Thursday, October 16, 2014

O Novo Round Entre Obama e Netanyahu - 12/10/14

O mundo está degringolando para uma catástrofe.

Os bilhões de dólares jogados na ONU nos últimos 69 anos, para assegurar o “nunca mais” foram em vão. Os genocídios continuam. E não só há 20 anos em Ruanda ou na Bósnia. Estou falando de hoje. O silêncio do mundo para o massacre que irá ocorrer a qualquer momento em Kobani na Síria é ensurdecedor. E não há um líder do mundo disposto a salvá-los.

A Turquia está ajudando os terroristas do Estado Islâmico a chacinar os curdos na Síria, porque os curdos querem a independência. Os soldados turcos não só ficam olhando para o avanço destes bárbaros a meio quilómetro de distância, mas impedem outros curdos de atravessarem a fronteira para lutarem ao lado de seus conterrâneos e salvarem os civis da cidade. Na semana passada vimos mais decapitações inclusive imagens horrendas de crianças de 2 anos decapitadas por estes energúmenos.

O pedido de ajuda dos Estados Unidos à Turquia contra o Estado Islâmico foi respondido com evasivas e exigências. Como membro da OTAN a Turquia tem a obrigação de contribuir com tropas e equipamento. O renomado professor de direito de Harvard, Alan Dershowitz defendeu neste final de semana a expulsão da Turquia da OTAN.

A Turquia não é estranha à limpeza étnica. Os turcos massacraram os Armênios em 1915, invadiram e expulsaram os gregos do norte de Chipre em 1974, e têm o costume de reprimir violentamente qualquer manifestação de nacionalismo dos curdos. Apesar deste currículo a Turquia tem o descaramento de condenar Israel pelo tratamento dos palestinos e exigir desculpas do Estado Judeu por suas ações contra o navio Mavi Marmara que levava ativistas e terroristas turcos dispostos a furar o bloqueio naval imposto por Israel a Gaza, de acordo com a lei internacional.

Por outro lado, temos uma crise com a Ebola e um segundo caso já foi confirmado nos Estados Unidos. Mesmo sem ter a preparação e medicação suficientes para combater uma epidemia, Obama decidiu que não irá suspender os voos vindos dos países afligidos pela doença. Lembram quando Obama mandou suspender todos os voos americanos para Israel porque um morteiro palestino aterrissou a uma milha do aeroporto Ben Gurion durante a guerra em julho?

Mas todas estas crises realmente não são importantes para o presidente americano. Ele está feliz participando “por trás” como ele mesmo diz. O que mais uma vez o fez agir foi a chance de condenar Israel. O fato de judeus terem comprado algumas propriedades de árabes no bairro de Silwan em Jerusalém e um projeto de expansão de um bairro do sul de Jerusalém com moradias para judeus e árabes ter passado um dos requisitos burocráticos. Esta foi a grande crise que ocupou a administração Obama na última semana.

Não é a primeira vez que esta administração critica Israel por planos de construção. Isto aconteceu quando Israel anunciou planos para construir na área E-1 de Maale Adumim em 2012, e quando deu permissão para construção um lote de terra dentro da municipalidade de Gush Etzion no mês passado. Nos dois casos, Israel engoliu as críticas.

Mas não desta vez.

Minutos depois de Netanyahu ter deixado a Casa Branca, o porta-voz de Obama Josh Earnest disse que “os Estados Unidos estão profundamente preocupados com reportagens de que Israel teria progredido com o processo de planejamento numa área sensível de Jerusalém do Leste.” Ele continuou dizendo que este passo é contrário ao objetivo de negociar um acordo permanente com os palestinos e manda uma mensagem inquietante se o projeto de construção for à frente”. O porta-voz avisou que este projeto de moradias “só trará condenações da comunidade internacional e distanciará Israel de seus aliados mais próximos, irá envenenar a atmosfera, não só com os palestinos mas com os governos árabes com os quais Netanyahu diz querer estabelecer relações e colocará em questão o comprometimento de Israel com a negociação pacífica de um acordo com os palestinos”. Sobre Silwan, o porta-voz condenou a “ocupação de moradias residenciais no bairro palestino em Jerusalém do Leste – perto da cidade velha – por indivíduos associados a uma organização que tem como objetivo aumentar as tensões entre Israelenses e palestinos”.

Wow! Tudo isto!! Não falaram tanto sobre o Estado Islâmico ou a Ebola!

A resposta de Netanyahu foi rápida e mordente. Em entrevistas a jornalistas israelenses e aos maiores canais de televisão americanos, o próprio primeiro-ministro e não alguém de sua administração, respondeu com um tom inequívoco e pouco diplomático que a administração americana deveria se informar melhor antes de criticar Israel. Sobre o projeto, ele esclareceu que uma grande porção dele era moradia para árabes e sobre Silwan ele rejeitou de modo categórico a premissa de que árabes têm o direito de comprar qualquer propriedade na Capital mas os judeus não.

Para Andrea Mitchell do MSNBC Netanyahu disse estar “chocado com a condenação americana e para a CBS ele disse que a crítica não refletia os ‘valores americanos’”. Ele disse que árabes do leste de Jerusalém, palestinos, compram milhares de apartamentos em bairros judeus no lado oeste da cidade. Ninguém diz para eles que eles não podem. Seria um escândalo nos Estados Unidos se em algum lugar houvesse uma lei proibindo judeus de comprar apartamentos.

Netanyahu continuou dizendo que “a ideia de impor uma limpeza étnica como condição para a paz, é um princípio que não pode ser tolerado. Deve ser condenado”.

Netanyahu é conhecido por sua ponderação e compostura. Ele sempre escolhe suas palavras com cuidado e nunca se altera em público.

Então por que esta resposta repentina e abrupta do Primeiro-Ministro que só fez irritar a Casa Branca? Por que ele decidiu comprar esta briga?

Porque a questão central aqui é Jerusalém. E Jerusalém é diferente. A sua mensagem não foi somente para Obama, mas para o povo americano e para os Europeus. Jerusalém é única porque é o coração e alma do povo judeu.

Esta foi a linha vermelha que Netanyahu traçou deixando claro que no seu comando, a cidade se manterá a capital indivisível do povo judeu e ele não irá se desculpar por, como acusam os árabes, de “judaizar” Jerusalém.

Netanyahu explicou que Silwan foi de fato, um bairro criado por judeus iemenitas, que tiveram que fugir dos massacres dos árabes. As casas destes iemenitas ainda existem e são hoje habitadas por árabes.

Netanyahu sabe que a maioria dos israelenses o apoia neste ponto. Mesmo os partidos de esquerda. Ele ganhou as eleições em 1996 contra Shimon Perez com o slogan que Perez dividiria a cidade.

Alguns perguntaram como pode Netanyahu desafiar de modo tão público os Estados Unidos, especialmente agora que Israel precisa do veto americano contra as tentativas de declaração do Estado Palestino na ONU. A resposta é simples.

Netanyahu realmente acredita o que diz sobre Jerusalém. Como um verdadeiro, ele colocou seus princípios acima da política, da diplomacia e da conveniência. Obama deveria aprender com ele e criar uma espinha dorsal para variar.

Mas Obama não se cansa de bater na mesma tecla e insanamente espera um resultado diferente. John Kerry está novamente na região tentando reiniciar as negociações entre Israel e os palestinos.

Em março Obama deu uma entrevista citando o sábio Hillel como para provar que Israel estava sem tempo para chegar a um acordo com os palestinos. Ele disse: “se não agora, quando? E se não você, Senhor Primeiro Ministro, então quem?”. Só que Obama deveria ter lido toda a citação. Hillel começa dizendo “Se eu não sou por mim, quem será por mim?” A inação de Obama nas crises do mundo está causando e causarão ainda muitas mortes e muitas mortes de americanos.


Obama deveria pensar nisto antes de criticar o primeiro ministro de Israel que só está fazendo o seu trabalho de defender os direitos de seus cidadãos de viver em sua eterna Capital, Jerusalém.

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