Na segunda-feira passada, o presidente americano, Joe Biden, encontrou-se com o presidente israelense, Reuven Rivlin, na Casa Branca. A conversa se resumiu em Biden tentar assegurar a Israel que não toleraria um Irã nuclear.
Biden
disse: “o que posso dizer é que o Irã nunca terá uma arma nuclear enquanto eu for presidente”. Em
resposta, Rivlin disse estar "muito satisfeito" com a declaração de Biden e que teria sentido confiança
de que a América defenderia os interesses de Israel.
Isso
deveria ser, mas não é motivo de comemoração.
Biden
tem só outros 3 anos e meio ou talvez outros 7 anos e meio, se for reeleito para
impedir que o Irã chegue à bomba nuclear. Mas o acordo que Biden está tão ansioso
para retomar, o JCPOA (o Acordo Nuclear com o Irã) permite ao Irã continuar com
a pesquisa e o desenvolvimento de armas nucleares. E pior. Permite ao Irã,
depois de 2028, de sim obter a bomba nuclear. No meio tempo, as sanções contra
os mulás seriam suspensas, enchendo seus cofres, lhes permitindo patrocinar grupos
terroristas no Oriente Médio e em outros locais, especialmente a Hezbollah no
Líbano, o Hamas em Gaza, os Houthis do Yemen, as milicias xiitas no Iraque e o
governo da Síria. Isto aumentará a influência e a ameaça iraniana até que calmamente,
com o passar dos anos, eles possam obter a bomba nuclear. Legalmente. E aí ninguém
mais os segurará.
Biden deixou claro que ele está jogando a
bola, ou melhor, o abacaxi, para outro descascar. A declaração que ele fez foi
inequívoca: ele vai adiar o problema até que outra pessoa esteja na Casa Branca – que, interessante, é exatamente o que o presidente Obama fez. Tanto Obama quanto Biden
seguiram esse caminho porque os Estados
Unidos governados por eles, não querem fazer o que é realmente
necessário para impedir os iranianos de obterem a bomba: que é atacar seu complexo nuclear militar com força esmagadora.
Não
podemos esquecer que em seu primeiro mandato como presidente, Obama declarou
que sua política era prevenir que o Irã adquirisse a bomba nuclear. Mas em seu
segundo mandato ele mudou a retórica para disse querer “conter” a bomba
iraniana abdicando seu compromisso de impedir o Irã de adquirir armas
nucleares.
O
acordo nuclear que Obama assinou em 2015, deixou o Irã a poucos passos do
enriquecimento necessário para uma bomba. Mesmo assim, o Irã violou todos os
aspectos do acordo, começando no dia seguinte à sua assinatura. Hoje o Irã está
às portas de produzir uranio enriquecido o suficiente para a bomba.
Além
disso, como já comentei, as principais proibições do acordo começam a expirar
em 2028, no último ano da administração Biden se ele for reeleito. Aí então o
Irã estará livre para avançar todos os seus esforços para obter armamentos nucleares
sem quaisquer restrições.
Biden
decidiu reengajar o Irã e voltar para o desastroso acordo de Obama para chutar o
problema para outro. E para assegurar que o Irã fique “calmo” durante sua
administração, ele quer suspender as sanções econômicas mais efetivas contra esse
governo assassino.
Não
é por nada que a agência de notícias iranianas Tasnim publicou um artigo
extenso sobre os próximos passos de Biden no Oriente Médio. O Irã está assistindo
sorridente a retirada das tropas americanas do Afeganistão e espera que elas
saiam de outros locais como o Iraque e a Síria.
Biden
não entende que se as sanções forem suspensas e as tropas americanas saírem do
Oriente Médio, os mulás serão fortalecidos de tal modo que não haverá como traze-los
para qualquer mesa de negociação sobre seu programa nuclear, seu programa de
armas balísticas ou suas atividades terroristas na região.
Como se os aiatolás Khamenei, Rouhani
e o recém-escolhido Raisi que
é ainda mais extremistas que os outros, estivessem mesmo dispostos a abandonar seus esforços de 40 anos para exportar a revolução islâmica,
construir uma bomba nuclear,
destruir Israel e ocupar os países sunitas ao seu redor!
Ou
como se os "aliados da América" (os europeus covardes e
os russos ganaciosos) estivessem engajados em convencer o
Irã a adotar uma “nova estratégia abrangente” que
não inclua
atacar Israel e ao resto da região. Como se hoje estes “aliados americanos” não
estivessem correndo para fechar negócios milionários com os iranianos.
Não faz sentido passar de uma
política de pressão máxima sobre o Irã, alcançada com Trump, para uma de concessões máximas e, aí acreditar que os EUA terão influência para negociar um acordo "mais
longo, mais forte e mais amplo" como diz Biden.
Na
semana passada, o secretário de Estado Anthony Blinken declarou que chegará uma
hora que não será mais possível voltar ao acordo de 2015. Por seu lado, o Irã
está colocando as mangas de fora declarando que não irá cumprir nada do acordo
se os Estados Unidos não suspenderem todas as sanções imediatamente.
Tudo
isso leva a crer que a volta ao acordo de 2015 ou a negociação de um novo
acordo está longe de ser concluída.
Mas
com acordo ou sem acordo, se Biden está falando sério sobre se certificar que o Irã não
irá construir uma bomba nuclear, ele deve desenvolver uma ameaça militar crível
e dissuasora contra o Irã. Isso inclui uma ameaça
militar israelense independente, implementável e semi-aberta contra o Irã.
Biden ainda deve apoiar o esforço contínuo de Israel contra alvos terroristas e
nucleares na Síria e no Iraque, e no próprio Irã; deve fornecer a Israel munições que penetram instalações subterrâneas; e encorajar abertamente uma cooperação militar mais estreita entre
Israel e os estados do Golfo
Árabe.
Sem isso, um acordo com o Irã valerá o papel aonde foi escrito. O Irã não mudará seu comportamento.
Apesar
de se mostrar “satisfeito”, o presidente Rivlin, o
primeiro-ministro Bennett, o ministro da Defesa Gantz, o ministro das Relações
Exteriores Lapid (e o chefe de gabinete do IDF, Aviv Kochavi) entendem essas
realidades. Eles
sabem o está por detrás das tapinhas nas
costas e sorrisos falsos de Biden.
É claro
que é importante renovar a cooperação entre Israel e o partido democrata em
Washington. Além do Irã existem outros problemas sérios de
antissemitismo que está descontrolado na América. Entre outros ataques na
semana passada, um rabino do Chabad, Shlomo Noginski, foi esfaqueado múltiplas vezes
na frente da escola judaica do bairro de Brighton em Boston.
Se como esperamos o Irã se recusar a entrar novamente no Acordo Nuclear, os EUA e Israel estarão novamente do
mesmo lado na política iraniana e poderão então chegar em uma
estratégia conjunta em relação ao Irã. Mas, enquanto
isso, cuidado com o abraço de Biden. Pode ser debilitante e eviscerante. Na
questão mais crítica para a segurança e proteção a longo prazo de Israel,
Jerusalém não pode ceder.
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