Tuesday, August 15, 2017

A Ameaça da Coreia do Norte a Israel - 13/08/2017

Tirando o caos e a violência de ontem em Charlottesville na Carolina do Norte provocada por neo-nazistas e supremacistas brancos, o foco quase exclusivo da mídia esta semana esteve voltado para a troca de ameaças entre a Coreia do Norte e a administração Trump. A pergunta nos lábios de todos os jornalistas e comentaristas se resumiu se a retórica do presidente poderia levar os Estados Unidos a uma guerra nuclear.

Desde os anos noventa com o presidente Bill Clinton, toda a vez que o líder da Coreia do Norte mostrava as presas, a administração Americana corria para os bastidores para apaziguar o líder louco do dia.

Em 1994, Clinton anunciou um acordo com Kim Sung Il pelo qual os Estados Unidos dariam quatro bilhões de dólares para a Coreia do Norte em troca da suspensão e desmantelamento de seu programa nuclear. Na ocasião Bill fez um pronunciamento ao povo Americano afirmando que o acordo era a ultima maravilha para a segurança mundial.

A Coreia do Norte recebeu a ajuda, mas não cumpriu o prometido.  Em 2002 o filho de Kim Sung Il, Kim Jon Il já no poder, expulsou os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica e retirou a Coreia do Norte do Tratado de Não-Proliferação. Em vez de apertar a retórica e o cerco, o presidente George Bush mais uma vez conseguiu convencer a Coreia do Norte, juntamente com a Coreia do Sul, o Japão, a China e a Rússia, de cessar seus testes nucleares em troca de 950 mil toneladas métricas de combustível ou ajuda econômica no mesmo valor.

Obama continuou esta mesma politica mas deixou o Pentágono tentar ataques cibernéticos contra as usinas nucleares da Coreia do Norte. Kim Jon Il não pareceu preocupado e conduziu pelo menos 4 testes nucleares subterrâneos durante a administração Obama. O novo líder da Coreia do Norte, é um louco megalomaníaco e assassino de membros de sua própria família e Deus sabe de quantos mais. Ele sabe que sem armas nucleares e a ameaça de uma guerra iminente, ele não se mantém no poder. O povo norte-coreano é o mais oprimido do mundo. Eles nascem para idolatrar e servir o líder e ponto. A fome é endêmica, sua única fonte de renda é exportação de minerais principalmente para a China.

Kim Jon Un viu como no passado seu pai e avô conseguiram extorquir concessões do ocidente sem dar nada em troca. Mas ele não contava com um Trump pela frente.  Diferentemente do que a mídia quer que acreditemos a retórica de Trump não causou o problema com a Coreia do Norte. Trump herdou este problemão e agora está tentando outra avenida, usando a linguagem que este bully entende. A Coreia do Norte é o único país que possui armas nucleares que ativamente ameaça usa-las contra seus vizinhos e a América. Trump resolveu coloca-lo contra a parede.

Por um lado há os que advogam uma resposta militar para trocar o regime e unir a península, por outro, há o perigo real de uma guerra nuclear que afetará milhares de sul coreanos, japoneses e americanos estacionados na região. Mas é precisamente porque governos anteriores adotaram a política do apaziguamento com estes ditadores malucos que chegamos nesta situação.

E Israel não está fora desta briga. Em abril deste ano, a Coreia do Norte ameaçou Israel com “mil punições impiedosas” porque o Ministro da Defesa Avigdor Liberman teria “ferido a dignidade da liderança suprema”. De fato, Liberman descreveu numa entrevista em hebraico para o site Walla que Kim Jon-Um era um louco e junto com os lideres do Irã e da Síria era membro de uma gangue “insana e radical” que objetivava minar a estabilidade mundial.

Em sua resposta a Coreia do Norte acusou Israel de manter armas nucleares ilegalmente (!) e ser responsável por perturbar a paz do Oriente Médio. O porta-voz de Kim Jon-Un explicou que Israel poderia sofrer o impacto de uma piora das relações com os Estados Unidos porque recursos que estão no Oriente Médio seriam transferidos para a Asia deixando Israel descoberta.

Apesar de não tirar nota 10 na precisão dos fatos, se a Coreia do Norte fizer alguma agressão e usar armas nucleares, estará quebrando um tabú que desde 1945 o mundo cuidou em manter. E isso porque a devastação e mortes causadas em Hiroshima e Nagasaki foram várias vezes maiores do que o esperado.

E apesar de tropas americanas não estarem estacionadas em Israel, ela estará sozinha para se defender do Irã, se a América for para a guerra contra a Coreia. E pode ser que o jovem, inexperiente e influenciável Kim Jon-Un esteja sendo manipulado pelos aiatolás para criar exatamente este cenário.

O Irã está trabalhando com a Coreia do Norte no programa nuclear e muitos especialistas dizem que os dois têm na verdade o mesmo programa. O reator Sírio que Israel destruiu em 2007 era norte-coreano. O Irã conduziu testes para a Coreia do Norte depois do acordo com Clinton e hoje a Coreia está desenvolvendo a miniaturização de ogivas nucleares com a presença de observadores iranianos. Nesta semana, o numero 2 do governo de Pyongyang viajou para Teerã para discutir o programa nuclear apesar da ONU ter aprovado novas sanções contra o regime.

Se a Coreia do Norte se sentir ameaçada, como parece, irá correr para finalizar a tecnologia e passa-la ao Irã. Pode ser que até tenha já alcançado este objetivo. Neste caso, Teerã aguardará pela reação do mundo à ameaça norte-coreana para decidir seu próximo passo.

Se Trump continuar com suas ameaças, mas não fizer nada, mesmo em face a um ataque não nuclear à América ou a algum aliado, isto encorajará não só a Coreia do Norte mas o Irã, a Rússia e outros a agirem mais agressivamente.

Se Trump resolver continuar com o apaziguamento, a Coreia do Norte também sairá mais forte e os aiatolás colocarão menos peso no acordo assinado com Obama e avançarão seu programa nuclear e balístico com mais confiança.

Se houver uma reação decisiva por parte de Trump, o Irã terá que repensar sua próxima jogada, especialmente se os Europeus se juntarem aos Estados Unidos para trocarem este regime insano.

Mas há ainda outro cenário. A presença iraniana na Síria, na fronteira com Israel traz ainda outra ameaça. O Irã poderá usar jihadistas para detonarem um dispositivo nuclear miniaturizado contra Israel. Isto seria um meio mais “seguro” de atacar o Ocidente do que envolver diretamente os Estados Unidos.

Neste caso, com o tabú quebrado, teremos uma corrida armamentista no Oriente Médio, algo que Israel não quer.  Mas ainda se o tabú não for quebrado, pode ser que Israel esteja no caminho de um envolvimento nuclear mesmo que o conflito principal esteja muito longe do Oriente Médio.


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