Sunday, November 11, 2018

Não Há Boa Ação Que Fique Impune - 11/11/2018


Como disse Clare Booth Luce, dramaturga americana e a primeira mulher embaixadora dos Estados Unidos, não há boa ação que fique impune. E é o que vimos esta semana tanto em Israel como nos Estados Unidos.

Há meses que o Hamas, o grupo terrorista que governa a Faixa de Gaza, tormenta os moradores do sul de Israel. Túneis, pipas em fogo, coquetéis molotov e centenas de mísseis lançados diariamente sobre a população civil.

E a cada sexta-feira a violência redobra após as supostas preces. Preces invariavelmente seguidas de sermões antissemitas e venenosos incitando a população a se dirigir à cerca de separação para corta-la e invadir Israel. E a falta de uma retaliação israelense séria tem sido objeto de muito debate entre a população do sul do país.

A comunidade internacional, como sempre, se atém na suposta crise humanitária de Gaza. Uma crise gerada por limites de energia elétrica, água potável e total abandono da infraestrutura deixada por Israel em 2005. Mas uma crise que surpreendentemente não diminui a capacidade do Hamas de produzir mísseis, de cavar túneis ou de chantagear Israel.

No final de outubro, já em meio à suposta crise, o Hamas exigiu que Israel transferisse 15 milhões de dólares em dinheiro a cada mês, pagos por Catar. Isto seria para contornar o controle e supervisão de Mahmoud Abbas sobre quanto e quem é pago na Faixa de Gaza.

Desde 2014, dezenas de milhares de funcionários públicos do Hamas têm sido pagos esporadicamente. Naquele ano a Autoridade Palestina bloqueou de sua folha de pagamento 40 mil funcionários do setor público do Hamas, contratados depois que os islamistas assumiram o controle de Gaza. Vamos lembrar que este bloqueio é parte de uma estratégia de sanções extremas adotadas por Abbas contra o Hamas que afetam a população da Faixa, mas são totalmente ignoradas pela mídia.

Assim, depois que o Hamas prometeu deter a violência ao longo da fronteira e o lançamento de mísseis e dispositivos incendiários de Gaza, na quinta-feira passada, numa cena que lembrou filmes da máfia, Netanyahu transferiu três malas recheadas de dinheiro para o Hamas.

E imediatamente vimos o resultado. O carro que levou o dinheiro, junto com o enviado de Catar Mohamed Al-Emadi, foi apedrejado por dezenas de jovens na saída, de volta a Israel aonde ele está estacionado. E quem achou que o Hamas iria cumprir sua palavra na sexta-feira, ficou desapontado.

Depois das preces, mais violência na fronteira irrompeu e um palestino conseguiu se infiltrar colocando fogo nas estufas da comunidade de Netiv Há’asara, causando um dano de milhões de shekels. Não só as plantações foram destruídas, mas equipamentos, sementes, as estufas, os insumos, as vendas e o trabalho de anos desta comunidade perdidas.  Fora a preocupação de como este árabe de Gaza conseguiu entrar em Israel e chegar numa comunidade civil.

É claro que isto gerou uma tremenda crítica a Netanyahu. Sua maior inimiga, Tzipi Livni, acusou o primeiro ministro de Israel de tentar subornar o Hamas e de vender a segurança do país. Sim, para os que pensam linearmente isto pode até parecer plausível.

Mas vejamos o que está acontecendo em outra fronteira de Israel. No Líbano e na Síria. Sabemos que o Irã está comandando as ações do governo Bashar al-Assad e de seu exército que retornou à fronteira em setembro. No Líbano, a Hezbollah, o grupo xiita apoiado pelo Irã está em total controle do país. Como os mulás não conseguiram transferir armamentos de precisão para a região por causa do trabalho de inteligência de Israel, eles instalaram uma fábrica bem no meio da capital do país, Beirute.

Ontem mesmo, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, condenou a normalização de Catar com Israel e disse que "a fonte de sua força são os mísseis porque o exército libanês não pode adquirir mísseis avançados", Ele continuou dizendo que Israel está cometendo um erro pois é o Hezbollah que tem o poder. E que ele irá responder a qualquer ataque israelense ao Líbano.

Está claro que Israel sabe algo que não sabemos. Na minha estimativa, o Irã está incitando os ataques de Gaza para provocar uma resposta de Israel. E assim que ela vier e o exercito estiver engajado contra o Hamas, a Síria e o Líbano atacarão ao norte, colocando Israel na posição difícil de ter que defender duas fronteiras ao mesmo tempo.

De qualquer maneira, os árabes continuam a não perder oportunidades de perderem oportunidades. Com esta recepção da quinta-feira e a violência da sexta, é pouco provável que Catar ou Netanyahu concordem em mais transferências de dinheiro.
Nos Estados Unidos, todo o progresso econômico, o menor desemprego em décadas, foi retribuído a Donald Trump com uma vitória dos democratas na Camara dos Deputados. Mas esta vitória ficou muito aquém da onda azul que a mídia e os institutos de pesquisa previram. Na câmara dos deputados os democratas ganharam 27 assentos o que lhes deu a maioria de apenas 2 votos. Mas perderam três assentos no Senado que tem muito mais peso.

Outro fato interessante destas eleições é que todos os candidatos para governador apoiados por Barack Obama perderam assim como outros apoiados por celebridades como Oprah, Beyonce, J-Zee e outros.

Os resultados desta eleição naturalmente colocará empecilhos para Trump cumprir a agenda prometida. Mas até Ronald Reagan, na eleição de 1982 perdeu 26 assentos na Câmara dos Deputados e ganhou apenas um no senado. Ele também teve que lidar com um Congresso dividido. Mas em 1984 Reagan foi reeleito por uma maioria esmagadora.

Vamos ver o que acontecerá daqui a dois anos.

E para finalizar, hoje os líderes do mundo comemoram os 100 anos da assinatura do armistício e o fim da Primeira Grande Guerra. A Guerra que na época foi definida como aquela que iria acabar com todas as guerras, tamanha a devastação causada. 

Entre civis e militares foram entre 15 e 19 milhões de mortos. Mas em vez de ter sido uma guerra para acabar com todas as guerras, o armistício foi uma paz que acabou com toda a paz, até hoje. A ganancia dos vencedores disputando os despojos em territórios e possessões levou o mundo à outra guerra mundial em apenas duas décadas.

E hoje, 100 anos do fim da primeira e 80 anos do começo da segunda, infelizmente não estamos mais perto de qualquer paz duradoura.


No comments:

Post a Comment