Sunday, July 4, 2021

O Duvidoso e Sufocante Abraço de Biden - 04/07/2021

 Na segunda-feira passada, o presidente americano, Joe Biden, encontrou-se com o presidente israelense, Reuven Rivlin, na Casa Branca. A conversa se resumiu em Biden tentar assegurar a Israel que não toleraria um Irã nuclear.

Biden disse: o que posso dizer é que o Irã nunca terá uma arma nuclear enquanto eu for presidente”. Em resposta, Rivlin disse estar "muito satisfeito" com a declaração de Biden e que teria sentido confiança de que a América defenderia os interesses de Israel.

Isso deveria ser, mas não é motivo de comemoração.

Biden tem só outros 3 anos e meio ou talvez outros 7 anos e meio, se for reeleito para impedir que o Irã chegue à bomba nuclear. Mas o acordo que Biden está tão ansioso para retomar, o JCPOA (o Acordo Nuclear com o Irã) permite ao Irã continuar com a pesquisa e o desenvolvimento de armas nucleares. E pior. Permite ao Irã, depois de 2028, de sim obter a bomba nuclear. No meio tempo, as sanções contra os mulás seriam suspensas, enchendo seus cofres, lhes permitindo patrocinar grupos terroristas no Oriente Médio e em outros locais, especialmente a Hezbollah no Líbano, o Hamas em Gaza, os Houthis do Yemen, as milicias xiitas no Iraque e o governo da Síria. Isto aumentará a influência e a ameaça iraniana até que calmamente, com o passar dos anos, eles possam obter a bomba nuclear. Legalmente. E aí ninguém mais os segurará.

Biden deixou claro que ele está jogando a bola, ou melhor, o abacaxi, para outro descascar.  A declaração que ele fez foi inequívoca: ele vai adiar o problema até que outra pessoa esteja na Casa Branca – que, interessante, é exatamente o que o presidente Obama fez. Tanto Obama quanto Biden seguiram esse caminho porque os Estados Unidos governados por eles, não querem fazer o que é realmente necessário para impedir os iranianos de obterem a bomba: que é atacar seu complexo nuclear militar com força esmagadora.

Não podemos esquecer que em seu primeiro mandato como presidente, Obama declarou que sua política era prevenir que o Irã adquirisse a bomba nuclear. Mas em seu segundo mandato ele mudou a retórica para disse querer “conter” a bomba iraniana abdicando seu compromisso de impedir o Irã de adquirir armas nucleares.

O acordo nuclear que Obama assinou em 2015, deixou o Irã a poucos passos do enriquecimento necessário para uma bomba. Mesmo assim, o Irã violou todos os aspectos do acordo, começando no dia seguinte à sua assinatura. Hoje o Irã está às portas de produzir uranio enriquecido o suficiente para a bomba.

Além disso, como já comentei, as principais proibições do acordo começam a expirar em 2028, no último ano da administração Biden se ele for reeleito. Aí então o Irã estará livre para avançar todos os seus esforços para obter armamentos nucleares sem quaisquer restrições.

Biden decidiu reengajar o Irã e voltar para o desastroso acordo de Obama para chutar o problema para outro. E para assegurar que o Irã fique “calmo” durante sua administração, ele quer suspender as sanções econômicas mais efetivas contra esse governo assassino.

Não é por nada que a agência de notícias iranianas Tasnim publicou um artigo extenso sobre os próximos passos de Biden no Oriente Médio. O Irã está assistindo sorridente a retirada das tropas americanas do Afeganistão e espera que elas saiam de outros locais como o Iraque e a Síria.

Biden não entende que se as sanções forem suspensas e as tropas americanas saírem do Oriente Médio, os mulás serão fortalecidos de tal modo que não haverá como traze-los para qualquer mesa de negociação sobre seu programa nuclear, seu programa de armas balísticas ou suas atividades terroristas na região.

Como se os aiatolás Khamenei, Rouhani e o recém-escolhido Raisi que é ainda mais extremistas que os outros, estivessem mesmo dispostos a abandonar seus esforços de 40 anos para exportar a revolução islâmica, construir uma bomba nuclear, destruir Israel e ocupar os países sunitas ao seu redor!

Ou como se os "aliados da América" ​​(os europeus covardes e os russos ganaciosos) estivessem engajados em convencer o Irã a adotar uma “nova estratégia abrangente” que não inclua atacar Israel e ao resto da região. Como se hoje estes “aliados americanos” não estivessem correndo para fechar negócios milionários com os iranianos.

Não faz sentido passar de uma política de pressão máxima sobre o Irã, alcançada com Trump, para uma de concessões máximas e, acreditar que os EUA terão influência para negociar um acordo "mais longo, mais forte e mais amplo" como diz Biden.

Na semana passada, o secretário de Estado Anthony Blinken declarou que chegará uma hora que não será mais possível voltar ao acordo de 2015. Por seu lado, o Irã está colocando as mangas de fora declarando que não irá cumprir nada do acordo se os Estados Unidos não suspenderem todas as sanções imediatamente.

Tudo isso leva a crer que a volta ao acordo de 2015 ou a negociação de um novo acordo está longe de ser concluída.

Mas com acordo ou sem acordo, se Biden está falando sério sobre se certificar que o Irã não irá construir uma bomba nuclear, ele deve desenvolver uma ameaça militar crível e dissuasora contra o Irã. Isso inclui uma ameaça militar israelense independente, implementável e semi-aberta contra o Irã.

Biden ainda deve apoiar o esforço contínuo de Israel contra alvos terroristas e nucleares na Síria e no Iraque, e no próprio Irã; deve fornecer a Israel munições que penetram instalações subterrâneas; e encorajar abertamente uma cooperação militar mais estreita entre Israel e os estados do Golfo Árabe.

Sem isso, um acordo com o Irã valerá o papel aonde foi escrito. O Irã não mudará seu comportamento.

Apesar de se mostrar “satisfeito”, o presidente Rivlin, o primeiro-ministro Bennett, o ministro da Defesa Gantz, o ministro das Relações Exteriores Lapid (e o chefe de gabinete do IDF, Aviv Kochavi) entendem essas realidades. Eles sabem o está por detrás das tapinhas nas costas e sorrisos falsos de Biden.

É claro que é importante renovar a cooperação entre Israel e o partido democrata em Washington. Além do Irã existem outros problemas sérios de antissemitismo que está descontrolado na América. Entre outros ataques na semana passada, um rabino do Chabad, Shlomo Noginski, foi esfaqueado múltiplas vezes na frente da escola judaica do bairro de Brighton em Boston.

Se como esperamos o Irã se recusar a entrar novamente no Acordo Nuclear, os EUA e Israel estarão novamente do mesmo lado na política iraniana e poderão então chegar em uma estratégia conjunta em relação ao Irã. Mas, enquanto isso, cuidado com o abraço de Biden. Pode ser debilitante e eviscerante. Na questão mais crítica para a segurança e proteção a longo prazo de Israel, Jerusalém não pode ceder.

 

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