No dia 11 de
setembro de 2001 acordei mais cedo que de costume. Eu tinha que passar no banco
aonde era a chefe do jurídico para resolver um monte de pendencias e depois
passar no meu escritório de advocacia para reuniões antes de voltar para casa
para pegar minha mala e ir para o aeroporto. Estava com passagem marcada para o
Brasil para assistir ao casamento da minha irmã dois dias depois.
Lembro que
era uma daquelas manhãs de outono, sem uma nuvem no céu, o ar frio e seco. Quando
atravessei a quinta avenida na altura da rua 45, no meio da ilha de Manhattan
pensei: nossa, o ar está tão claro que dá para ver as torres gêmeas daqui!
Às 8:50, no
meio de uma reunião, alguém entrou na sala e disse que um avião havia batido em
uma das torres. Fomos então para a sala da corretora que tinha vários televisores
pendurados. Eu fiquei surpresa porque o piloto deveria ser cego para não ver as
torres de 110 andares cada uma, num dia tão claro. E a mídia dizia ter sido um
acidente. Doze minutos depois a dúvida desapareceu quando assistimos ao vivo, o
outro avião bater na torre sul.
O resto do dia
foi surreal. O ataque ao Pentágono, e outro que deveria atingir o Congresso. O
colapso das duas torres e outros 13 edifícios adjacentes que caíram ou pegaram
fogo. A ilha de Nova Iorque foi fechada. Quem estava dentro não podia sair e
quem estava fora não podia entrar. Ficamos sem comunicação durante horas, mas
isso não importou porque o silêncio que desceu sobre todos e na cidade foi algo
inesquecível. Os carros e ônibus parados. As pessoas mudas assistindo em tempo
real o massacre de mais de 3 mil inocentes.
E a cada
lembrança, a cada aniversário, o tremor, a angústia e a sensação de
vulnerabilidade voltam.
Para mim, o
que ficou mais gravado na memória não foram os ataques em si porque parecia um
filme, algo irreal. Mas os dias subsequentes. O cheiro de queimado, de carne
queimada e molhada que penetrou nas roupas, no cabelo. E as pessoas nas ruas.
Pais, mães, irmãos, esposos, filhos, amigos, com os rostos molhados de
lágrimas, fotos nas mãos implorando a cada um, no metrô, nos ônibus, nas
esquinas, se não havíamos visto seus entes queridos que provavelmente já
estavam mortos. E os funerais. Centenas de policiais e bombeiros velados na
Catedral de St. Patrick e seus cortejos que durante meses bloquearam as ruas por
horas sem fim. Fielmente, a cada ano desde 2002 repetimos os nomes dos mortos e
juramos não esquecer.
Sim, até hoje
eu tremo quando me lembro. Mas 18 anos depois tremo mais pelas lições que não
aprendemos com aquele dia fatídico. Com o esforço sobre-humano para não apontar
o dedo para os perpetradores deste crime ou para a nauseante ideologia islâmica
que os motivou.
A mídia e os políticos
falam de um “ataque contra nossa liberdade” e Osama Bin Laden está morto –
assim como seu filho Hamza morto neste final de semana. Mas as ideias imorais deles
vivem e se recusam a desaparecer.
Foram elas
que levaram homens com mentes torcidas a cometerem massacres em hotéis na Índia,
em boates em Bali e em Paris, em shows em Londres, nos metrôs de Madri, Londres,
Mumbai e Moscou, em escolas em Beslan, Toulouse e Peshawar, numa ponte em Londres,
em prédios do governo no Canadá, na maratona de Boston, em missões diplomáticas
em Nairóbi, Dar-es-Salam e Bengazi, numa missa de Páscoa no Sri Lanka e contra
igrejas coptas no Egito, contra pedestres em Estocolmo e Nice. Enfim, em todas
as áreas da vida de qualquer um em qualquer lugar. E isto sem falar dos milhares
de ataques contra israelenses e judeus em Israel, na América e na Europa. Eles
usaram armas, facas, carros e bombas para causarem o máximo de perda de vidas e
terror.
18 anos
depois e continuamos a varrer esta ideologia e tudo o que ela causa para baixo
do tapete. Não há nada pior do que minimizar ou denegrir o sofrimento de alguém
que sofreu uma perda sem sentido desta. No começo deste ano, a congressista
Ilhan Omar descreveu os ataques de 11 de setembro como “alguma coisa que algumas
pessoas fizeram” e por causa disto os direitos dela como muçulmana foram
afetados. Apesar das críticas ela foi apoiada pela esquerda festiva e ignorante
do partido democrata. E ficou por isto mesmo. Mas neste 11 de setembro, não um
politico ou celebridade, mas o filho de uma vitima decidiu não ficar quieto.
Nicolas Haros
Jr. foi convidado para o memorial para ler o nome de algumas vítimas e o de
sua mãe. Ele foi vestido com uma camiseta
que dizia “algumas pessoas fizeram algo”. E ele disse: “Estou aqui hoje para explicar
exatamente quem fez o quê contra quem”. “Neste dia, 19 terroristas islâmicos,
membros da Al-Qaeda, mataram mais de 3 mil pessoas e causaram bilhões de
dólares em danos. Está claro?” E contra quem? Eu fui atacado. Meus familiares e
amigos foram atacados e os princípios judeu-cristãos nos quais esta nação foi
fundada, foram atacados. Isto é o que algumas pessoas fizeram”. “Entendeu
agora?” É isso que estamos fazendo aqui hoje. Mostre algum respeito pelos
mortos, por favor”.
A mídia convencional
de esquerda reportou o fato acusando Nicolas de usar o momento solene para
fazer uma demonstração política, usando as palavras que republicanos usam
contra Ilhan Omar que é muçulmana e negra – como se isto fosse relevante. Este é o
resultado do esforço da administração Obama de esterilizar o nosso vocabulário impedindo
que possamos efetivamente nos defender daqueles que querem nos matar. Querem
nos forçar a abraçar e cantar o Kum Ba Ya com os assassinos para provarmos que
não temos fobias, que não somos racistas e para isso, minimizam, denigrem e
fazem a monumental tragédia deste evento parecer algo como um desastre natural,
um mero infortúnio. E ao que parece esta cretinice não se restringe somente aos
Estados Unidos.
Meu amigo
Everton (como sempre posso contar com ele), me enviou o clip do noticiário da
Globo News no qual a apresentadora Leila Sterenberg decidiu fazer uma piada dos
ataques dizendo que já tinham 18 anos e portanto poderiam tirar título de
eleitor e votar. Será mesmo que ela achou que este comentário era inteligente? ou achou que era engraçado? ou fez de propósito para confirmar o mito da loura burra? A Globo
teve a sabedoria de retirar esta porção do vídeo online. Mas alguém precisaria
lembrar a ela, que não se incomodou de pesquisar, que mais de 3 mil pessoas
morreram naquele dia ou como consequência dele.
Mais uma prova que a
cretinice desta mídia de esquerda não conhece limites.
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