O mundo está degringolando para uma
catástrofe.
Os bilhões de dólares jogados na ONU nos
últimos 69 anos, para assegurar o “nunca mais” foram em vão. Os genocídios
continuam. E não só há 20 anos em Ruanda ou na Bósnia. Estou falando de hoje. O
silêncio do mundo para o massacre que irá ocorrer a qualquer momento em Kobani
na Síria é ensurdecedor. E não há um líder do mundo disposto a salvá-los.
A Turquia está ajudando os terroristas do Estado
Islâmico a chacinar os curdos na Síria, porque os curdos querem a independência.
Os soldados turcos não só ficam olhando para o avanço destes bárbaros a meio
quilómetro de distância, mas impedem outros curdos de atravessarem a fronteira
para lutarem ao lado de seus conterrâneos e salvarem os civis da cidade. Na
semana passada vimos mais decapitações inclusive imagens horrendas de crianças
de 2 anos decapitadas por estes energúmenos.
O pedido de ajuda dos Estados Unidos à Turquia
contra o Estado Islâmico foi respondido com evasivas e exigências. Como membro
da OTAN a Turquia tem a obrigação de contribuir com tropas e equipamento. O
renomado professor de direito de Harvard, Alan Dershowitz defendeu neste final
de semana a expulsão da Turquia da OTAN.
A Turquia não é estranha à limpeza étnica. Os
turcos massacraram os Armênios em 1915, invadiram e expulsaram os gregos do
norte de Chipre em 1974, e têm o costume de reprimir violentamente qualquer manifestação
de nacionalismo dos curdos. Apesar deste currículo a Turquia tem o descaramento
de condenar Israel pelo tratamento dos palestinos e exigir desculpas do Estado
Judeu por suas ações contra o navio Mavi Marmara que levava ativistas e
terroristas turcos dispostos a furar o bloqueio naval imposto por Israel a Gaza,
de acordo com a lei internacional.
Por outro lado, temos uma crise com a Ebola
e um segundo caso já foi confirmado nos Estados Unidos. Mesmo sem ter a
preparação e medicação suficientes para combater uma epidemia, Obama decidiu
que não irá suspender os voos vindos dos países afligidos pela doença. Lembram
quando Obama mandou suspender todos os voos americanos para Israel porque um
morteiro palestino aterrissou a uma milha do aeroporto Ben Gurion durante a
guerra em julho?
Mas todas estas crises realmente não são
importantes para o presidente americano. Ele está feliz participando “por trás”
como ele mesmo diz. O que mais uma vez o fez agir foi a chance de condenar
Israel. O fato de judeus terem comprado algumas propriedades de árabes no
bairro de Silwan em Jerusalém e um projeto de expansão de um bairro do sul de
Jerusalém com moradias para judeus e árabes ter passado um dos requisitos
burocráticos. Esta foi a grande crise que ocupou a administração Obama na
última semana.
Não é a primeira vez que esta administração
critica Israel por planos de construção. Isto aconteceu quando Israel anunciou
planos para construir na área E-1 de Maale Adumim em 2012, e quando deu
permissão para construção um lote de terra dentro da municipalidade de Gush
Etzion no mês passado. Nos dois casos, Israel engoliu as críticas.
Mas não desta vez.
Minutos depois de Netanyahu ter deixado a
Casa Branca, o porta-voz de Obama Josh Earnest disse que “os Estados Unidos
estão profundamente preocupados com reportagens de que Israel teria progredido
com o processo de planejamento numa área sensível de Jerusalém do Leste.” Ele
continuou dizendo que este passo é contrário ao objetivo de negociar um acordo
permanente com os palestinos e manda uma mensagem inquietante se o projeto de
construção for à frente”. O porta-voz avisou que este projeto de moradias “só
trará condenações da comunidade internacional e distanciará Israel de seus
aliados mais próximos, irá envenenar a atmosfera, não só com os palestinos mas
com os governos árabes com os quais Netanyahu diz querer estabelecer relações e
colocará em questão o comprometimento de Israel com a negociação pacífica de um
acordo com os palestinos”. Sobre Silwan, o porta-voz condenou a “ocupação de
moradias residenciais no bairro palestino em Jerusalém do Leste – perto da
cidade velha – por indivíduos associados a uma organização que tem como
objetivo aumentar as tensões entre Israelenses e palestinos”.
Wow! Tudo isto!! Não falaram tanto sobre o
Estado Islâmico ou a Ebola!
A resposta de Netanyahu foi rápida e
mordente. Em entrevistas a jornalistas israelenses e aos maiores canais de
televisão americanos, o próprio primeiro-ministro e não alguém de sua
administração, respondeu com um tom inequívoco e pouco diplomático que a
administração americana deveria se informar melhor antes de criticar Israel. Sobre
o projeto, ele esclareceu que uma grande porção dele era moradia para árabes e
sobre Silwan ele rejeitou de modo categórico a premissa de que árabes têm o
direito de comprar qualquer propriedade na Capital mas os judeus não.
Para Andrea Mitchell do MSNBC Netanyahu
disse estar “chocado com a condenação americana e para a CBS ele disse que a
crítica não refletia os ‘valores americanos’”. Ele disse que árabes do leste de
Jerusalém, palestinos, compram milhares de apartamentos em bairros judeus no
lado oeste da cidade. Ninguém diz para eles que eles não podem. Seria um
escândalo nos Estados Unidos se em algum lugar houvesse uma lei proibindo
judeus de comprar apartamentos.
Netanyahu continuou dizendo que “a ideia de
impor uma limpeza étnica como condição para a paz, é um princípio que não pode
ser tolerado. Deve ser condenado”.
Netanyahu é conhecido por sua ponderação e
compostura. Ele sempre escolhe suas palavras com cuidado e nunca se altera em
público.
Então por que esta resposta repentina e
abrupta do Primeiro-Ministro que só fez irritar a Casa Branca? Por que ele
decidiu comprar esta briga?
Porque a questão central aqui é Jerusalém. E
Jerusalém é diferente. A sua mensagem não foi somente para Obama, mas para o
povo americano e para os Europeus. Jerusalém é única porque é o coração e alma
do povo judeu.
Esta foi a linha vermelha que Netanyahu
traçou deixando claro que no seu comando, a cidade se manterá a capital indivisível
do povo judeu e ele não irá se desculpar por, como acusam os árabes, de “judaizar”
Jerusalém.
Netanyahu explicou que Silwan foi de fato,
um bairro criado por judeus iemenitas, que tiveram que fugir dos massacres dos
árabes. As casas destes iemenitas ainda existem e são hoje habitadas por árabes.
Netanyahu sabe que a maioria dos
israelenses o apoia neste ponto. Mesmo os partidos de esquerda. Ele ganhou as
eleições em 1996 contra Shimon Perez com o slogan que Perez dividiria a cidade.
Alguns perguntaram como pode Netanyahu
desafiar de modo tão público os Estados Unidos, especialmente agora que Israel
precisa do veto americano contra as tentativas de declaração do Estado
Palestino na ONU. A resposta é simples.
Netanyahu realmente acredita o que diz
sobre Jerusalém. Como um verdadeiro, ele colocou seus princípios acima da
política, da diplomacia e da conveniência. Obama deveria aprender com ele e
criar uma espinha dorsal para variar.
Mas Obama não se cansa de bater na mesma
tecla e insanamente espera um resultado diferente. John Kerry está novamente na
região tentando reiniciar as negociações entre Israel e os palestinos.
Em março Obama deu uma entrevista citando o
sábio Hillel como para provar que Israel estava sem tempo para chegar a um
acordo com os palestinos. Ele disse: “se não agora, quando? E se não
você, Senhor Primeiro Ministro, então quem?”. Só que Obama deveria ter lido
toda a citação. Hillel começa dizendo “Se eu não sou por mim, quem será por
mim?” A inação de Obama nas crises do mundo está causando e causarão ainda
muitas mortes e muitas mortes de americanos.
Obama deveria pensar nisto antes de
criticar o primeiro ministro de Israel que só está fazendo o seu trabalho de
defender os direitos de seus cidadãos de viver em sua eterna Capital, Jerusalém.
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