Através da
história, sempre nos perguntamos, ou nos perguntam, o que são os judeus? Uma
raça, uma religião, um povo, o quê?
A melhor
resposta é que somos um povo. Especialmente porque os que nos fizeram e nos
fazem sofrer, nos fizeram um povo. A dor nos uniu e esta união nos fez, de
repente, descobrir nossa força. Não que o povo judeu seja homogêneo ou partilhe
de uma mesma opinião. Estamos longe disso.
É muito fácil
ver o que acontece em Israel. Nos seus 72 anos - que comemoramos esta semana,
ela teve que lidar com muita divisão interna. Religiosos e seculares, socialistas e
capitalistas, de direita e de esquerda, Ashkenazi e Sefaradi. Há uma piada que
diz que se os árabes deixassem os israelenses em paz, Israel não duraria um
minuto.
Mas Israel
mostrou que em face de seus inimigos, o país tem uma capacidade imediata de
reunir seus recursos humanos para enfrentar a ameaça. Não tem sido fácil ou indolor
ou sem um incomensurável sacrifício, mas funcionou. Quando a aflição bate, o povo de Israel
descobre reservas de grande força para sobreviver e perseverar.
Mas e se o inimigo não for algum exército estrangeiro
ou um terrorista? Se for um vírus que pode infectar dezenas com um simples
espirro? E se Israel não for o único alvo deste inimigo? Se o alvo for o mundo
inteiro? Como Israel reagiria?
No meio do
maior desafio que o mundo enfrentou desde a Segunda Guerra Mundial, a resposta é:
reage muito bem!
Não que Israel
tenha sido perfeita. Muitas decisões sobre compra de material e equipamento
poderiam ter sido tomadas com mais rapidez. Um governo de emergência, por
exemplo, deveria ter sido formado muito antes para coordenar a resposta à
pandemia. Mas qualquer cidadão de Israel não trocaria seu lugar com alguém de
Roma, Londres, Paris, e certamente não com alguém da capital da civilização
ocidental, Nova Iorque.
A situação em
Nova Iorque continua a ser desastrosa apesar do governador do Estado Mario
Cuomo já estar anunciando estratégias para reabrir o comércio. Temos mais de
318 mil casos e 24 mil mortes somente no Estado, entre elas um número altíssimo
nas comunidades judaicas.
Israel por
seu lado tem conduzido mais testes por milhão de pessoas do que qualquer dos 35
países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico com uma
população comparável e está em oitavo lugar no menor numero de mortes com
apenas 230. Só comparando, o Brasil, que teve seu primeiro caso confirmado quatro
dias depois de Israel, teve até hoje 6.761 mortes.
Isto é
importante não para encher o peito dos políticos para se gabarem que estão
fazendo um trabalho melhor do que muitos países maiores e economicamente mais
fortes. Estes números são importantes para mostrar que apesar de todas as
dificuldades em lidar com este vírus, Israel tem tomado as decisões certas. E
há razões para isto.
Os hospitais
no país podem não ser novos ou seu equipamento pode não ser de último modelo,
mas os profissionais da área médica que aconselham o governo estão entre os
melhores do mundo.
Outra razão é
que o país - nascido e criado no calor de batalhas e guerras, não sente
estranheza frente à uma crise ou adversidade. Não é a primeira vez que o
dia-a-dia do israelense teve que ser radicalmente mudado por causa de forças
fora do seu controle. Os indisciplinados israelenses mostram uma surpreendente
disciplina em tempos de emergência e isto foi verdade também desta vez.
Trinta anos
atrás foi Saddam Hussein, hoje é um vírus nanoscópico, e no meio tempo Israel
enfrentou a primeira e a segunda intifadas, a Guerra do Líbano, e três guerras
com Gaza. A experiência de ter passado por grandes crises dá à população a
capacidade de suportá-las hoje, a confiança de saber que esta crise também vai
passar e ser superada por todos juntos, como nação.
Na vizinhança
que se encontra o Estado Judeu, é muito importante estrategicamente projetar
força e que o país tem como combater qualquer ameaça.
A mensagem
que Israel conseguiu mandar para seus inimigos durante esta crise foi muito
importante: que Israel não irá desaparecer, não com guerra e não com um vírus.
Israel é forte e muito capaz de varar todos os tipos de tempestade. Ela é forte
não só militarmente, não só tecnologicamente, não só economicamente, mas também
em sua capacidade de lidar com uma ameaça inusitada, fora do comum, como esta.
Muitos não
vão lembrar, mas em 2000, Hassan Nasrallah, o líder da Hezbollah em seu famoso
discurso para comemorar a saída de Israel do sul do Líbano, disse que o Estado
judeu, “que tem armas nucleares e os melhores jatos da região, é mais fraco do
que uma teia de aranha. Se assoprar na teia o suficiente, ela desaparece.”
A maneira
pela qual Israel e os israelenses vêm se comportando durante esta crise é ainda
mais prova de que o que Nasrallah diz é uma grande besteira. Ainda mais pelo
fato dela ter surgido na onda de uma terceira eleição em 11 meses e muita
desunião interna em Israel. Mas mesmo assim, o país se uniu, demonstrando uma
solidariedade impressionante.
O
septuagésimo segundo ano de Israel foi o ano de seu povo, quando ele provou ser
melhor do que os políticos e líderes. Os políticos que dividiram a população
sem dó, e foram negligentes com a necessidade mais básica de um país: dar aos
governados um governo estável.
Mas mesmo
assim, o povo foi à frente nesta batalha.
Está sendo um
ano de desafios, mas um ano que mostrou que o Estado Judeu pode vencer e
prosperar em face de todo o tipo de adversidade - vindos de dentro, de fora de
suas fronteiras, da mãe natureza e de laboratórios chineses.
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