Nesta semana
a noticia que dominou as manchetes foi o abate de um sofisticado drone americano
pelo Irã acima do estreito de Ormuz. A pergunta na boca de todos os
comentaristas era se os Estados Unidos estavam a beira de uma guerra com o Irã.
Interessante que para muitos outros países, incluindo Israel e a Arábia
Saudita, um conflito de baixo nível contra crias do Irã já vem acontecendo há
anos.
O Irã está
passando por sua pior crise econômica de todos os tempos. Há muita inquietação
e gigantes protestos por coisas como o aumento do preço do pão, são constantes
em todo o país. Mas quando o presidente Donald Trump resolveu sair do
deplorável acordo nuclear negociado por Obama e reimpor as sanções econômicas,
em vez dos aiatolás tentarem negociar um novo acordo, eles decidiram enfiar o
dedo no olho americano. E desde então estamos vendo a escalada da violência
seja ela direta ou indiretamente.
No dia 12 de
junho Israel atacou uma base iraniana implantada em Tel Al-Harra na sua
fronteira com a Síria nos Altos do Golan. No dia seguinte, a Guarda Revolucionária
Islâmica do Irã atacou dois petroleiros no Golfo do Iêmen. Os incidentes foram
separados por milhares de quilômetros mas nos ajudam a entender o tamanho do
campo de batalha que liga o Irã e seus aliados, colocando-os contra os aliados
dos Estados Unidos, entre eles, Israel.
As alianças
nesta região do mundo são bem conhecidas. De um lado estão o Irã, milícias
xiitas pró-iranianas no Iraque, o regime sírio, a Hezbollah no Líbano, o Hamas,
e o Jihad Islâmico em Gaza e os rebeldes Houthi no Iêmen.
Do outro,
aliados dos EUA, como Israel e Arábia Saudita. A estratégia do Irã não é uma
abordagem de cima para baixo, controlando todos seus agentes. Mas a república
islâmica certamente encoraja seus aliados de várias maneiras, e provavelmente
também os desencoraja em outros momentos.
Já no início
de maio, depois que os EUA alertaram o Irã contra quaisquer ataques, o regime
em Teerã pareceu reduzir as provocações. Mas também instigou outros ataques para
sondar até onde poderiam ir.
Os EUA dizem
que o Irã "quase certamente" está por trás da sabotagem de quatro
navios petroleiros na costa dos Emirados Árabes Unidos em 12 de maio. Uma
semana depois um míssil foi disparado perto da embaixada dos EUA em Bagdá. Ao
mesmo tempo, rebeldes Houthi aumentaram seus ataques contra a cidade e o
aeroporto de Abha na Arábia Saudita.
O Irã é
conhecido por exportar sua tecnologia para seus aliados e agentes. Prova disto
é o avanço dos mísseis do Hamas e dos mísseis balísticos dos Houthis disparados
contra Riad.
E aí temos os
últimos ataques dos agentes do Irã. No dia 14 de junho foram ataques com
morteiros na Base Aérea de Balad, no Iraque. No dia 17 de junho contra o
acampamento Taji no Iraque, onde as forças dos EUA estão estacionadas. No dia 18
de junho em Mosul. No dia 19 de junho contra instalações de petróleo perto de
Basra, onde a ExxonMobil tem escritórios. E tudo isso feito de modo a que o Irã
possa negar seu envolvimento. Nenhum grupo assume responsabilidade.
Mas tantos
ataques em tantos lugares onde os EUA estão presentes?
A estratégia
do Irã e seus aliados é mostrar que eles podem incendiar o Oriente Médio, se
quiserem. Do Líbano à Síria, Iraque, Iêmen e Golfo de Omã, o Irã enfrenta os
EUA e seus aliados. A decisão de Trump de não retaliar contra o ataque ao drone
não foi a melhor porque o Irã agora se sente vitorioso e sua alegação de que o
drone estava sobre seu território parece razoável já que os americanos não
fizeram nada.
Se a coisa
parasse aí estaríamos ok. Mas não. Yukiya Amano, diretor-geral da Agência
Internacional de Energia Atômica, disse na segunda-feira que o Irã está
aumentando sua produção de urânio enriquecido para construir armas nucleares. A
declaração de Amano é importante porque marca a primeira vez desde a assinatura
do acordo nuclear de 2015 que a agência nuclear da ONU indicou que o Irã está
violando seus compromissos.
Amano
acrescentou que estava "preocupado com" o programa nuclear do Irã, e
expressou a esperança de que "formas podem ser encontradas para reduzir as
tensões atuais através do diálogo".
O Irã
anunciou em maio que recomeçaria a enriquecer urânio em retaliação às sanções
econômicas restabelecidas pelos EUA. O chanceler iraniano, Mohammad Javad
Zarif, disse que “aqueles que promovem guerras econômicas não podem esperar
permanecer seguros". Zarif ameaçou que Teerã não iria ficar quieto em
resposta ao que chamou de ameaças do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de
destruir o Irã.
Netanyahu não
hesitou em responder a Zarif. "Zarif está mentindo novamente", disse
Netanyahu. “O Irã é quem abertamente ameaça, todos os dias, destruir o Estado
de Israel. O Irã continua se entrincheirando militarmente na Síria. E hoje, a Agencia
Nuclear informou que o Irã está acelerando seu programa nuclear.
“Eu
repito: Israel não permitirá que o Irã desenvolva armas nucleares que ameacem
nossa existência e ponham em perigo o mundo inteiro.”
Como, Israel planeja
impedir que o Irã se torne nuclear? A resposta, segundo as autoridades
israelenses, é que os EUA - apoiados pela Arábia Saudita e pelos países do
Golfo - devem deixar claro para Teerã que, se não sentar na mesa de negociações,
as sanções serão intensificadas até que isso aconteça.
E sim, a
opção militar está na mesa se o Irã continuar a perseguir um programa nuclear
que ameaçaria não apenas os EUA e Israel, mas o mundo inteiro.
Lembrando que
Israel destruiu o reator iraquiano em Bagdá em 1981 e o reator Sírio em 2007,
o Irã deve saber que o Estado Judeu não hesitará em destruir seu programa
nuclear se se sentir ameaçada. Mas seria muito melhor se a América assumisse
este papel desta vez.
Não vamos nos
enganar: a missão declarada do Irã é varrer Israel do mapa através de seus
representantes na Síria, Líbano e Gaza, através do terrorismo e, se necessário,
um confronto militar direto.
Desde que se
tornou primeiro-ministro em 1996, Netanyahu fez do seu objetivo principal proteger
Israel de um Irã nuclear. Ele desafiou a pressão internacional para apoiar o
acordo com o Irã, falando contra ele no Congresso e em todas as oportunidades
disponíveis com os líderes mundiais.
Netanyahu
enfrenta outra campanha eleitoral dura em meio a acusações de suposta
corrupção. Mas em uma questão ele merece crédito e apoio de todos os
israelenses: ele não hesitou em sua missão de advertir contra os perigos
representados por um Irã nuclear e, quando necessário, tomou medidas.
Netanyahu,
se puder, gostaria de entrar para a história como o líder que impediu o Irã de
se tornar nuclear.
Israel não
tem nada contra o povo iraniano, que esperemos tenha força para um dia se
libertar dos grilhões deste regime insano. Mas, no meio tempo, temos que
interromper e impedir o programa nuclear do Irã, não importa por quais meios -
antes que seja tarde demais.
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