Depois de quatro horas e meia
de questionamento agressivo pelo senado, o secretário de estado John Kerry
junto com o secretário de energia e o do tesouro não conseguiram convencer os
representantes do povo americano que este acordo com o Irã é o melhor caminho
para estabilizar o Oriente Médio. Os senadores republicanos continuam contra o
levantamento das sanções assim como uma dúzia de democratas. Kerry foi muito
agressivo com seus críticos enquanto tentava descrever os detalhes do acordo.
O fato é que apesar de
importantes, os detalhes não são o fator crítico desta negociação. Neste caso
em particular, dois princípios gerais controlam.
Um deles é o fato deste acordo
não evitar que o Irã adquira a bomba nuclear. Ele de fato estabelece o próprio cronograma
para o Irã estocar bombas nucleares, e adquirir os meios de lança-las através
da tecnologia balística que lhe será liberada daqui a 5 anos. O segundo princípio
são os 150 bilhões de dólares que serão liberados para os mulás.
Hoje Kerry diz que o Irã tem
um ano até ter material nuclear suficiente para uma bomba. Isto baseado no que
sabemos. Mas segundo o acordo, os Estados Unidos e os outros membros são
obrigados a dividir tecnologia nuclear com o Irã incluindo como desenvolver
centrífugas mais avançadas. Desta forma, assim que o acordo terminar, O Irã
poderá montar quantas bombas quiser e com nova tecnologia, num tempo muito mais
curto.
Um outro aspecto do acordo
está no Anexo III, que estabelece que os Estados Unidos e outros membros
ajudarão o Irã com a segurança do seu programa nuclear, ajudando os aiatolás a prevenir,
proteger e responder à ameaças às suas usinas nucleares. Isto quer dizer que no
caso de Israel querer usar uma opção militar, os Estados Unidos serão obrigados
a avisar e a proteger o Irã.
E aí temos outros aspectos do
programa nuclear iraniano que não conhecemos. Parchin, uma base militar aonde
ocorreu uma grande explosão no ano passado, não poderá ser inspecionada. Ao que
parece, o governo iraniano tem acordos em separados com a Agência Internacional
de Energia Atômica e ficamos sabendo que os Estados Unidos também têm. John
Kerry admitiu a existência deste acordo confidencial paralelo durante seu
testemunho.
E aí temos 150 bilhões para o
Irã continuar a financiar os grupos terroristas ao redor do mundo. Da Argentina
à Bulgária, do Líbano aos Estados Unidos, as pegadas iranianas podem ser
encontradas nos mais horrendos ataques e tentativas.
Só há uma pessoa que decide
aonde este dinheiro será gasto e esta pessoa é o Supremo Líder Ali Khamenei. E
ele tem sido muito claro aonde ele colocará estes fundos. Nas ultimas semanas
ele tem liderado cânticos de morte à America, e Morte a Israel com promessas de
continuar armando a Hezbollah, o Hamas e os Houthis. E neste final de semana,
ele publicou no seu twitter, uma silhueta do presidente americano Obama com uma
arma na cabeça dizendo que “se ocorrer uma guerra, o perdedor será o agressivo
e criminoso Estados Unidos!” Khamenei também deixou claro que o Irã manterá sua
parte nos acordos enquanto lhe for conveniente.
Com o fim das sanções, será
impossível reimpô-las. Cinco dias apenas da assinatura do acordo e a Alemanha
já enviou dezenas de empresários para o Irã. Também foram-se as chances de
conseguir uma coalisão para uma medida militar contra os mulás se houver
violação do acordo. O fim das sanções trouxeram o fim da intimidação do Irã. E
como solução para a agressividade dos iranianos, só sobrou a guerra.
Em outras palavras, longe de
diminuir as chances de uma guerra, este acordo a faz inevitável e isso com um
Irã nuclear que não tem medo de levar sua população para o inferno junto com o
resto do mundo.
Ao que parece, um dos pontos
do acordo secreto que os Estados Unidos teriam com o Irã é que os aiatolás se
comprometeram a não montar uma bomba até Obama sair da presidência. E para
isso, Obama tinha que conseguir que 2/3 do Congresso não se opusesse ao acordo.
Mas Obama traiu o Congresso e foi direto ao Conselho de Segurança da ONU já
aprovando o fim das sanções. Agora, se o Congresso não aprovar o acordo, a
América estará sozinha com suas sanções contra o Irã o que não será muito
efetivo.
Por seu lado, a Arábia Saudita
fez um acordo com a Irmandade Muçulmana contra o Irã e já está assinando
contratos com a França para a construção de uma usina nuclear. Outros países da
região buscando a tecnologia são o Egito, os Emirados e a Turquia.
Mas outros estão olhando para
Israel para ver o que o Estado Judeu fará.
Nesta semana, o jornalista
palestino-jordaniano Mudar Zahran, publicou uma coluna perguntando se Israel
salvará o mundo uma terceira vez.
Sim, terceira vez, pois a
primeira foi quando Israel bombardeou a usina de Osirak no Iraque em Junho de
1981. Nove anos depois, o Iraque invadiu o Kuwait e imaginem se os Estados
Unidos poderia libertar o pequeno emirado se Saddam Hussein tivesse a bomba. A
segunda vez foi em 2007 quando Israel destruiu a usina nuclear síria em Deir
EzZor no norte do país. Hoje esta região está dominada pelo Estado Islâmico.
Imaginem estes selvagens de posse de material nuclear.
Zahran tem razão, mas agora, o
mundo inteiro está com o Irã e contra Israel. O Irã tem uma dúzia de usinas
conhecidas espalhadas pelo país, algumas subterrâneas. O Irã é mais distante
que o Iraque e dispõe de sistemas de radar russos muito mais sofisticados. A
tarefa será monstruosa.
Em uma coisa Netanyahu esteve
incorreto: Ele disse que a assinatura deste acordo era um erro de proporções
históricas. Na verdade ele é um erro de proporções bíblicas.
Neste jejum do dia 9 do mês
hebraico de Av, quando lembramos a destruição de ambos os Templos de Jerusalém
e as promessas de redenção dos nossos profetas, só podemos imaginar que todos
estes eventos são desígnios de D-us. Mas isso não exclui nossa responsabilidade
de protestar, de denunciar algo profundamente errado e tentar mudar a percepção
destes líderes que parecem cegos ao que está para acontecer.
Infelizmente só há um lado
errado e um lado correto da história. Quem se opôs à escravidão no século XIX,
ao Fascismo, ao Nazismo e Comunismo no século XX, não tomou uma posição
popular. Hitler antes da guerra foi escolhido o Homem do Ano pela revista Time.
Hoje o mundo está se
congratulando por ter evitado um conflito com o Irã quando ele foi apenas
adiado. Aquele que se mantém do lado de Israel, contra o radicalismo islâmico,
contra a barbárie desta ideologia, não é o cara mais popular do bairro, mas ao
final, ele estará do lado correto da história. Só esperemos que haja uma
história a recontar após o confronto final com o Irã.
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