Sunday, May 10, 2020

O Presente de Grego de John Kerry a Israel - 10/5/2020


Em janeiro de 2016, a Agência Internacional de Energia Atômica certificou que o Irã havia cumprido todas as obrigações que havia assumido no acordo nuclear que havia assinado com os Estados Unidos e a Europa. O governo Obama respondeu que: "Isso garantirá que o programa nuclear do Irã seja e permaneça exclusivamente pacífico". Naquela época, a Casa Branca garantiu ao Congresso e ao povo americano que o acordo se aplicava apenas ao programa de armas nucleares do Irã, e não a nenhuma de suas outras atividades nefastas.

Para tranquilizar a maioria do público americano que era contra o acordo com o maior patrocinador estatal do terrorismo mundial, a Casa Branca disse que: “as sanções contra armas convencionais permanecerão iguais”. O site oficial da Casa Branca inclusive publicou em letras maiúsculas e em negrito que “NO ACORDO COM O IRÃ, SOMENTE AS SANÇÕES RELACIONADAS COM O PROGRAMA NUCLEAR SERÃO LEVANTADAS”. Só para enfatizar.  

Mas no mês passado, o secretário de Estado Mike Pompeo foi forçado a iniciar um processo para estender o embargo de armas ao Irã que está programado para terminar em outubro. E aí? O presidente Obama não tinha prometido que o acordo nuclear era apenas sobre questões nucleares?

Este foi um dos grandes truques de Obama, aquele, que se gabava de ter a administração mais transparente da história. Ele propositadamente ocultou o fato do Acordo Nuclear e a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (UNSCR) 2231 - que deveria confirmar o acordo - não serem o mesmo documento, permitindo que os EUA e o Irã mantivessem uma ficção. A ficção sobre a extensão real do acordo e o que seria respeitado.

Foi um choque para esta administração e para o povo americano que agora precisem lidar com as compras iranianas de armas convencionais que Obama aparentemente prometeu ainda estariam baixo a sanções.

Nada disso deve ser uma surpresa.

Em 2015, o ministro das Relações Exteriores do Irã Mohammad Zarif e o vice-ministro das Relações Exteriores Abbas Araghchi deixaram claro que consideravam os dois documentos completamente diferentes. Na época, Araghchi disse que “deixamos claro que não haveria acordo se incluissem os embargos de armas e mísseis no acordo nuclear”.

O presidente iraniano Hassan Rouhani disse após o acordo nuclear que: “Não havia nada nele sobre mísseis, defesa e armas. O que existe está na Resolução 2231 do [Conselho de Segurança da ONU] .... Nesta nova resolução, foram propostas restrições em vez de sanções. A exportação e importação de armas foi convertida de uma proibição permanente para uma restrição de cinco anos. ”

Assim, o ex-secretário de Estado John Kerry enterrou a proibição a longo prazo e aceitou uma restrição de meros cinco anos à venda de armas convencionais. E Kerry considerou isso um sucesso. Ele disse que se não aceitasse acabar com a proibição em cinco anos, todo o acordo nuclear teria desmoronado.

Kerry se dobrou à vontade dos iranianos e agora, 5 anos mais tarde, estamos lidando com um estado terrorista capaz de comprar sistemas sofisticados de armas em menos de seis meses. E porque isso é importante? Porque sabemos que o Irã continuou a trabalhar em seu programa de mísseis balísticos. E pior, no final de abril último, o Irã conseguiu lançar um satélite militar ao espaço, mostrando que está avançando rapidamente em sua capacidade de acoplar uma ojiva nuclear a um míssil balístico.

Estamos a apenas alguns meses do Irã poder comprar armas convencionais com total aprovação internacional. E em mais dois anos poderão comprar mísseis balísticos livremente.

O secretário Pompeo, preocupado com a segurança dos EUA e suas tropas no Oriente Médio, está tentando estender o embargo de armas convencionais, alegando que a América continua a ser parte da Resolução 2231 do CS, apesar de ter se retirado do Acordo Nuclear.

O governo Obama criou a ficção de que o Acordo Nuclear e a Resolução da ONU 2231 eram os mesmos, usando suas diferenças quando conveniente. Trump agora parece estar adotando a "estratégia de pressionar o Conselho de Segurança da ONU a estender um embargo de armas a Teerã ou a impor sanções muito mais rigorosas".

Esta será uma batalha difícil, porque a Rússia, China, Alemanha e França vão alegar que, ao se retirar do acordo nuclear, Trump também se retirou da resolução do conselho de Segurança. Todos estes países estão na fila (especialmente a Rússia) para vender armas para o Irã. Todos sedentos por dinheiro na era pós-COVID-19, e ainda com a vantagem de enfiar o dedo no olho de Donald Trump.

Especialmente a Alemanha e a França, os autoproclamados bastiões dos direitos humanos, ignoram que armas nas mãos destes aiatolás só irão fortalecer sua política expansionista que incluiu o genocídio sírio. E suas milícias que transformaram o Iraque em um fantoche iraniano.

A Alemanha, a França e o Reino Unido fizeram parte do coro de Obama que não apenas vendeu o Acordo Nuclear como a única maneira de interromper o programa nuclear iraniano, mas como uma maneira de incentivar o Irã a retornar à família de nações. Todos garantiram aos céticos que isso moderaria o comportamento iraniano. Alguém viu alguma moderação??

Considerando que apenas 10 dias após o acordo do JCPOA, o Irã enviou seu terrorista-chefe Qasem Soleimani à Rússia para criar um plano para dividir a Síria, você pensaria que essas democracias pensariam duas vezes antes de vender armas para o Irã. Mas dinheiro é dinheiro. A única coisa que impedirá a Alemanha e a França seria Trump sancionar as indústrias desses países. Se eles acham que podem se safar da venda de armas ao Irã sem penalidade financeira, eles o farão.

E Israel será o primeiro país afetado. Apesar de todas as ações militares de Israel na Síria e até no Iraque contra bases iranianas, a hegemonia regional e a presença física na fronteira com Israel, é algo muito importante para o Irã. Eles querem fazer na Síria o que fizeram no sul do Líbano. Israel não pode permitir dezenas de milhares de mísseis em mais uma fronteira sua ou mísseis balísticos lançados de bases iranianas na Síria ou Iraque.

Não importa o que se pense sobre o acordo com o Irã, a pergunta fica: como as democracias, em sã consciência, podem apoiar a venda de armas para a República Islâmica neste ano?


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