Finalmente
Israel tem um governo. E finalmente porque o tempo urge. Pelo acordo entre o
Likud e o Azul e Branco, a partir de 1º de julho de 2020, o Primeiro Ministro Benjamin
Netanyahu poderá submeter uma lei para a aplicação da soberania israelense
sobre partes da Judeia e Samaria incluindo o Vale do Jordão para a aprovação da
Knesset".
A importância
estratégica do Vale do Jordão não pode ser negligenciada. Ele marca a fronteira
entre Israel e a Jordânia e forma uma barreira natural que através de toda a história
tornou invasões vindas do leste muito mais difíceis. Hoje o Vale do Jordão protege
Israel contra a infiltração de terroristas e impede o contrabando de armas para
a Judéia e Samaria. Desde 1967 se fala
sobre anexar a região, mas por ser altamente controversa, nenhum governo
anterior ousou faze-lo.
Em janeiro de
2014, os partidos da oposição de Israel chegaram até a submeter um projeto de
lei para impedir uma anexação. Na época, o Partido Trabalhista declarou que “anexar
o vale do Jordão, seria sabotar Israel nas negociações, prejudicar os esforços...para
chegar a uma solução de dois estados e aprofundar a fenda que já existe entre
nós e os EUA".
Enquanto o
debate interno israelense permaneceu o mesmo, uma mudança fundamental ocorreu
na Casa Branca que abriu novas possibilidades. A posse de Donald Trump levou a
uma série de iniciativas americanas em apoio aos interesses israelenses. A transferência
da embaixada americana para Jerusalem, o reconhecimento da anexação das Colinas
do Golan foram o começo. Em 23 de abril ultimo o Secretário de Estado dos EUA
Mike Pompeo disse que: “Quanto à anexação da Cisjordânia, os israelenses
finalmente tomarão essas decisões. Essa é uma decisão israelense. E
trabalharemos em estreita colaboração para compartilhar nossos pontos de vista em
um ambiente privado.”
Isso ressoou
no mundo todo como um sinal verde, uma oportunidade que talvez nunca mais se repita,
dada pelos americanos a Israel.
Uma campanha
feroz foi rapidamente lançada de todo o tipo de grupos para impedir qualquer
iniciativa de anexação israelense. Um grupo particularmente vocal é o de Comandantes
pela Segurança de Israel, composto por 220 generais, almirantes e líderes
israelenses aposentados. Em três de abril, eles publicaram um anúncio de página
inteira nos jornais israelenses, exortando seus ex-colegas - Gantz e Gabi
Ashkenazi, a bloquearem a anexação unilateral do vale do Jordão. Alguns dias
depois, 149 líderes judeus americanos se juntaram em uma ação semelhante. Em seguida,
11 membros do Congresso dos EUA emitiram um aviso sobre as consequências
negativas de tal medida.
Todos esses
grupos estão de acordo que a anexação seria contraproducente, se não
completamente fatal para uma solução de dois estados. Ainda argumentaram que a
anexação poderia minar os tratados de paz de Israel com o Egito e a Jordânia,
que são um pilar importante da estratégia regional dos EUA. Além disso, esse
movimento imprudente não teria apenas consequências adversas para a segurança, mas
para a democracia de Israel.
Em 20 de
abril, uma denúncia foi feita pela J Street, o grupo judaico pró-palestino,
favorito de Obama, dizendo que no meio da pandemia Bibi teria decidido a anexar
a “Palestina ocupada e violar os direitos dos palestinos”.
Não é
surpresa que a ONU e a União Europeia logo pularam da cadeira e admoestaram
Israel para não anexar coisa alguma. Afinal, a esquerda israelense não previra
que a anexação acabaria com Israel como estado judeu, democrático, seguro e ético,
além de colocar uma pedra sobre a busca de paz com os vizinhos?
Já conhecemos
esse ponto de vista, ancorado na abordagem irracional da esquerda israelense,
que não se move da solução de dois estados e subestima os benefícios exclusivos
para Israel do "Acordo do Século" de Donald Trump. O argumento é que,
como o plano de paz de Trump é irreal, não faz sentido Israel buscar qualquer
oportunidade para anexar o vale do Jordão.
Os
comentaristas de esquerda de Israel antecipam consequências rápidas e terríveis
se Israel anexar qualquer parte da Judeia ou Samaria. Eles têm visões sombrias
desde a intensificação da violência entre Israel e os palestinos até um
rompimento das relações da Jordânia e do Egito, anulando seus tratados de paz
com Israel. Eles alertam que os Estados do Golfo que têm cooperado com Israel em
segurança e inteligência terminarão sua cooperação; a UE condenará Israel nos
termos mais fortes possíveis; o movimento BDS se intensificará; o antissemitismo
vai piorar; Israel se tornará um estado de pária; e isso é só o começo.
Essas
previsões apocalípticas, se verdadeiras, são tão aterrorizantes que impediria
qualquer chefe de estado a pensar em anexação mesmo em pequena escala. Mas já
conhecemos essas visões inflexíveis e irrealistas.
Quantas vezes
antes não ouvimos os mesmos alertas em relação a iniciativas anteriores, como a
aplicação da soberania israelense nas Colinas do Golã (1981), da unificação de
Jerusalém (1967) e até quando Ben Gurion declarou Jerusalém a capital de Israel
(1949) e de novo quando moveu os ministérios para a cidade em 1951? Como David
Ben-Gurion disse em 1955, "nosso futuro não depende do que os outros
dirão, mas do que os judeus farão".
Sobre o risco
ao acordo de paz entre Israel e Jordânia os comandantes dizem que sim, é um
risco alto por existir um suposto vínculo inquebrantável entre o reino
hashemita e o vale do Jordão. Vínculo tão inquebrantável que em 31 de julho de
1988, o falecido rei Hussein anunciou a abdicação de qualquer parte da Judeia e
Samaria, incluindo o Vale do Jordão, deixando a OLP para preencher o vazio.
Apesar de
criticarem o plano de Trump como um todo, a preocupação principal dos
jordanianos parece se concentrar no seu status em Jerusalem. O rei Abdullah
disse que, "Jerusalém é uma linha vermelha; O segundo ponto do plano que
lhes causa preocupação é o pedido dos EUA de naturalizar os refugiados
palestinos na Jordânia, que o regime considera como uma grave ameaça ao trono e
à estabilidade do país.”
A resposta da
Jordânia sobre a possibilidade de anexação israelense do vale do Jordão não
chegou nem perto de um "alerta de guerra". Isso sugere que Amã está
confiante de que pode manter a estabilidade se e quando a anexação for
implementada. Não parece que o rei Abdulla considera a abolição do tratado de
paz com Israel como uma opção realista.
Os palestinos
por seu lado alertaram que qualquer anexação israelense na Judeia e Samaria
“mataria” a solução de dois estados (como se esta “solução” já não estivesse
morta e enterrada há anos). Aí Abbas saiu fazer o que sempre faz: apelou para a
comunidade internacional para impedir qualquer esforço desse tipo sob a
cobertura do coronavírus e é claro, pedir mais dinheiro.
Ao contrário
do paradigma da "anexação sob o encobrimento do coronavírus", que
representa uma oportunidade de curto prazo, um prazo mais realista para
considerarmos é o mandato do presidente Trump. Não sabemos quem estará na Casa
Branca em 20 de janeiro de 2021, então Israel tem até o final deste ano para aplicar
a soberania israelense sobre o vale do Jordão de modo seguro.
As profecias
sombrias proclamadas por grupos "liberais" e
"progressistas" em Israel e no exterior em relação à possível
anexação do vale do Jordão são exageradas e obscurecem o significado
estratégico da região para a segurança de Israel. Como Netanyahu disse: “O
Oriente Médio é instável e violento. O vale do Jordão tem suprema importância por
ser um cinturão defensivo estratégico para Israel. Sem ele, o dilúvio
fundamentalista poderia chegar a Israel até a região do Dan.”
Como observou
o grande escritor, historiador e filósofo francês Voltaire, “as oportunidades
não devem ser negligenciadas. Eles raramente nos visitam duas vezes.
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