma tentativa de
Qatar e da Turquia de fortalecerem a Irmandade Muçulmana na região, e quem
sabe, faze-la voltar ao poder no Egito.
Mas se o Hamas foi efetivamente derrotado, sofrendo 50
dias de bombardeamento, e não conseguindo que Israel se curvasse a qualquer de
suas exigências apesar de suas “paradas da vitória”, hoje o Qatar e a Turquia
estão trabalhando vigorosamente para reabilitar o grupo.
E a única forma de fazê-lo é pressionar o ocidente
contra Israel. Com seus contratos bilionários de compra de armas e articulações
por trás dos bastidores, o Qatar e a Turquia querem que os Estados Unidos e a
União Europeia forcem Israel e o Egito a abrirem as fronteiras de Gaza. Isto
dará à Irmandade Muçulmana uma vitória estratégica importantíssima.
Se o Hamas puder importar mais mísseis, armas,
munições e cimento para seus túneis, todo o sudoeste de Israel se tornará
inabitável incluindo as maiores cidades de Ashkelon, o porto de Ashdod e até
mesmo Beer Sheva. O Egito estará ameaçado pelo apoio do Hamas aos radicais
islâmicos do Sinai. A Jordânia adicionará ainda mais esta ameaça pois o Estado
Islâmico já está nas suas fronteiras.
Enquanto tudo isso acontece, a maior potência do mundo
liderada por Barack Obama admite publicamente que não tem uma “estratégia para
lidar com o Estado Islâmico” na Síria. Para Obama, a dois anos do final de seu
mandato, o mais importante é não ser visto como parceiro de Bashar al-Assad.
Repetindo o mantra dos pacifistas, Obama disse que não
há solução militar americana para o problema do Estado Islâmico que hoje domina
um território quatro vezes o de Israel. Não, também não há uma solução
diplomática a ser negociada com um grupo bárbaro que acredita que ganhará o céu
massacrando inocentes. O que sobra é uma solução militar local, com o apoio dos
Estados Unidos. E esta estratégia já funcionou no Iraque na retomada do
reservatório de água e no resgate dos Yazidis.
A aversão de Obama à guerra foi resolvida neste
contexto pela necessidade de proteger diplomatas americanos no Iraque e evitar
um genocídio. E o envolvimento americano precisa continuar. Este Estado
Islâmico conseguiu se expandir por causa da pura violência e atrocidades
cometidas por eles causando soldados iraquianos e sírios de simplesmente
fugirem. Foi assim que conseguiram capturar Mosul, Tikrit, poços de petróleo, o
reservatório de água do Iraque e o norte da Síria.
Mas o grupo é ainda limitado em número de pessoas, e
precisa ser erradicado agora. Os Estados Unidos precisam autorizar uma campanha
aérea para destruir completamente o Estado Islâmico.
Estas são as piores pessoas do mundo. Eles decapitam
crianças e mulheres, vendem prisioneiros como escravos, especialmente meninas e
mulheres para serem estupradas, crucificam membros de outras religiões e
colocam as imagens orgulhosamente no YouTube. Eles não são o inimigo regular
que está atrás de terra e poder. São loucos fanáticos, que comemoram o
derramamento de sangue e glorificam o corte da garganta de inocentes como um
sacramento.
Obama precisa entender que sua reação passiva à
decapitação do jornalista e ativista James Foley seguida de um jogo de golfe só
encorajou estes fanáticos. Ele perdeu uma grande oportunidade de recuperar o
poder de dissuasão e agir decisivamente contra este grupo.
Israel sabe o que isto quer dizer. Israel não deu uma
só vitória ao Hamas durante os 50 dias, bombardeando e indo atrás de seus
líderes de forma incessante. Peritos dizem que levará 20 anos para reconstruir
Gaza. Mas Israel recuperou o poder de dissuasão e o Hamas pensará duas vezes
antes de atacar de novo, se conseguir manter o poder.
Israel é a primeira linha de defesa do mundo e a ONU,
os Estados Unidos e a União Europeia deveriam lhe dar apoio e suporte em vez de
condena-la a cada oportunidade. É a própria sobrevivência do mundo livre que
depende disto.
Obama disse que gente como os membros do Estado
Islâmico “ao final são derrotadas”. Mas o “final” pode estar ainda muito longe
e pode vir somente depois de milhões de mortos, como aconteceu na Segunda
Guerra Mundial. O papel
daqueles que amam a liberdade e não querem ver o mundo subjugado por esta força
do mal é de lutar para trazer este “final” o quanto antes.
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