Sunday, June 23, 2019

A Estratégia Belicosa do Irã - 23/6/2019


Nesta semana a noticia que dominou as manchetes foi o abate de um sofisticado drone americano pelo Irã acima do estreito de Ormuz. A pergunta na boca de todos os comentaristas era se os Estados Unidos estavam a beira de uma guerra com o Irã. Interessante que para muitos outros países, incluindo Israel e a Arábia Saudita, um conflito de baixo nível contra crias do Irã já vem acontecendo há anos.

O Irã está passando por sua pior crise econômica de todos os tempos. Há muita inquietação e gigantes protestos por coisas como o aumento do preço do pão, são constantes em todo o país. Mas quando o presidente Donald Trump resolveu sair do deplorável acordo nuclear negociado por Obama e reimpor as sanções econômicas, em vez dos aiatolás tentarem negociar um novo acordo, eles decidiram enfiar o dedo no olho americano. E desde então estamos vendo a escalada da violência seja ela direta ou indiretamente.

No dia 12 de junho Israel atacou uma base iraniana implantada em Tel Al-Harra na sua fronteira com a Síria nos Altos do Golan. No dia seguinte, a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã atacou dois petroleiros no Golfo do Iêmen. Os incidentes foram separados por milhares de quilômetros mas nos ajudam a entender o tamanho do campo de batalha que liga o Irã e seus aliados, colocando-os contra os aliados dos Estados Unidos, entre eles, Israel.

As alianças nesta região do mundo são bem conhecidas. De um lado estão o Irã, milícias xiitas pró-iranianas no Iraque, o regime sírio, a Hezbollah no Líbano, o Hamas, e o Jihad Islâmico em Gaza e os rebeldes Houthi no Iêmen.

Do outro, aliados dos EUA, como Israel e Arábia Saudita. A estratégia do Irã não é uma abordagem de cima para baixo, controlando todos seus agentes. Mas a república islâmica certamente encoraja seus aliados de várias maneiras, e provavelmente também os desencoraja em outros momentos.

Já no início de maio, depois que os EUA alertaram o Irã contra quaisquer ataques, o regime em Teerã pareceu reduzir as provocações. Mas também instigou outros ataques para sondar até onde poderiam ir.

Os EUA dizem que o Irã "quase certamente" está por trás da sabotagem de quatro navios petroleiros na costa dos Emirados Árabes Unidos em 12 de maio. Uma semana depois um míssil foi disparado perto da embaixada dos EUA em Bagdá. Ao mesmo tempo, rebeldes Houthi aumentaram seus ataques contra a cidade e o aeroporto de Abha na Arábia Saudita.

O Irã é conhecido por exportar sua tecnologia para seus aliados e agentes. Prova disto é o avanço dos mísseis do Hamas e dos mísseis balísticos dos Houthis disparados contra Riad.

E aí temos os últimos ataques dos agentes do Irã. No dia 14 de junho foram ataques com morteiros na Base Aérea de Balad, no Iraque. No dia 17 de junho contra o acampamento Taji no Iraque, onde as forças dos EUA estão estacionadas. No dia 18 de junho em Mosul. No dia 19 de junho contra instalações de petróleo perto de Basra, onde a ExxonMobil tem escritórios. E tudo isso feito de modo a que o Irã possa negar seu envolvimento. Nenhum grupo assume responsabilidade.

Mas tantos ataques em tantos lugares onde os EUA estão presentes?

A estratégia do Irã e seus aliados é mostrar que eles podem incendiar o Oriente Médio, se quiserem. Do Líbano à Síria, Iraque, Iêmen e Golfo de Omã, o Irã enfrenta os EUA e seus aliados. A decisão de Trump de não retaliar contra o ataque ao drone não foi a melhor porque o Irã agora se sente vitorioso e sua alegação de que o drone estava sobre seu território parece razoável já que os americanos não fizeram nada.

Se a coisa parasse aí estaríamos ok. Mas não. Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, disse na segunda-feira que o Irã está aumentando sua produção de urânio enriquecido para construir armas nucleares. A declaração de Amano é importante porque marca a primeira vez desde a assinatura do acordo nuclear de 2015 que a agência nuclear da ONU indicou que o Irã está violando seus compromissos.

Amano acrescentou que estava "preocupado com" o programa nuclear do Irã, e expressou a esperança de que "formas podem ser encontradas para reduzir as tensões atuais através do diálogo".

 O Irã anunciou em maio que recomeçaria a enriquecer urânio em retaliação às sanções econômicas restabelecidas pelos EUA. O chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse que “aqueles que promovem guerras econômicas não podem esperar permanecer seguros". Zarif ameaçou que Teerã não iria ficar quieto em resposta ao que chamou de ameaças do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de destruir o Irã.

Netanyahu não hesitou em responder a Zarif. "Zarif está mentindo novamente", disse Netanyahu. “O Irã é quem abertamente ameaça, todos os dias, destruir o Estado de Israel. O Irã continua se entrincheirando militarmente na Síria. E hoje, a Agencia Nuclear informou que o Irã está acelerando seu programa nuclear.

 “Eu repito: Israel não permitirá que o Irã desenvolva armas nucleares que ameacem nossa existência e ponham em perigo o mundo inteiro.”

Como, Israel planeja impedir que o Irã se torne nuclear? A resposta, segundo as autoridades israelenses, é que os EUA - apoiados pela Arábia Saudita e pelos países do Golfo - devem deixar claro para Teerã que, se não sentar na mesa de negociações, as sanções serão intensificadas até que isso aconteça.

E sim, a opção militar está na mesa se o Irã continuar a perseguir um programa nuclear que ameaçaria não apenas os EUA e Israel, mas o mundo inteiro.

Lembrando que Israel destruiu o reator iraquiano em Bagdá em 1981 e o reator Sírio em 2007, o Irã deve saber que o Estado Judeu não hesitará em destruir seu programa nuclear se se sentir ameaçada. Mas seria muito melhor se a América assumisse este papel desta vez.

Não vamos nos enganar: a missão declarada do Irã é varrer Israel do mapa através de seus representantes na Síria, Líbano e Gaza, através do terrorismo e, se necessário, um confronto militar direto.

Desde que se tornou primeiro-ministro em 1996, Netanyahu fez do seu objetivo principal proteger Israel de um Irã nuclear. Ele desafiou a pressão internacional para apoiar o acordo com o Irã, falando contra ele no Congresso e em todas as oportunidades disponíveis com os líderes mundiais.

Netanyahu enfrenta outra campanha eleitoral dura em meio a acusações de suposta corrupção. Mas em uma questão ele merece crédito e apoio de todos os israelenses: ele não hesitou em sua missão de advertir contra os perigos representados por um Irã nuclear e, quando necessário, tomou medidas.

Netanyahu, se puder, gostaria de entrar para a história como o líder que impediu o Irã de se tornar nuclear.

Israel não tem nada contra o povo iraniano, que esperemos tenha força para um dia se libertar dos grilhões deste regime insano. Mas, no meio tempo, temos que interromper e impedir o programa nuclear do Irã, não importa por quais meios - antes que seja tarde demais.



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