Hoje comemoramos o Dia de Jerusalém. O aniversário da reunificação da Cidade
Santa. Durante sua longa história, Jerusalem foi atacada 52 vezes, capturada e
recapturada 44 vezes, sitiada 23 vezes e duas vezes foi destruída. A parte mais
antiga da cidade foi colonizada há seis mil anos, fazendo-a uma das mais antigas
do mundo.
Contrariamente ao que pensa o mundo, os judeus habitaram a cidade
ininterruptamente desde a época do rei David e a cidade serviu de capital
somente aos dois reinados Judaicos e hoje ao independente e soberano Estado de
Israel. Durante o século 19, visitantes como o escritor Mark Twain e o
Imperador do Brasil Dom Pedro II observaram que a grande maioria dos moradores
da cidade eram judeus, depois cristãos e armênios e apenas esporádicas
caravanas de beduínos muçulmanos passavam pela cidade.
Em 1860, a superlotação dentro da cidade velha de Jerusalem motivou os
judeus a construírem o primeiro bairro fora dos muros. Em 1880 já havia sete
bairros judaicos na cidade nova e uma maioria judaica esmagadora. Mesmo assim
os ingleses, que tinham o mandato de criar um lar nacional para os judeus, mas
estavam mais interessados de promover os interesses dos árabes, impuseram
restrições aos judeus aos lugares santos. Eles proibiram, por exemplo, o toque
do shofar no Muro das Lamentações, ou preces em voz alta, tudo isso para não
“ofender” a minoria muçulmana.
De 1930 a 1947, jovens judeus desafiaram os britânicos. Na conclusão de
cada Yom Kipur, eles tocaram o shofar. Muitos foram presos e julgados, mas como
disse um deles numa entrevista, eles haviam jurado recuperar a soberania
judaica em Jerusalem.
Mas na Guerra de Independência, em 1948, a Jordânia capturou a cidade
velha de Jerusalem. Durante os 18 anos de ocupação jordaniana de Jerusalém
Oriental, contrariamente ao que havia sido acordado no armistício, a perseguição
religiosa de não muçulmanos se tornou galopante. Milhares de judeus, alguns
cujas famílias tinham vivido em Jerusalém por séculos, foram expulsos da cidade
velha e da parte oriental da cidade nova. Mais da metade dos 16.000 cristãos
fugiram de Jerusalém durante a ocupação jordaniana.
Durante este tempo, a maioria das sinagogas da Cidade Velha foram destruídas
ou profanadas. No cemitério judaico do Monte das Oliveiras, lápides foram
quebradas em pedaços ou usadas como materiais de construção para estruturas
improvisadas; algumas antigas lápides que remontavam à época do Primeiro Templo
foram usadas como latrinas. A área adjacente ao Muro das Lamentações tornou-se
uma favela.
Mas a perseguição e expulsão não ficou restrita aos judeus. Cristãos que
ficaram na Cidade Velha foram proibidos de comprar terras ou casas, impedindo
qualquer possibilidade de expansão de suas comunidades. Além disso, os
jordanianos impuseram o controle estrito sobre o ensino cristão, incluindo a
proibição de abertura de novas escolas e a exigência de que o Alcorão fosse ensinado
nas escolas cristãs.
E quem pensa que a situação de tolerância religiosa ficou melhor com a
Autoridade Palestina, está muito enganado. A perseguição dos cristãos é tão endêmica
na sua administração como sob a ocupação jordaniana. Só como exemplo, a
população cristã em Belém encolheu de 85% em 1948 para apenas 16% em 2016. Em
2002, durante o cerco palestino da Igreja da Natividade, padres e freiras foram
mantidos como reféns, livros de oração foram profanados e Bíblias foram usadas
como papel higiênico. Essa falta de tolerância religiosa e o desprezo por
artigos de fé judaicos e cristãos infelizmente se tornou a norma para os
muçulmanos.
Em junho de 1967, em seis dias, Israel conquistou uma impressionante
vitória sobre as nações árabes vizinhas cujo objetivo declarado era a
destruição do Estado judeu. Os israelenses recuperaram o controle de toda a
Jerusalém e reunificaram a cidade. Israel imediatamente removeu as restrições
árabes sobre o acesso à cidade e incentivou pessoas de todas as fés para visitarem
seus lugares sagrados.
No espírito da liberdade e tolerância religiosa, Israel cometeu o
monumental erro de conceder a jurisdição sobre o local mais santo do judaísmo:
o Monte do Templo, para as autoridades islâmicas. Hoje, baixo a bota destas
autoridades, o Monte do Templo é o único lugar em Jerusalém aonde é ilegal para
Judeus ou cristãos orarem.
O que ainda é incrível para mim é o mundo considerar Jerusalem como
ilegalmente ocupada por judeus. Durante 4 mil anos eles viveram na cidade e
hoje os árabes a exigem porque a expulsão dos judeus e destruição de suas
sinagogas durante 18 anos, há 52 anos atrás, de alguma forma dá a eles este
direito. O mesmo vai para a cidade de Hebron, de Gush Etzion e todas as outras
comunidades aonde os judeus floresceram por milênios.
Hoje comemoramos o Dia de Jerusalem. O dia em que o exercito de Israel
milagrosamente rechaçou o exército jordaniano e de repente, se viu frente ao
Muro das Lamentações. Relembramos, a voz emocionada do comandante da 55ª
brigada dos paraquedistas General Motta Gur, pelo rádio dizendo “o Monte do
Templo está em nossas mãos! O Monte do Templo está em nossas mãos!” e as
imagens gravadas em nossas mentes, dos primeiros soldados que chegaram no
local, com lágrimas nos olhos, olhando para os céus e encostando suas testas
suadas no Muro. E o som do shofar novamente ecoando alto e forte para todos
ouvirem!
Um amigo neste Shabat me contou algo muito interessante sobre esta data.
Estávamos falando sobre o fato de que a maioria dos judeus no mundo e dos
israelenses em particular, apesar de serem a favor da paz, não estão prontos a entregarem
qualquer parte de Jerusalem. Podemos oferecer terras no Negev, evacuar Gaza,
mas Jerusalem é intocável. É a capital do Estado de Israel e do povo judeu.
Este amigo, Alexandre Barros, me disse que o Yom Hatsmaut, o dia da
Independência do Estado de Israel caiu próxima à festa de Pessach, quando o
povo saiu do Egito e se constituiu como povo. A liberação de Jerusalem, no
entanto, aconteceu próximo à Shavuot, a festa de Pentecostes, quando o povo
recebeu a Torah. O primeiro significa o corpo do povo judeu e o outro, a sua
alma. Coincidência? Acho que não.
E os iranianos, iraquianos e todos os outros árabes e muçulmanos que
saíram em protesto hoje, podem espernear o quanto quiserem no dia de Al-Quds,
que nem mesmo eles sabem, vem da palavra em Hebraico HaKodesh, para Jerusalem.
Apesar de Yom Yerushalayim ter menos fanfarra que o Yom Hatzmaut, este
dia incorpora todas as ânsias dos judeus nos últimos 2 mil anos. Afinal, não
rezamos este tempo todo em direção a Tel Aviv ou quebramos o copo nos
casamentos para relembrar a destruição de Haifa. Sempre foi Jerusalem e para
sempre será Jerusalem, a eterna e indivisível capital do Estado Judeu, Israel.
Excelente postagem! Deus a abençoe sempre!
ReplyDeleteEstávamos com saudade. Seja muito bem-vinda!
Obrigada Luciano!!!!
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