Em maio de 2010, o secretário
geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, disse na Conferência de Revisão das
Partes do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que “temos que lembrar que
estamos aqui não simplesmente para evitar um pesadelo nuclear, mas para
construir um mundo mais seguro para todos.”
Cinco anos mais tarde, o mundo
não está mais seguro. Isto é devido em grande parte à politica americana de
Obama de estender a mão a tiranos mas também porque na ONU a voz de ditadores e
corruptos do terceiro mundo hoje têm o mesmo peso que as nações desenvolvidas.
Assim, na Conferência deste
ano, o Irã, representando todos os 120 países do Movimento Não-Alinhado, do
qual o Brasil é observador, exigiu que os países que tenham armas nucleares
desistam de modernizar ou estender a validade de seus arsenais nucleares. Seu
ministro do exterior Mohamed Javad Zarif, especialmente designou Israel como a
maior ameaça para a região devido ao seu suposto arsenal nuclear.
A cara-de-pau de Zarif e dos
mulás que ele representa é inacreditável. Além de usar seu discurso para chamar
Israel de pária do mundo e o maior obstáculo para a paz do planeta, Zarif
também exigiu que a tecnologia nuclear seja trocada entre os signatários deste
tratado. Assim, Zarif está pedindo para os Estados Unidos e outras potências
nucleares para dividirem com o Irã sua tecnologia nuclear. Para quem reivindica
ter um programa nuclear pacífico, porque não?
O fato do Irã não permitir
inspeções e ter mentido recentemente sobre suas centrífugas e usinas nucleares,
parece passar despercebido para o resto da humanidade. O fato de o Irã promover
e financiar atos terroristas nos cinco continentes - inclusive na América do
Sul - parece não preocupar nossos líderes. O fato de o Irã ser o pivô
patrocinador dos maiores conflitos no Oriente Médio, não é o suficiente para impedi-lo
de representar os 120 países não alinhados.
Não importa que a Inglaterra diga
ter evidências de uma sofisticada rede de fornecedores de partes e tecnologia
nuclear para o Irã que aponta para um programa nuclear armamentista. Quando se
trata do Irã e outras tiranias, os ouvidos dos membros da ONU estão selados.
E os mulás sabem disso. Por
isso vemos o Irã habilmente se posicionar em todos os campos para abocanhar o
Oriente Médio e de lá, o mundo.
O Irã está usando sua
liderança nesta conferência para fazer a ONU pressionar Israel a revelar se tem
ou não um arsenal nuclear e se tiver, desarmá-la. Ao fazê-lo, o Irã poderá
então cumprir sua velha promessa de apagar o Estado judeu do mapa sem temer uma
retaliação nuclear.
Por outro lado, o Irã continua
a financiar o Hamas no sul, a Hezbollah no norte, além de ter enviado generais
de seu exército para a fronteira síria com Israel para continuar a guerra de
atrito.
Com relação aos países sunitas
como a Arábia Saudita e os países do Golfo que são seus maiores obstáculos para
uma hegemonia xiita, o Irã há décadas está se posicionando para estrangula-los
social e economicamente. Milhares de xiitas tomaram residência nestes países
formando hoje uma oposição preocupante. Em 2011, Bahrain teve que pedir ajuda
do exército saudita para esmagar uma revolta destes xiitas. Protestos de xiitas
se espalharam pela Arabia Saudita, Kuwait, Qatar e Emirados numa tentativa de
desestabilizar estes países.
Economicamente, a recente tomada do Yemen pelos Houthis xiitas dará ao
Irã controle do estreito de Aden e também do de Ormuz que são as únicas vias de
escoamento de petróleo dos países sunitas.
Além disso, o Irã está
ativamente enviando missionários para os quatro cantos do mundo, com a missão
de converter populações inteiras ao islamismo xiita. O falecido Hugo Chavez deu
carta branca aos mulás e eles já converteram milhares de índios Wayuu Guajira
através da organização Hezbollah Venezuela.
A Hezbollah também está presente em Cuba e vários artigos apontam para o
grande interesse do Irã em fazer o mesmo proselitismo no Brasil.
O Irã quer desviar a atenção
do mundo para toda esta atividade para algo que a maioria está sempre pronta a
fazer: condenar Israel. Zarif disse que os “estados não-alinhados veem as
supostas armas nucleares que Israel teria desenvolvido como uma séria ameaça para a segurança dos estados vizinhos
e para outros estados e condenou Israel por continuar a desenvolver e amealhar
um arsenal nuclear”.
Israel nunca confirmou nem
negou ter capacidade nuclear e nunca assinou o Tratado de Não-Proliferação
Nuclear. O mundo assume que o Estado judeu seja o único país o Oriente Médio com
um arsenal nuclear. Mas outros países, inclusive os declaradamente nucleares
como a Índia e o Paquistão também nunca assinaram o Tratado e a Coréia do Norte
que o havia assinado, voltou atrás depois que o ex-presidente Clinton eliminou
as sanções econômicas contra o país.
Esta ação calculada por parte
do Irã é clara. Numa postura cínica de santo protetor da humanidade, o Irã
aponta o dedo acusador para Israel e para a capacidade nuclear da OTAN.
Se 5 anos atrás o Irã era
apenas mais um membro da Conferência, este ano, ele se fortaleceu a ponto de
castigar outros. E ao pressionar para o mundo gastar suas energias com Israel,
o Irã continua a desenvolver mísseis e a enriquecer urânio para sua preciosa
bomba.
E é isso o mais irritante.
Enquanto Teerã se apega a uma posição moral anti-armas nucleares, o mundo sabe
que Israel é a única democracia sólida e prudente da região. Se Israel tem
realmente a bomba, não é agora que a desenvolveu. Ela deve tê-la há pelo menos
50 anos! E nunca ameaçou ou fez qualquer uso indevido dela. Certamente, Israel
nunca ameaçou apagar nenhum outro país do mapa, inimigo ou não.
O Irã é exatamente o oposto. O
país tem um regime que professa um islamismo radical apocalíptico que pode ser
definido com palavras como volátil e imprevisível. Não há equivalência moral ou
qualquer outra entre uma democracia que se defende de constantes ataques e uma
tirania apocalíptica e expansionista.
O mundo tem que deixar de ser
cínico e hipócrita e parar de ignorar os milhares de massacres cometidos por
muçulmanos na região inclusive contra suas próprias populações como vimos na
Síria. A implicação aqui é ter a democrática Israel pressionada enquanto o tirânico
o Irã escapará o escrutínio. O cowboy será desarmado e o bandido armado até os
dentes.
A pergunta é como as
democracias europeias e os Estados Unidos podem se prestar a jogar este jogo
sujo do Irã? Como podem eles continuar a condenar e jogar suas frustrações em
Israel? Parece que só a história poderá responder a estas questões.
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