Enquanto o
mundo se mobiliza para combater de modo positivo esta epidemia que afeta a
todos sem discriminar raça, idade, sexo ou credo, os antissemitas não deixaram
passar a oportunidade de espalhar conspirações e culpar a quem pelo vírus? É
claro, os judeus e Israel.
A atriz
Rosanna Arquette que diz não ser antissemita por ter tido uma mãe de origem
judia, twittou esta semana para os seus mais de 100 mil seguidores que “estava
confusa” que “Israel estaria trabalhando em uma vacina para o coronavirus há um
ano? Isto quer dizer que eles sabiam?” E continua: “Vacinas levam muito tempo
para serem testadas quanto à segurança e o Oscar Kushner, é o maior investidor
desta nova vacina que supostamente será trazida para cá. Vidas estão em perigo
por lucro”.
Oscar Health
é o nome de uma empresa de saúde criada em 2013, que como todas as outras está
contribuindo para solucionar esta crise. Ela é subsidiária de uma empresa
chamada Mulberry Health que tem entre vários sócios, uma sociedade chamada
Thrive Partners LP que por sua vez pertence, junto com outros vários
investidores à Thrive Partners Limitada e que por sua vez tem como um dos
sócios, o irmão do genro do presidente Trump, Joshuah Kushner.
Por mais
remoto que seja o contato entre um judeu com a empresa, já foi decidido que o
judeu, ou os judeus, estão tentando lucrar com esta pandemia. Enquanto tentamos
olhar o presente e planejar o futuro, estes vermes continuam no passado,
repetindo-o constantemente, usando novos protagonistas em nossos tempos,
esperando obter um resultado diferente, algo mais do que a derrota que têm
sofrido todos estes séculos.
As mensagens
que estão sendo disseminadas desde Janeiro espalham ódio e desinformação,
tornando mais difícil acessar informações precisas e aumentando o nível de
ansiedade. Enquanto algumas mensagens são novas, a maioria são velhas acusações
com roupagem moderna.
Muitas
teorias antissemitas da conspiração postulam que os judeus têm influência e que eles manipulam eventos
para expandir seu poder, freqüentemente citando pessoas específicas como a
família Rothschild. Mas nas últimas semanas, tem havido uma onda crescente de
mensagens dizendo que os judeus e/ou Israel criaram ou espalharam o coronavirus
para alcançar o controle do mundo. Numa mensagem do dia 15 de março, o vírus é
mostrado como a cabeça de um cavalo de Troia com judeus na sua barriga.
No Twitter,
uma mensagem mostrou a suposta imagem do virus sob o telescopio, em que ele
aparece com várias cabeças caricaturadas como judeus, com a estrela de Davi na
kipa, sorrindo maliciosamente.
Outra
mensagem do Twitter promoveu uma conspiração antissemita relacionada com a lei
marcial e dizendo que a FEMA, a Agência Federal de Gerenciamento de Emergência
dos Estados Unidos era controlada pelo Beit Chabad, que, vejam o absurdo, teria
o Rabino Jarred Kushner como Messias e sua mulher Ivanka como a futura Rainha
Ester.
Outra onda
que está correndo solta é o estereotipo do judeu que procura lucrar com a
miséria dos outros. Desde os primeiros dias da pandemia, os antissemitas têm
acusado os judeus de lucrarem com o vírus: desde a vacina, até a volatilidade
dos mercados financeiros e através de empréstimos a pessoas necessitadas. Estas mensagens são acompanhadas da imagem do
mercador gordo e sorridente, com o nariz curvado e comprido e outros traços
típicos dos judeus.
Como não
poderia deixar de ser, muito do conteúdo antissemita das mensagens
compartilhadas online descrevem Israel como um ator malicioso que criou ou
estaria usando o coronavirus para alvejar seus inimigos, especialmente os
palestinos. Outros usam o vírus para criticar as políticas do Estado de Israel,
que no final, perpetuam tropos antissemitas.
Num cartoon
postado no Twitter e Facebook há alguns dias, uma idosa palestina está forçada
a ficar exposta ao vírus enquanto um soldado israelense aponta uma arma para
ela. O usuário que compartilhou a imagem escreveu que Israel e o vírus estão
trabalhando juntos contra os “palestinos nativos” chamando os israelenses de
estrangeiros ocupadores.
Numa outra
postagem do dia 18 último, uma foto com judeus religiosos, um deles lavando as
mãos, dizia: meu bolso está em quarentena desde janeiro. No meio tempo, nossos
senhores de escravos jogam todos os shekels dos juros com os quais eles
escravizaram o mundo.
Outro twit do
dia 10 de março pergunta se o coronavirus foi uma punição enviada por D-us pelo
Sionismo. Outro ainda do dia 14 declarou que “seis milhões de judeus israelenses
agora sentiram o gosto do que o mesmo numero de palestinos que vivem sob a
ocupação têm passado nos últimos 50 anos”.
E para não
ficar para trás, no dia 16 de março último, a Nação do Islã twitou uma mensagem
sugerindo que Israel desenvolveu o coronavirus como uma arma para assassinatos
em resposta à noticia que um instituto de pesquisa de Israel teria desenvolvido
uma vacina para o vírus.
Para
terminar, vários sites e mensagens foram postadas comemorando a chegada do
vírus a Israel e torcendo para que as sinagogas fossem contaminadas. Uma delas
perguntou como em 2020 a China não consegue cremar algumas centenas de corpos
por dia quando os nazistas cremavam mais de 4 mil em 1940.
Pessoal, se
já não bastasse o pânico, as perdas de familiares, a situação econômica mundial
que é preocupante, ainda temos que lidar com este tipo de imbecilidade.
Sabem porque
há pesquisas sobre o vírus há mais de um ano? Na verdade desde 2004? Porque em
2003 houve uma epidemia de SARS. Lembram? O Covid-19 é só um novo SARS.
Temos não que reclamar mas vociferar toda a vez que lemos ou ouvimos estes absurdos medievais. Chegou a hora no século 21 de desbandarmos estas conspirações ridiculas e tratarmos de modo objetivo com os problemas que se apresentam.
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