Sunday, September 22, 2019

Israel e os Ataques do Irã à Arabia Saudita - 22/10/2019


A notícia que dominou esta semana foi o ataque contra a maior instalação de processamento de petróleo do mundo localizado na Arábia Saudita. O ataque enviou ondas de choque através dos mercados mundiais de petróleo e deixou os Estados Unidos e seus aliados coçando a cabeça sobre como lidar com a ameaça crescente do Irã.

Imediatamente após o ataque, os rebeldes Houthis do Iêmen reclamaram sua autoria que incluiu o uso de drones sofisticados e mísseis de cruzeiro. Todos fabricados no Irã. Os Houthis são como a Hezbollah, um braço armado do Irã.

Esta é a crise que o Irã estava esperando com seus lideres twitando sobre o "ataque sem precedentes" e culpando a Arábia Saudita por se inserir na guerra civil do Iêmen. Em outras palavras, o Irã disse que o ataque contra a instalação saudita foi merecido.

O Secretário de Estado americano Mike Pompeo, no entanto, afirmou categoricamente que o Irã estava por trás do ataque, e funcionários da União Europeia mostraram imagens de satélite e mostraram as armas de precisão guiadas do Irã.

Esta é uma ameaça que vem crescendo há anos. Nesta semana, o Congresso recebeu um relatório sobre o programa de mísseis balísticos e drones do Irã. Israel, no início de setembro, também advertiu sobre ameaças semelhantes como a transferência de mísseis de precisão guiados para a Hezbollah no Líbano. 

Pois é, o Irã vem se vangloriando de seu programa de drones, mísseis de cruzeiro, e munições de precisão desde o maciço treinamento militar que conduziu em Março. Mas também é só isso. Em ameaças eles são os mestres. O resto é só covardia. O Irã não quer agir diretamente e se meter numa guerra. Também não pode arriscar a ser bombardeado, que deixaria os aiatolás vulneráveis a uma revolta interna. Afinal com o retorno das sanções a economia iraniana está à beira do colapso e sua infraestrutura está se deteriorando rapidamente. Então eles agem através de terceiros transferindo armas para seus agentes no Iêmen e no Líbano e comandando suas ações.


Após os Estados Unidos terem se retirado do acordo com o Irã em maio do ano passado, Teerã ameaçou recomeçar a o enriquecimento de urânio se os europeus e outros países não arrumassem um jeito para contornarem as sanções de Washington. Mas em maio deste ano, Teerã mudou de tática. Enquanto as sanções mordiam, seu presidente Rouhani sugeriu que se o Irã não pudesse exportar petróleo, os outros países também não poderiam.

Washington acusou o Irã de estar por trás da sabotagem de seis navios em maio e junho, bem como da derrubada de um drone americano em junho. Mísseis caíram perto das bases dos EUA no Iraque. Pompeo diz que o Irã está por trás de pelo menos 100 ataques originados no Iêmen.

Tudo isso foi apenas petisco para o ataque de longo alcance mais maciço que veio na semana passada. Nas primeiras horas do dia 14 de setembro incêndios e explosões em Abqaiq foram ouvidos. Imagens de satélite revelaram danos a quase 20 edifícios, incluindo tanques de armazenamento de gás natural liquefeito. Mas o dano não foi caótico, como teria sido se alguém jogasse explosivos e esperasse que atingisse sua marca. Pelo contrário, foram muito precisos; uma imagem mostra quatro tanques de armazenamento atingidos no mesmo local.

O problema é que quando olhamos para o mapa, Abqaiq fica do meio para cima da Arábia Saudita, perto de Bahrain não muito longe da base naval dos EUA naquele país e da base Al-Udeid no Catar, bem como das bases dos EUA nos Emirados Árabes e no Kuwait.

Se formos ver, o Iêmen está há mais de 1.500km de distancia das instalações de Albqaia e todos os sistemas de defesa sauditas estão voltados para sua fronteira sul. Então, se acreditarmos na inteligência dos EUA, este foi o primeiro grande ataque do Irã, ao seu inimigo.

A suspeita é que Teerã tenha enviado seus mísseis numa rota tortuosa através do espaço aéreo iraquiano, o que lhe permitiu escapar com sucesso dos sofisticados radares sauditas.

O ataque foi tão preciso que escapou os sistemas de defesa aérea no leste da Arábia Saudita.

Mas quer o ataque tenha se originado diretamente do Irã ou dos houthis apoiados pelos aiatolás, os dois cenários mostram quão extremamente proficiente o Irã e seus aliados se tornaram com drones e mísseis. Este é um programa de armas indígenas que ultrapassa os vizinhos mais próximos do Irã, com exceção de Israel. É uma ameaça que exige a ajuda os EUA para enfrentar.

A questão maior para o governo Trump não é apenas a defesa de aliados, mas também a questão de saber se deseja tentar impedir o Irã. Apesar dos avisos desde maio de que as ações iranianas sofreriam retaliação, Washington tem sido reticente em retaliar militarmente, preferindo uma campanha de "pressão máxima". É difícil ignorar os pronunciamentos do regime iraniano em 10 de setembro de que a saída do conselheiro de Segurança Nacional John Bolton mostrou que os EUA fracassaram em sua campanha de pressão. Também é difícil acreditar que o sofisticado ataque de Abqaiq foi planejado em apenas quatro dias.

Teerã sabia que um ataque sem precedentes contra as principais instalações petrolíferas da Arábia Saudita por tantos drones levantaria dúvidas sobre as alegações de que os pobres e isolados rebeldes houthis estavam por trás disso.

Apesar de negar sua autoria, o ataque envia uma mensagem clara ao mundo: isso pode piorar; encerre as sanções e não arrisque o suprimento mundial de petróleo. E se for atacado, mesmo como retaliação, o Irã deixou claro que a primeira a sofrer será Israel. Por isso que Bibi está atacando os iranianos na Síria, no Líbano e no Iraque.

O Irã está apostando que a Arábia Saudita e seus aliados do Golfo não vão arriscar um conflito, e resolveram desafiar Trump. No dia 14 de setembro os aiatolás aumentaram sua aposta, colocando na mesa seus drones sofisticados e guiados por precisão e seus misseis de cruzeiro que podem alcançar todos os países da região, especialmente Israel. 


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