Sunday, February 11, 2018

A Declarada Guerra do Irã a Israel - 2/11/2018

As 04h25min da manhã de sábado, as forças iranianas na Síria lançaram um drone para dentro do território israelense via a Jordânia.

Israel, que vinha monitorando o drone deste sua partida, enviou jatos de sua força aérea para abatê-lo assim que atravessasse seu espaço aéreo, o que ocorreu perto de Beit Shean. Em resposta ao drone, Israel atacou 12 alvos na Síria inclusive três baterias antiaéreas e quatro alvos iranianos.

De acordo com a mídia síria, Israel atingiu a base aérea de Abu Al-Thaaleb usada pelos militares iranianos como parte do seu plano de expansão para criar um corredor xiita de Teerã até o Mediterrâneo.

Alarmes soaram durante a manhã em todo o norte de Israel porque os sírios começaram a enviar mísseis para abater os jatos israelenses decidindo interferir na batalha de Israel contra a presença e atividades iranianas no país.

Um destes mísseis atingiu um jato israelense, mas os pilotos conseguiram ejetar em tempo.

Tensões na fronteira norte de Israel têm escalado nos últimos meses com o entrincheiramento cada vez maior do Irã na Síria e Líbano, e em especial na fronteira com Israel. O contrabando de armas sofisticadas e a instalação de uma fábrica de mísseis de precisão no Líbano pela Hezbollah são exemplos do que preocupa Jerusalem.

O Irã, como sempre, disse que Israel mente e que o drone não é iraniano, mas o exército já soltou as fotos dos restos do drone provando a sua origem. Pior ainda, foi o fato de o drone ser quase cópia de um drone americano capturado pelo Irã em 2011 no Iraque.

Na Síria, apesar de reportagens sobre danos extensivos por Israel houve muita comemoração com distribuição de doces nas ruas, Bashar Assad hoje é visto como herói. Mas ele sabe o que sofreu. Da janela de seu palácio presidencial ele pode ver o estrago ao aeroporto militar de Mezze que Israel destruiu em Janeiro.

Tudo leva a crer que o Irã decidiu tomar uma ação aberta contra Israel, talvez para testar sua determinação em responder ou talvez como uma armadilha para justamente tentar abater um caça israelense e clamar vitória.
Mas a verdade é que a situação é bem mais complicada.

Hoje a Síria é um microcosmo da luta entre as potencias que pegaram a sua guerra civil como tabuleiro para um quebra-braço.

A Rússia quer proteger sua relação com Assad e suas bases na Síria. O Ministro da Defesa russo Sergey Shoigu anunciou em dezembro a renovação do aluguel das duas bases permanentes no país em Tartus e Hmeimim por mais 49 anos. A Rússia pretende expandir estas bases para manter 11 navios de guerra inclusive navios nucleares no Mediterrâneo, frontalmente ameaçando a Europa e os países da OTAN.

Se por um lado a Rússia não tem interesse em que a Síria entre em uma guerra aberta com Israel, economicamente ela está na dependência do Irã, especialmente depois do acordo nuclear assinado por Obama, que liberou bilhões de dólares para os aiatolás gastarem com armas e sistemas de defesa russos.

Bashar al-Assad por seu lado, ao convidar a Rússia e o Irã a se instalarem no país, está tentando assegurar sua permanência no poder e assistência para combater os rebeldes sunitas.

Os Estados Unidos, estão presentes na Síria, sob protesto do governo, para supostamente combater o Estado Islâmico e Al-Qaeda. Mas seu proposito real hoje é o de conter a influência iraniana e ajudar a acabar com a guerra civil. O secretário de Estado americano, Rex Tillerson disse que não vai repetir os erros de Obama que em 2011 retirou todas as tropas do Iraque.

E aí temos o Irã. Amanhã, dia 12 de fevereiro, será o aniversário de 10 anos da morte de Imad Mughniah o legendário comandante da Hezbollah que até hoje o Irã não conseguiu substituir ou vingar. Ele teria sido morto por uma bomba supostamente plantada por Israel no seu carro.  Mughnieh foi o planejador do ataque contra os marinheiros americanos em Beirute em 1983, contra a embaixada israelense em 1992 e o Centro Comunitário Judaico em 1994 ambos em Buenos Aires.

Até hoje a guerra entre Israel e o Irã tem sido travada por atrás da cena. Mas ontem, vimos uma confrontação direta entre os dois. A infiltração e interceptação do drone iraniano dentro do território israelense e o abatimento do jato de Israel de um lado e a retaliação contra alvos sírios e iranianos que se seguiu de outro, são só a abertura do que pode se tornar um conflito maior se o Irã continuar tentando fortalecer sua presença na Síria.

Não sabemos ainda quais lições o Irã levou desta experiência. Ele pode contar com um drone e um jato abatidos, mas por outro lado causou o maior bombardeamento da Síria desde que Israel destruiu sua força aérea em 1982.

A retaliação de Israel foi importante por duas razões: a primeira é que era preciso neutralizar as baterias antiaéreas sírias e a segunda, punir o Irã ao destruir o centro de controle de onde operavam os drones e outras bases iranianas na Síria.

No final das contas, Israel ainda está na frente. Em cinco anos de guerra civil, Israel completou mais de 100 operações militares na Síria e o Irã sabe disto. E estas operações somente aconteceram por causa da indiferença da Rússia. Mas tudo isso pode mudar dependendo dos interesses de Vladimir Putin que segue vendo esta região do Oriente Médio como parte de seu feudo.

Até agora temos provado o que é ter a Rússia como vizinha de Israel. O gosto será bem mais amargo se no futuro tivermos o Irã como senhor da Síria.







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