Em janeiro de
2016, a Agência Internacional de Energia Atômica certificou que o Irã havia
cumprido todas as obrigações que havia assumido no acordo nuclear que havia
assinado com os Estados Unidos e a Europa. O governo Obama respondeu que:
"Isso garantirá que o programa nuclear do Irã seja e permaneça
exclusivamente pacífico". Naquela época, a Casa Branca garantiu ao
Congresso e ao povo americano que o acordo se aplicava apenas ao programa de
armas nucleares do Irã, e não a nenhuma de suas outras atividades nefastas.
Para
tranquilizar a maioria do público americano que era contra o acordo com o maior
patrocinador estatal do terrorismo mundial, a Casa Branca disse que: “as sanções
contra armas convencionais permanecerão iguais”. O site oficial da Casa Branca inclusive
publicou em letras maiúsculas e em negrito que “NO
ACORDO COM O IRÃ, SOMENTE AS SANÇÕES RELACIONADAS COM O PROGRAMA NUCLEAR SERÃO
LEVANTADAS”. Só para enfatizar.
Mas no mês
passado, o secretário de Estado Mike Pompeo foi forçado a iniciar um processo
para estender o embargo de armas ao Irã que está programado para terminar em
outubro. E aí? O presidente Obama não tinha prometido que o acordo nuclear era
apenas sobre questões nucleares?
Este foi um dos
grandes truques de Obama, aquele, que se gabava de ter a administração mais
transparente da história. Ele propositadamente ocultou o fato do Acordo Nuclear
e a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (UNSCR) 2231 - que
deveria confirmar o acordo - não serem o mesmo documento, permitindo que os EUA
e o Irã mantivessem uma ficção. A ficção sobre a extensão real do acordo e o
que seria respeitado.
Foi um choque
para esta administração e para o povo americano que agora precisem lidar com as
compras iranianas de armas convencionais que Obama aparentemente prometeu ainda
estariam baixo a sanções.
Nada disso deve ser uma surpresa.
Em 2015, o
ministro das Relações Exteriores do Irã Mohammad Zarif e o vice-ministro das
Relações Exteriores Abbas Araghchi deixaram claro que consideravam os dois
documentos completamente diferentes. Na época, Araghchi disse que “deixamos claro
que não haveria acordo se incluissem os embargos de armas e mísseis no acordo nuclear”.
O presidente
iraniano Hassan Rouhani disse após o acordo nuclear que: “Não havia nada nele
sobre mísseis, defesa e armas. O que existe está na Resolução 2231 do [Conselho
de Segurança da ONU] .... Nesta nova resolução, foram propostas restrições em
vez de sanções. A exportação e importação de armas foi convertida de uma
proibição permanente para uma restrição de cinco anos. ”
Assim, o
ex-secretário de Estado John Kerry enterrou a proibição a longo prazo e aceitou
uma restrição de meros cinco anos à venda de armas convencionais. E Kerry considerou
isso um sucesso. Ele disse que se não aceitasse acabar com a proibição em cinco
anos, todo o acordo nuclear teria desmoronado.
Kerry se
dobrou à vontade dos iranianos e agora, 5 anos mais tarde, estamos lidando com
um estado terrorista capaz de comprar sistemas sofisticados de armas em menos
de seis meses. E porque isso é importante? Porque sabemos que o Irã continuou a
trabalhar em seu programa de mísseis balísticos. E pior, no final de abril
último, o Irã conseguiu lançar um satélite militar ao espaço, mostrando que
está avançando rapidamente em sua capacidade de acoplar uma ojiva nuclear a um
míssil balístico.
Estamos a
apenas alguns meses do Irã poder comprar armas convencionais com total
aprovação internacional. E em mais dois anos poderão comprar mísseis balísticos
livremente.
O secretário
Pompeo, preocupado com a segurança dos EUA e suas tropas no Oriente Médio, está
tentando estender o embargo de armas convencionais, alegando que a América
continua a ser parte da Resolução 2231 do CS, apesar de ter se retirado do Acordo
Nuclear.
O governo Obama
criou a ficção de que o Acordo Nuclear e a Resolução da ONU 2231 eram os
mesmos, usando suas diferenças quando conveniente. Trump agora parece estar adotando
a "estratégia de pressionar o Conselho de Segurança da ONU a estender um
embargo de armas a Teerã ou a impor sanções muito mais rigorosas".
Esta será uma
batalha difícil, porque a Rússia, China, Alemanha e França vão alegar que, ao
se retirar do acordo nuclear, Trump também se retirou da resolução do conselho
de Segurança. Todos estes países estão na fila (especialmente a Rússia) para vender
armas para o Irã. Todos sedentos por dinheiro na era pós-COVID-19, e ainda com
a vantagem de enfiar o dedo no olho de Donald Trump.
Especialmente
a Alemanha e a França, os autoproclamados bastiões dos direitos humanos, ignoram
que armas nas mãos destes aiatolás só irão fortalecer sua política expansionista
que incluiu o genocídio sírio. E suas milícias que transformaram o Iraque em um
fantoche iraniano.
A Alemanha, a
França e o Reino Unido fizeram parte do coro de Obama que não apenas vendeu o Acordo
Nuclear como a única maneira de interromper o programa nuclear iraniano, mas
como uma maneira de incentivar o Irã a retornar à família de nações. Todos
garantiram aos céticos que isso moderaria o comportamento iraniano. Alguém viu
alguma moderação??
Considerando
que apenas 10 dias após o acordo do JCPOA, o Irã enviou seu terrorista-chefe
Qasem Soleimani à Rússia para criar um plano para dividir a Síria, você
pensaria que essas democracias pensariam duas vezes antes de vender armas para
o Irã. Mas
dinheiro é dinheiro. A única coisa que impedirá a Alemanha e a França seria
Trump sancionar as indústrias desses países. Se eles acham que podem se safar
da venda de armas ao Irã sem penalidade financeira, eles o farão.
E Israel será
o primeiro país afetado. Apesar de todas as ações militares de Israel na Síria
e até no Iraque contra bases iranianas, a hegemonia regional e a presença
física na fronteira com Israel, é algo muito importante para o Irã. Eles querem
fazer na Síria o que fizeram no sul do Líbano. Israel não pode permitir dezenas
de milhares de mísseis em mais uma fronteira sua ou mísseis balísticos lançados
de bases iranianas na Síria ou Iraque.
Não importa o
que se pense sobre o acordo com o Irã, a pergunta fica: como as democracias, em
sã consciência, podem apoiar a venda de armas para a República Islâmica neste ano?
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