O tão esperado
discurso de Obama nas Nações Unidas veio e passou. O presidente americano
resolveu se concentrar na situação da Ucrânia e mais uma vez exaltar o que ele
chama de verdadeiro islamismo. O Islão que ele conhece é “uma religião de paz”.
Em relação ao Estado Islâmico ele disse que “nenhum deus permite este tipo de
terror”, de estuprar meninas, crucificar crianças cristãs, matar minorias de
fome ou enterradas vivas, assassinar em massa os capturados, decapitar
inocentes e distribuir os vídeos para chocar o mundo.
Se o
presidente fosse muçulmano ou um estudioso das religiões, ele poderia até ter
as credenciais para fazer tais afirmações. De fato, quem tem as credenciais para decidir
o que é ou não islâmico, tristemente é o autoproclamado califa do E.I., Abu
Bakr al-Baghdadi que tem mestrado e doutorado em estudos islâmicos.
Para provar
que a América não está em guerra contra o Islão, Obama decidiu honrar o Sheik
Abdallah Bin Bayyah que disse que era preciso “declarar a guerra à guerra para
que o resultado fosse a paz sobre a paz”. Ele parece ter esquecido que este Sheik
em 2004 era vice-presidente de um grupo radical que emitiu uma fatwah contra os
soldados americanos conclamando os muçulmanos a mata-los no Iraque. Esta é a
segunda vez que Obama cita este Sheik sendo que na primeira vez em março, o
Departamento de Estado emitiu desculpas pelos elogios feitos à ele.
Obama não mede
esforços para minimizar as críticas ao islão. Ele sequer ouve o que dizem seus
próprios conselheiros. Um deles, o diretor executivo do Conselho das Relações
Americanas-Islâmicas, Nihad Awad, afirmou
esta semana na Fox News que é errado falar em islamismo radical ou
moderado. Tudo é o mesmo islamismo!
E acreditamos
que ele esteja certo. Por isso é tão chocante ver a foto do Secretário de
Estado Americano John Kerry todo
sorridente ao lado dos líderes árabes da Arábia Saudita, Kuwait, Omã e Bahrain
estampada nos jornais americanos. Cinco anos depois do discurso no Cairo, Obama
quer formar uma aliança contra o Estado Islâmico com os regimes mais despóticos,
atrasados e chauvinistas da face da terra. Os valores democráticos Americanos
foram devidamente enviados ao espaço a título de conveniência.
Estes sheiks que têm dúzias de esposas e centenas de
filhos, vivendo em total reclusão passam suas sextas-feiras assistindo
amputações e decapitações de supostos criminosos por crimes como “bruxaria”. Em
alguns destes países mulheres não podem dirigir um carro e nem mesmo sair de
casa sem estarem acompanhadas e supervisionadas por um homem de sua família.
E Obama os exalta como o “futuro do Oriente Médio”.
Mas não é só a América. Fotos da ex-representante da União Europeia em assuntos
estrangeiros, Catherine Ashton, sorrindo, brincando e se aconchegando ao
ministro do exterior do Irã Mohammad Javad Zarif abundam na internet. O mesmo
Irã que enforca gays em guindastes, que condena a morte qualquer um que se
converta ao cristianismo e que recentemente condenou seis jovens que colocaram
sua versão da canção Happy do Pharell Williams a seis meses de prisão e 91
chibatadas cada um - por ser anti-islâmico.
Como é que isso acontece? Como é que líderes do
ocidente não só toleram estes regimes terríveis, mas apreciam a companhia destes
tiranos com as mãos cheias de sangue? Como é possível que os bastiões da
democracia, aqueles que defendem a igualdade para as mulheres, que se orgulham
de participar de paradas gays, que aboliram a escravidão há mais de 200 anos e
dizem lutar pela justiça social são os mesmos que sorriem ao lado dos que
apedrejam mulheres suspeitas de adultério, continuam a praticar a escravidão e
confiscam o passaporte de estrangeiros forçando-os a condições sub-humanas de
trabalho?
No passado, líderes iam ao rádio ou à televisão e
explicava ao povo, que a situação exigia dar a mão ao diabo para derrotar um
mal maior. Foi assim com a aliança entre a América e a União Soviética para
derrotar a Alemanha nazista. Mas hoje, vemos reverência, adoração, tolerância e
até amor para com estes tiranos. Alguém esqueceu como Obama se curvou ao
príncipe saudita em sua primeira visita ao reino?
Obama colocou ênfase no fato de que o ocidente hoje
precisa dos sauditas e outros países do golfo pérsico, inclusive Qatar, o maior
patrocinador destes grupos radicais, para derrotar o Estado Islâmico. A verdade
é que estes países precisam mais do ocidente do que o inverso.
É o Ocidente que consome seu petróleo que mantêm seu
luxuoso estilo de vida. Estes líderes sabem que não têm como se defender se
atacados pelo Estado Islâmico e contam com o Ocidente também para isso. O mínimo que podem fazer é pagarem por uma ou
outra base de treinamento e autorizarem aviões de combate a aterrissarem em seu
território.
O Irã por seu lado é suspeito de ter criado o Estado
Islâmico pois até agora foi o único país que se beneficiou de seu avanço. Em
troca de seu apoio, os Ayatollahs querem menos restrições ao seu programa
nuclear. Mas hoje pode ser que o criador se torne vítima de sua criação. O
Estado Islâmico efetivamente cortou a hegemonia Shiita que ia do Irã até a Síria
e está sistematicamente destruindo todos os lugares santos da seita.
Será que seria muito pedir que em troca da ajuda militar
do ocidente estes países introduzissem reformas e direitos civis?
No ocidente aprendemos os valores da democracia e de
levantarmos a voz contra a tirania, mas falar qualquer coisa contra as práticas
medievais destes Sheiks é ser islamofobico. Isso pode ofendê-los.
E daí? E se eles ficarem ofendidos?
Temos que amordaçar a livre expressão com medo de manifestações violentas como
as dos cartoons de Maomé?
Temos que parar de sermos hipócritas. De dizermos que somos pela democracia
quando abraçamos líderes antidemocráticos. Temos que continuar a denunciar
estas práticas medievais que hoje não mais estão longe de nós. Judeus são perseguidos
na Europa e dois dias atrás uma americana em solo americano foi decapitada por
um muçulmano. O mundo está cada vez mais selvagem e cheio de abusos e crimes
contra a humanidade, mas alguns entre nós têm que preservar a memória do que
poderia ser e esperar que tanto o Estado Islâmico quanto estes tiranos
encontrem o destino que merecem.
Ótimo texto.
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