Tirando
o caos e a violência de ontem em Charlottesville na Carolina do Norte provocada
por neo-nazistas e supremacistas brancos, o foco quase exclusivo da mídia esta
semana esteve voltado para a troca de ameaças entre a Coreia do Norte e a
administração Trump. A pergunta nos lábios de todos os jornalistas e
comentaristas se resumiu se a retórica do presidente poderia levar os Estados
Unidos a uma guerra nuclear.
Desde
os anos noventa com o presidente Bill Clinton, toda a vez que o líder da Coreia
do Norte mostrava as presas, a administração Americana corria para os
bastidores para apaziguar o líder louco do dia.
Em
1994, Clinton anunciou um acordo com Kim Sung Il pelo qual os Estados Unidos
dariam quatro bilhões de dólares para a Coreia do Norte em troca da suspensão e
desmantelamento de seu programa nuclear. Na ocasião Bill fez um pronunciamento
ao povo Americano afirmando que o acordo era a ultima maravilha para a
segurança mundial.
A
Coreia do Norte recebeu a ajuda, mas não cumpriu o prometido. Em 2002 o filho de Kim Sung Il, Kim Jon Il já
no poder, expulsou os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica e
retirou a Coreia do Norte do Tratado de Não-Proliferação. Em vez de apertar a
retórica e o cerco, o presidente George Bush mais uma vez conseguiu convencer a
Coreia do Norte, juntamente com a Coreia do Sul, o Japão, a China e a Rússia,
de cessar seus testes nucleares em troca de 950 mil toneladas métricas de
combustível ou ajuda econômica no mesmo valor.
Obama
continuou esta mesma politica mas deixou o Pentágono tentar ataques
cibernéticos contra as usinas nucleares da Coreia do Norte. Kim Jon Il não
pareceu preocupado e conduziu pelo menos 4 testes nucleares subterrâneos
durante a administração Obama. O novo líder da Coreia do Norte, é um louco
megalomaníaco e assassino de membros de sua própria família e Deus sabe de
quantos mais. Ele sabe que sem armas nucleares e a ameaça de uma guerra
iminente, ele não se mantém no poder. O povo norte-coreano é o mais oprimido do
mundo. Eles nascem para idolatrar e servir o líder e ponto. A fome é endêmica,
sua única fonte de renda é exportação de minerais principalmente para a China.
Kim Jon Un viu como no passado seu pai e
avô conseguiram extorquir concessões do ocidente sem dar nada em troca. Mas ele
não contava com um Trump pela frente. Diferentemente
do que a mídia quer que acreditemos a retórica de Trump não causou o problema
com a Coreia do Norte. Trump herdou este problemão e agora está tentando outra
avenida, usando a linguagem que este bully entende. A Coreia do Norte é o único
país que possui armas nucleares que ativamente ameaça usa-las contra seus
vizinhos e a América. Trump resolveu coloca-lo contra a parede.
Por um lado há os que advogam uma resposta
militar para trocar o regime e unir a península, por outro, há o perigo real de
uma guerra nuclear que afetará milhares de sul coreanos, japoneses e americanos
estacionados na região. Mas é precisamente porque governos anteriores adotaram
a política do apaziguamento com estes ditadores malucos que chegamos nesta
situação.
E Israel não está fora desta briga. Em
abril deste ano, a Coreia do Norte ameaçou Israel com “mil punições impiedosas”
porque o Ministro da Defesa Avigdor Liberman teria “ferido a dignidade da
liderança suprema”. De fato, Liberman descreveu numa entrevista em hebraico
para o site Walla que Kim Jon-Um era um louco e junto com os lideres do Irã e
da Síria era membro de uma gangue “insana e radical” que objetivava minar a
estabilidade mundial.
Em sua resposta a Coreia do Norte acusou
Israel de manter armas nucleares ilegalmente (!) e ser responsável por
perturbar a paz do Oriente Médio. O porta-voz de Kim Jon-Un explicou que Israel
poderia sofrer o impacto de uma piora das relações com os Estados Unidos porque
recursos que estão no Oriente Médio seriam transferidos para a Asia deixando
Israel descoberta.
Apesar de não tirar nota 10 na precisão
dos fatos, se a Coreia do Norte fizer alguma agressão e usar armas nucleares,
estará quebrando um tabú que desde 1945 o mundo cuidou em manter. E isso
porque a devastação e mortes causadas em Hiroshima e Nagasaki foram várias
vezes maiores do que o esperado.
E apesar de tropas americanas não estarem
estacionadas em Israel, ela estará sozinha para se defender do Irã, se a América
for para a guerra contra a Coreia. E pode ser que o jovem, inexperiente e
influenciável Kim Jon-Un esteja sendo manipulado pelos aiatolás para criar
exatamente este cenário.
O Irã está trabalhando com a Coreia do
Norte no programa nuclear e muitos especialistas dizem que os dois têm na
verdade o mesmo programa. O reator Sírio que Israel destruiu em 2007 era
norte-coreano. O Irã conduziu testes para a Coreia do Norte depois do acordo
com Clinton e hoje a Coreia está desenvolvendo a miniaturização de ogivas
nucleares com a presença de observadores iranianos. Nesta semana, o numero 2 do
governo de Pyongyang viajou para Teerã para discutir o programa nuclear apesar da ONU ter aprovado
novas sanções contra o regime.
Se a Coreia do Norte se sentir
ameaçada, como parece, irá correr para finalizar a tecnologia e passa-la ao
Irã. Pode ser que até tenha já alcançado este objetivo. Neste caso, Teerã
aguardará pela reação do mundo à ameaça norte-coreana para decidir seu próximo passo.
Se Trump continuar com suas ameaças, mas
não fizer nada, mesmo em face a um ataque não nuclear à América ou a algum
aliado, isto encorajará não só a Coreia do Norte mas o Irã, a Rússia e outros a
agirem mais agressivamente.
Se Trump resolver continuar com o
apaziguamento, a Coreia do Norte também sairá mais forte e os aiatolás
colocarão menos peso no acordo assinado com Obama e avançarão seu programa
nuclear e balístico com mais confiança.
Se houver uma reação decisiva por parte de
Trump, o Irã terá que repensar sua próxima jogada, especialmente se os Europeus
se juntarem aos Estados Unidos para trocarem este regime insano.
Mas há
ainda outro cenário. A presença iraniana na Síria, na fronteira com Israel traz ainda outra ameaça. O Irã poderá usar jihadistas para detonarem um dispositivo
nuclear miniaturizado contra Israel. Isto seria um meio mais “seguro” de atacar
o Ocidente do que envolver diretamente os Estados Unidos.
Neste
caso, com o tabú quebrado, teremos uma corrida armamentista no Oriente Médio, algo que Israel
não quer. Mas ainda se o tabú não for quebrado, pode ser que Israel esteja no caminho de um envolvimento nuclear
mesmo que o conflito principal esteja muito longe do Oriente Médio.
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