Tudo começou
em 1313 antes da Era Comum. Moisés enviou doze espiões, um de cada tribo, para
explorar a Terra de Canaã. A Terra que D-us havia prometido a Abraão e para a qual
Moisés estava levando o povo depois do milagroso êxodo do Egito. Dez dos
espiões, no entanto, voltaram com impressões negativas da terra. Eles contaram que
apesar dela ser boa e farta, sua conquista seria impossível, pois “seus
habitantes eram muito poderosos e suas cidades fortificadas e grandes”. Os
outros dois espiões, Caleb e Yoshuah tentaram desfazer esta impressão afirmando
que a conquista era sim possível. Mas o povo acreditou nos outros. Naquela
noite choraram e chegaram a pedir a Moisés para voltar para a escravidão no
Egito. Era a noite do 9 de Av. Por causa da falta de fé, aquela geração
foi punida, condenada a errar durante 40 anos no deserto.
Daí por
diante, o 9 de Av sempre foi marcado por grandes tragédias do povo judeu. Poucos exemplos são: as destruições do Primeiro e do Segundo Templo, o edito de expulsão dos judeus
da Inglaterra em 1290, a expulsão dos judeus da Espanha em 1492, o começo da Primeira
Guerra Mundial - precursora da maior onda de antissemitismo e genocídio da
história moderna; as deportações do Gueto de Varsóvia para Treblinka que levaram
870 mil judeus para a morte e mais recentemente em 2005, a expulsão dos 8 mil
judeus da Faixa de Gaza.
Ontem à noite
em Jerusalém, milhares de judeus se reuniram para a marcha anual de Tisha Be'Av
em volta dos muros da Cidade Velha carregando bandeiras israelenses. Um
silêncio sagrado e reflexão pairaram no ar enquanto um chazan recitava a
Megilat Eichah (Lamentações do profeta Jeremias escritas durante a destruição do
primeiro Templo). Em Nova Iorque, o local mais procurado pelos judeus é a sinagoga Espanhola e Portuguesa. Sua tradição marcante de ler as
lamentações completamente no escuro, todos sentados no chão segurando apenas
uma pequena vela, atraem centenas, mas ontem a atmosfera solene foi quebrada
pela quantidade de segurança nas portas e a dificuldade de entrar na sinagoga.
Devagar, estamos vivendo no limite.
Também em
Jerusalém a marcha não foi aquela brisa. A incitação dos últimos dias vinda dos
imãs agitou os muçulmanos que foram seguindo os judeus, jogando insultos,
cuspes e os costumeiros Allah Uakbar.
Ouvir xingamentos
e ver os olhos dos inimigos cheios de ódio evocam as cenas que nossos
ancestrais devem ter testemunhado durante o cerco de Jerusalém e sua destruição.
Imagens que estão profundamente gravadas em nossa consciência. Não porque não
queremos esquecer mas porque os que nos odeiam não nos deixam esquecer.
Achamos que
depois da vergonha do Holocausto o mundo tinha colocado um fim ao
antissemitismo. Mas não. Milhares de judeus foram mutilados e assassinados nos
últimos anos por terroristas árabes, apesar dos acordos de Oslo que deveriam ter
trazido a paz.
O último episodio ocorrido há menos de uma semana. A vítima, um garoto de 18 anos, Dvir Sorek, voltava de Jerusalém para seu seminário com livros
de presente para seus mestres. A 50 metros da porta da escola ele foi esfaqueado nas costas múltiplas vezes. Ele nunca viu o rosto de seus assassinos.
Seus amigos,
todos ainda meninos, estavam inconsoláveis em seu enterro. Na Autoridade Palestina
e em Gaza comemorações irromperam celebrando os terroristas. A pergunta é: o que
causa um ódio tão grande para dois irmãos de 24 e 30 anos de idade, marmanjos,
adultos, decidirem sair de casa numa manhã e assassinar impiedosamente um menino,
só por ele ser judeu? Em menos de três dias os dois foram presos mas agora são
elegíveis para receber salários milionários da Autoridade Palestina.
Este programa
de pagamentos a terroristas é tão importante para manter Mahmoud Abbas e sua
corriola no poder, que em março deste ano ele cortou os salários dos funcionários públicos e em abril, cortou o tratamento médico de mais de cem mil palestinos
em Israel, que custa 100 milhões de dólares por ano, tudo para continuar a
pagar mais de 138 milhões de dólares para os terroristas. O Vice-Primeiro
Ministro Nabil Abu Rudeina justificou a decisão dizendo que “os salários das famílias
dos mártires e dos prisioneiros serão pagos independente do custo, pois não é
possível abandonar ou tratar de modo leviano o sustento dos heróis palestinos”.
E apesar do aperto financeiro, estes “heróis” receberam um aumento de 12% só
este ano.
Do nosso
lado, continuamos a compartilhar o trauma e a tristeza de mais uma vida ceifada
cedo demais. E apesar dele temos que agradecer às forças de segurança de Israel
que todos os dias previnem outros ataques.
O aumento da
incitação à violência e a falta de tolerância dos árabes estão traduzidas em
suas decisões de bloquear o acesso ao Monte do Templo a todos que não sejam
muçulmanos. Até o ano 2000 qualquer um podia comprar um ingresso e subir na
Esplanada superior e visitar o Domo da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa com ou sem
guia, orando ou não. Hoje, as visitas são restritas, com escoltas, e os
visitantes não podem sequer derramar uma lágrima de emoção sem causar um motim.
A radicalização dos muçulmanos é palpável e é sua única resposta para a fortificação diária dos elos judaicos com a terra de Israel e com a cidade de Jerusalém.
A radicalização dos muçulmanos é palpável e é sua única resposta para a fortificação diária dos elos judaicos com a terra de Israel e com a cidade de Jerusalém.
A cidade de
David, o local original da Cidade Santa, está sendo desenterrada provando o que
diz a Bíblia, para o espanto dos historiadores. Todos os dias artefatos
judaicos, manuscritos em hebraico e ruínas são encontrados desbancando as
reivindicações árabes de serem o povo original da terra. Não há qualquer vestígio
de sua civilização, nem mesmo um cemitério antigo.
Depois de
muitas gerações de destruição, os judeus estão de volta. Jerusalém está sendo
reconstruída todos os dias. Quase a metade dos judeus no mundo vive em Israel
e, surpreendentemente, apesar de todas as dificuldades, a Aliya continua. Com
apenas 71 anos de independência, Israel teve um impacto enorme no avanço
tecnológico e científico para o bem de toda a humanidade.
A ironia aqui
é que os descendentes dos judeus que foram exilados, escravizados e mortos
pelos romanos hoje passeiam pelas ruínas deixadas por eles, nas ruas de
Jerusalém (não da Aelia Capitolina como chamaram a cidade), no estado soberano
de Israel (e não da Síria-Palestina).
Todos os
judeus olham para trás neste dia, em direção a uma época em que fomos
massacrados e exilados. Mas amanhã estaremos de volta ao futuro. Um futuro que promete
para a pequena Israel.
Se o profeta Jeremias
pudesse nos ver agora, acho que ele até sorriria.
Estamos finalmente de volta em casa.
Estamos finalmente de volta em casa.
No comments:
Post a Comment