A notícia que dominou esta semana foi o ataque contra
a maior instalação de processamento de petróleo do mundo localizado na Arábia
Saudita. O ataque enviou ondas de choque através dos mercados mundiais de
petróleo e deixou os Estados Unidos e seus aliados coçando a cabeça sobre como
lidar com a ameaça crescente do Irã.
Imediatamente após o ataque, os rebeldes Houthis do
Iêmen reclamaram sua autoria que incluiu o uso de drones sofisticados e mísseis
de cruzeiro. Todos fabricados no Irã. Os Houthis são como a Hezbollah, um braço
armado do Irã.
Esta é a crise que o Irã estava esperando com seus lideres
twitando sobre o "ataque sem precedentes" e culpando a Arábia
Saudita por se inserir na guerra civil do Iêmen. Em outras palavras, o Irã
disse que o ataque contra a instalação saudita foi merecido.
O Secretário
de Estado americano Mike Pompeo, no entanto, afirmou categoricamente que o Irã
estava por trás do ataque, e funcionários da União Europeia mostraram imagens
de satélite e mostraram as armas de precisão guiadas do Irã.
Esta é uma
ameaça que vem crescendo há anos. Nesta semana, o Congresso recebeu um relatório sobre o
programa de mísseis balísticos e drones do Irã. Israel, no início de setembro,
também advertiu sobre ameaças semelhantes como a transferência de mísseis
de precisão guiados para a Hezbollah no Líbano.
Pois é, o Irã
vem se vangloriando de seu programa de drones, mísseis de cruzeiro, e
munições de precisão desde o maciço treinamento militar que conduziu em Março. Mas também é só isso. Em ameaças eles
são os mestres. O resto é só covardia. O Irã não quer agir diretamente e se
meter numa guerra. Também não pode arriscar a ser bombardeado, que deixaria os
aiatolás vulneráveis a uma revolta interna. Afinal com o retorno das sanções a
economia iraniana está à beira do colapso e sua infraestrutura está se
deteriorando rapidamente. Então eles agem através de terceiros transferindo
armas para seus agentes no Iêmen e no Líbano e comandando suas ações.
Após os Estados Unidos terem se retirado do acordo com o Irã
em maio do ano passado, Teerã ameaçou recomeçar a o enriquecimento de urânio se
os europeus e outros países não arrumassem um jeito para contornarem as sanções
de Washington. Mas em maio deste ano, Teerã mudou de tática. Enquanto as
sanções mordiam, seu presidente Rouhani sugeriu que se o Irã não pudesse
exportar petróleo, os outros países também não poderiam.
Washington
acusou o Irã de estar por trás da sabotagem de seis navios em maio e junho, bem
como da derrubada de um drone americano em junho. Mísseis caíram perto das bases dos
EUA no Iraque. Pompeo diz que o Irã está por trás de pelo menos 100 ataques
originados no Iêmen.
Tudo isso foi
apenas petisco para o ataque de longo alcance mais maciço que veio na semana
passada. Nas primeiras
horas do dia 14 de setembro incêndios e explosões em Abqaiq foram ouvidos.
Imagens de satélite revelaram danos a quase 20 edifícios, incluindo tanques de
armazenamento de gás natural liquefeito. Mas o dano não foi caótico, como teria
sido se alguém jogasse explosivos e esperasse que atingisse sua marca. Pelo
contrário, foram muito precisos; uma imagem mostra quatro tanques de
armazenamento atingidos no mesmo local.
O problema é
que quando olhamos para o mapa, Abqaiq fica do meio para cima da Arábia
Saudita, perto de Bahrain não muito longe da base naval dos EUA naquele país e
da base Al-Udeid no Catar, bem como das bases dos EUA nos Emirados Árabes e no
Kuwait.
Se formos
ver, o Iêmen está há mais de 1.500km de distancia das instalações de Albqaia e
todos os sistemas de defesa sauditas estão voltados para sua fronteira sul. Então, se acreditarmos na
inteligência dos EUA, este foi o primeiro grande ataque do Irã, ao seu inimigo.
A suspeita é
que Teerã tenha enviado seus mísseis numa rota tortuosa através do espaço aéreo
iraquiano, o que lhe permitiu escapar com sucesso dos sofisticados radares
sauditas.
O ataque foi tão preciso que escapou os sistemas de defesa
aérea no leste da Arábia Saudita.
Mas quer o
ataque tenha se originado diretamente do Irã ou dos houthis apoiados pelos
aiatolás, os dois cenários mostram quão extremamente proficiente o Irã e seus
aliados se tornaram com drones e mísseis. Este é um programa de armas indígenas que ultrapassa os
vizinhos mais próximos do Irã, com exceção de Israel. É uma ameaça que exige a
ajuda os EUA para enfrentar.
A questão
maior para o governo Trump não é apenas a defesa de aliados, mas também a
questão de saber se deseja tentar impedir o Irã. Apesar dos avisos desde maio de que as ações iranianas
sofreriam retaliação, Washington tem sido reticente em retaliar militarmente,
preferindo uma campanha de "pressão máxima". É difícil ignorar os
pronunciamentos do regime iraniano em 10 de setembro de que a saída do
conselheiro de Segurança Nacional John Bolton mostrou que os EUA fracassaram em
sua campanha de pressão. Também é difícil acreditar que o sofisticado ataque de
Abqaiq foi planejado em apenas quatro dias.
Teerã sabia
que um ataque sem precedentes contra as principais instalações petrolíferas da
Arábia Saudita por tantos drones levantaria dúvidas sobre as alegações de que
os pobres e isolados rebeldes houthis estavam por trás disso.
Apesar de
negar sua autoria, o ataque envia uma mensagem clara ao mundo: isso pode
piorar; encerre as sanções e não arrisque o suprimento mundial de petróleo. E se for atacado, mesmo como
retaliação, o Irã deixou claro que a primeira a sofrer será Israel. Por isso
que Bibi está atacando os iranianos na Síria, no Líbano e no Iraque.
O Irã está
apostando que a Arábia Saudita e seus aliados do Golfo não vão arriscar um
conflito, e resolveram desafiar Trump. No dia 14 de setembro os aiatolás
aumentaram sua aposta, colocando na mesa seus drones sofisticados e guiados por
precisão e seus misseis de cruzeiro que podem alcançar todos os países da
região, especialmente Israel.
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