Já foi o tempo em que Menachem Begin acordava com a
BBC para ouvir as noticia e com base nelas planejar sua ações para a
sobrevivência de Israel. De acordo com Begin, se o evento era noticiado pela
BBC, ele era verdade.
Hoje, infelizmente, esta quase centenária estação de
rádio e depois de televisão, deixou de noticiar para se tornar uma ativista,
torcendo os fatos e moldando a opinião publica para se conformar com sua
ideologia.
Ontem e hoje a BBC está transmitindo um programa
chamado os Sonhos de Gaza. Ou Gaza Dreams. Na chamada do programa eles dizem
que “com quase dois milhões de pessoas vivendo em condições miseráveis em Gaza,
o bloqueio de Israel tem afetado a saúde mental de seus moradores. Tendo como
pano de fundo os confrontos na fronteira no início deste ano, este filme vai
fundo nas mentes das pessoas de Gaza para explorar os problemas de saúde mental
que afetam muitos deles”.
Já aí podemos ver a parcialidade. O programa
literalmente afirma que as pessoas com problemas mentais em Gaza são o resultado
do bloqueio de Israel. Como se lugares sem bloqueios econômicos não tivessem
pessoas com problemas mentais. Mas antes de falar sobre as histórias patéticas
dos entrevistados vamos recapitular como e quando Israel impôs o bloqueio de
Gaza.
Todos lembram que em 2005 o então primeiro ministro de
Israel Ariel Sharon decidiu arrancar as comunidades judaicas de Gaza. Na época,
os oito mil habitantes judeus da Faixa em 21 comunidades tinham negócios
especialmente em agricultura e exportavam bilhões de dólares em legumes e
flores para todo o mundo. Um grupo de americanos judeus compraram as estufas de
Gaza dos judeus pagando 14 milhões de dólares para dá-las de presente aos
palestinos. No dia seguinte da retirada do último soldado, as estufas foram
pilhadas e destruídas.
Em 2006, com as eleições palestinas, o Hamas ganha o
controle da Faixa. Como o Hamas se recusou a aceitar as condições de negociação
com Israel, Israel e o Quarteto decidiram suspender a ajuda para a Autoridade
Palestina. Até hoje, o Hamas se recusa a reconhecer Israel, a abandonar a
violência e aceitar os acordos anteriores assinados pela Autoridade Palestina.
Em 2006 o Hamas lançou nada menos que 1247 mísseis e
28 morteiros em Israel e sequestrou Gilad Shalit. Com a situação no sul
insustentável, Israel impôs o bloqueio a Gaza. O que a mídia convenientemente
omite é o fato do Egito ter imposto seu bloqueio ao mesmo tempo que Israel com
a aprovação explicita de Mahmoud Abbas. Um bloqueio que exige a inspeção de
todos os produtos transferidos para a Faixa e vistos para os moradores
visitarem Israel ou o Egito.
Vou repetir: o bloqueio a Gaza só foi imposto por
Israel e pelo Egito dois anos após a retirada de Israel da Faixa e somente por
causa dos milhares de mísseis e ataques diários às comunidades do sul de
Israel.
Voltando ao programa da BBC, ele define as condições
em Gaza como miseráveis. Isto é uma mentira. Há 15 anos que a ONU, diversas
ONGs e a imprensa tradicional repetem as mesmas ladainhas estridentes de uma
crise humanitária iminente em Gaza. Sinto desaponta-los mas não há qualquer
crise em Gaza. Mais de mil caminhões por dia contendo alimentos, remédios,
material de construção, roupas e equipamento são transferidos somente por
Israel. Repito: mil caminhões por dia!
De acordo com a Organização Mundial de Saude, os
primeiros sinais de uma crise humanitária é malnutrição e surto de cólera.
Sabem aonde há uma crise humanitária hoje, que ninguém dá bola? No Iêmen. Mas
como são árabes matando árabes, tudo bem. Lá 85 mil crianças já morreram de
malnutrição e 1.2 milhões de pessoas estão com cólera.
Em Gaza o que se pode ver das imagens semanais dos
protestos na fronteira são jovens bem alimentados queimando pneus e lançando
coquetéis molotov sobre os soldados de Israel.
O programa da BBC foca em cinco personagens e seus
sonhos. Uma mãe de família que diz que a vida com eletricidade racionada é
difícil; uma menina que fala de seu medo de trovão porque ela não sabe se são bombas;
um rapaz que sonha em ir para a Tunisia e se casar com uma namorada que ele
conheceu pela internet, um ex-viciado que gostaria de ser cantor e um último,
que ainda parece ter problemas com drogas fala da falta de empregos. Isto são
sonhos normais de qualquer população, com embargo ou sem embargo.
Quando perguntados, a mãe de família diz que seu maior
sonho é reformar a sua casa. E que ela pediu para a ONU faze-lo mas não sabe se
irão acatar seu pedido. O namorado culpa tanto Israel quanto o Egito pela
burocracia para sair de Gaza, o cantor faz uma audição para a entrevistadora e
o ultimo diz que foi diagnosticado com depressão. A única entrevistada que
disse que gostaria que não houvesse mais guerra foi a menina.
O ponto em comum entre todos é a falta de crítica ao
Hamas e nenhum dentre eles fala de paz com Israel ou de convivência com o
estado judeu. É como se fosse o puro mal que paira sobre eles causando estas
desgraças pessoais e está subentendido quem é o culpado. Os sonhos apontados
são puramente pessoais e a falta de sua realização é a culpa exclusiva de
Israel.
No final a mãe de família consegue que a ONU refaça
sua cozinha e banheiros, o namorado vai para a Tunisia, o cantor se diz
realizado cantando para a BBC, o deprimido diz estar melhor com a medicação e a
menina não tem mais nada a dizer.
A desonestidade da repórter é tanta que ela sobrepõe
estas entrevistas com imagens dos protestos semanais dos palestinos na
fronteira com Israel como se uma coisa tivesse a ver com a outra. E no final da
reportagem ela coloca que mais de 150 palestinos morreram, e 10 mil foram
feridos e do lado de Israel apenas um soldado foi ferido dando uma conotação de
injustiça totalmente injustificada. Uma obra prima de jornalismo!
Esta falácia de comparar números de mortos para dizer
se um conflito foi equilibrado ou justo tem que ser denunciada. Os milhares de
misseis enviados de Gaza têm o potencial de matar milhares de inocentes civis e
já o fizeram.
Só a titulo de comparação para escancarar mesmo esta
hipocrisia, Cuba está sob embargo desde 1960. O povo é pobre em Cuba? Sim.
Estão a beira de uma crise humanitária? Não. Pelo menos ninguém noticiou isso.
Cuba exportou médicos para o Brasil e você não encontra um cubano falando mal
do regime ou que quer sair da prisão que é Cuba para a BBC. E se o fizesse com
certeza seria censurado pela própria emissora. E sabem porque isso? Porque iria
destruir a imagem romântica do social-comunismo que estes jornalistas
desonestos abraçam. Tudo é perfeito em Cuba! Eles querem que você se convença
disso.
Uma das razões que me levou a falar sobre este programa
da BBC hoje é que junto com os Sonhos de Gaza, a emissora estará transmitindo
hoje o primeiro de três capítulos sobre o Brasil. O show se chama “O que
aconteceu com o Brasil” e é descrito como uma exploração da crise dos anos 2013
a 2018 e ... vejam só.... como os sonhos para um futuro melhor desapareceram”.
O capitulo dois vai lidar com a corrupção – e
provavelmente como Dilma nada tem a ver com o peixe - e o terceiro e último irá
incluir uma entrevista exclusiva com Lula na cadeia mas tem a foto do
presidente Bolsonaro na chamada.
Não vejo a hora de ver que perolas sairão da boca
destas luminárias do jornalismo internacional. Para aqueles que têm a BBC, por
favor, assistam estes programas e coloquem seus comentários para que esta
emissora veja que o povo não é idiota ou analfabeto. Vamos ver se podemos fazer
a BBC voltar a ser o que era antes: o orgulho e ponto de referencia das
emissoras internacionais pela imparcialidade e verdade de suas matérias.
No comments:
Post a Comment