Sunday, January 20, 2019

O Plano Trump Para o Oriente Médio - 20/01/2019


Nesta quarta-feira, a administração Trump descartou como "imprecisa" uma reportagem de um dos canais da TV israelense que disse que o futuro plano de paz americano oferecerá aos palestinos um estado na maior parte da Cisjordânia, com partes do leste da cidade de Jerusalém como sua capital.

O Canal 13 noticiara que de acordo com um oficial americano “sênior”, Jerusalém seria dividida, com Israel mantendo a soberania no lado oeste e partes do leste da cidade incluindo a Cidade Velha. Sobre a área do Monte do Templo, ela seria supostamente  "administrada em conjunto" com os palestinos, a Jordânia e possivelmente outros países.

No mesmo dia, a Autoridade Palestina anunciou sua rejeição categórica a estas linhas gerais do plano, dizendo que qualquer coisa menos do que um Estado baseado nas linhas de armistício de 1948 a 1967 era inaceitável. Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que qualquer plano de paz que não preveja o estabelecimento de um Estado palestino independente ao longo das fronteiras de 1967, com "todo" Jerusalém Oriental como capital, é inaceitável.

É muito louvável que Trump e sua administração continuem a perder seu tempo em tentar uma paz entre Israel e os palestinos. Mas como com todas as tentativas anteriores ela não irá acontecer.

Em 2002, o então primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon escreveu uma carta ao presidente George W. Bush, informando-o de sua intenção de implementar uma nova iniciativa de paz. De acordo com esta iniciativa, ele iria remover milhares de judeus de suas casas e todas as forças do exército de Israel da Faixa de Gaza. 

Em sua carta, Sharon explicou sua lógica: “A liderança atual da Autoridade Palestina  não tomou nenhum passo para cumprir suas responsabilidades assumidas com o Mapa da Rota. O terror não cessou, a reforma dos serviços de segurança palestinos não foi realizada e não ocorreram reformas institucionais reais. O Estado de Israel continua a pagar o preço pesado do terrorismo constante.

“Israel deve preservar sua capacidade de se proteger e deter seus inimigos, e assim mantermos nosso direito de nos defender contra o terrorismo e de agir contra organizações terroristas. Tendo chegado à conclusão de que - por enquanto - não existe nenhum parceiro palestino com quem negociar um acordo de paz, e como o atual impasse é inútil para a consecução de nossos objetivos comuns, decidi iniciar um processo de retirada gradual, com a esperança de reduzir o atrito entre israelenses e palestinos.

“O Plano de Desengajamento foi criado para melhorar a segurança de Israel e estabilizar nossa situação política e econômica. Isso nos permitirá empregar nossas forças de forma mais eficaz até o momento em que as condições na Autoridade Palestina permitam a plena implementação do Mapa da Rota.”

Em resposta o Presidente Bush disse o seguinte: “Louvamos o seu plano de desengajamento, sob o qual Israel retirará instalações militares e todos os assentamentos de Gaza, e certas instalações militares e assentamentos na Cisjordânia. Essas etapas descritas no plano marcarão um progresso real em direção à realização da minha visão de 24 de junho de 2002 e farão uma contribuição real para a paz.”

O que é surpreendente, 17 anos depois desta troca de correspondência, são as consequências desta iniciativa. Sharon decidiu agir por causa da total falta de movimento dos palestinos em direção à paz e da continuação de sua campanha de terror contra Israel. Tem alguma coisa diferente hoje? Não.

Israel se retirou totalmente. Arrancou fisicamente mais de 8.000 judeus de suas casas e das fontes de seu sustento. Ele retirou todos os soldados israelenses e desmantelou as bases do Exército na Faixa de Gaza. Deixou para trás belas casas e instalações agrícolas florescentes, infra-estrutura, campos produtivos e pomares.

E o que Israel recebeu em troca? Algum desejo de normalização para o bem de ambos os povos, mas principalmente em benefício dos árabes de Gaza? Não, nada. Absolutamente o oposto.

Bush imaginou os palestinos como um povo racional. Com vontade de combater o terrorismo, desmantelar organizações terroristas e impedir que as áreas das quais Israel se retirou representassem uma ameaça. Sharon, por seu lado, depois de todas as décadas combatendo o terrorismo, não poderia ter esta expectativa. Mas mesmo assim ele declarou que esperava que os palestinos transformassem Gaza na Cingapura do Oriente Médio.

O que realmente aconteceu com a retirada de Israel de Gaza? A Faixa de Gaza se transformou em uma enorme base terrorista a partir da qual as organizações palestinas bombardeiam constantemente cidades e comunidades israelenses. Eles não só destruíram os ricos projetos de desenvolvimento agrícola que Israel lhes deu de presente. Eles os substituíram por bases de treinamento e operação terroristas.

Em vez de educar seus jovens a terem vidas produtivas, o Hamas e o Jihad Islâmico em Gaza doutrinam crianças e jovens com mentes impressionáveis ao ódio religioso aos judeus e a teologia do martírio.

A pergunta é, como o mundo leva esses fatos em conta ao planejar resolver o problema palestino daqui para frente? Não leva. O mundo simplesmente ignora estes fatos e se concentra apenas nas futuras concessões israelenses, desta vez na Judéia e Samaria, conhecidas por diplomatas internacionais como a Cisjordânia.
                                                   
Assim como no fatídico acordo de Sykes-Picot, os burocratas se dobram sobre mapas com suas réguas dividindo território sem se importar com as consequências de seus atos no chão. De alguma forma, eles têm que incluir tanto território quanto possível para um estado palestino e persuadir, ou forçar, Israel a mais retiradas de cidadãos e soldados.

Desta vez, as concessões trarão um controle palestino a poucos quilômetros de kibutzim e cidades no centro de Israel. Elas levarão os palestinos para o alto, com vista para Tel Aviv, o aeroporto de Ben-Gurion, Netania e a apenas 70 metros da rodovia 6, a principal artéria norte-sul no centro de Israel.

E quem governará esta nova Palestina? Eles acham que Mahmoud Abbas viverá para sempre? Ou que ele será mais honesto ao encarar seus compromissos de paz com o Estado judeu do que Arafat? Não esqueçamos que foi Arafat quem assinou os Acordos de Oslo no gramado da Casa Branca e depois retornou a Ramallah para lançar uma campanha de terror de bombardeios suicidas, de ônibus e cafés conhecidos como a segunda Intifada.

Já se passaram 26 anos de Oslo. 26 anos de lavagem cerebral na população palestina. Qual é o líder palestino hoje que Israel pode confiar para assinar qualquer coisa?

A mentalidade palestina não vai mudar. Não em relação a Israel e não entre eles.

Qualquer um que pense que uma paz plena e permanente será alcançada pela criação de um Estado palestino está delirando. Qualquer concessão de Israel na Judéia ou Samaria, será usurpado pelo Hamas, pelo voto ou pela bala, e nenhuma diplomacia internacional os deterá. Eles não o fizeram em Gaza. E não levantarão um dedo quando isto acontecer na nova Palestina. E uma Palestina liderada pelo Hamas continuará sua eterna guerra santa contra os judeus. Desta vez, para erradicar o que restar do estado de Israel.

E eles terão uma vantagem estratégica única. Poderão disparar seus foguetes do alto da pequena cordilheira que atravessa a Judeia e Samária. Da aldeia árabe de Rantis até o aeroporto internacional de Israel que está abaixo de seus pés. Ou atirar mísseis direto em Tel Aviv a uma curta distância. Os arranha-céus de Tel Aviv enchem seu horizonte. Ou lançarem morteiros sobre a barreira de segurança a partir de seu território soberano de Tulkarem nos veículos israelenses na Rodovia 6 sem errar um tiro.

Se esta for realmente a proposta de Trump, como disse, ele está perdendo seu tempo. Toda concessão é vista pelos árabes como uma fraqueza. A retirada de Sharon só deu mais poder aos terroristas demonstrando aos palestinos que o terrorismo compensa. E se conseguiram “libertar” Gaza, eles podem fazê-lo com o resto de Israel.

As concessões não funcionaram na época. E não vão funcionar agora.

No comments:

Post a Comment