O
mesmo pode ser dito sobre Joe Biden.
O
apaziguamento surge do desejo genuíno de evitar a guerra. Mas, como seu enorme
fracasso ficou provado nos anos 30, é impossível confiar na palavra dos
tiranos. Hitler era um tirano. Stalin era um tirano. O presidente Xi Jinping da
China, que instalou dezenas de campos de concentração que realizam o genocídio
dos uigures – enquanto continua a destruição da cultura tibetana e a repressão
de Hong Kong – é um tirano. Vladimir Putin é um tirano maligno. O aiatolá Ali
Khamenei do Irã tem um longo histórico de caos e ódio – mais um tirano.
O
fato de tiranos poderem ser talentosos em suas crueldades não os torna menos
malignos ou mais confiáveis – apenas mais perigosos.
Mas
Biden com sua visão estreita, não permitirá que os fatos sobre Xi Jinpin, Putin
e Khamenei atrapalhem seu novo “acordo” com o Irã, e apesar do Irã ter lançado
mísseis em direção à embaixada americana no Curdistão há apenas 2 semanas. Os
fanáticos religiosos de Teerã estão ligados a Putin e à agência nuclear estatal
russa Rosatom, que tem um contrato para construir outros dois reatores no Irã. Como
se um dos maiores de produtores de petróleo e gás natural do mundo precisasse
de tantas usinas atômicas para gerar energia. A Rosatom depositará 10 bilhões de
dólares nessa parte do “acordo”. Não sabemos qual é a “comissão” de Putin, mas
sempre há uma comissão para o tirano.
Xi
Jinpin, se recusou a condenar as atrocidades de Putin na Ucrânia. Além disso,
se absteve de votar em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando
a invasão e ainda pode estar fornecendo armas para os russos apesar das objeções
americanas. O trio tem outros parceiros juniores em todo o mundo, como Kim Jong
Un na Coreia do Norte e Nicolás Maduro na Venezuela. O que o Ocidente precisa
agora, é não os tornar mais fortes.
O
iminente “acordo” nuclear com o Irã é incompreensível. Ele nem se refere às atividades
do Irã que apoiam o terrorismo em todo o Oriente Médio. O acordo ainda irá provavelmente
suspender as sanções ao Irã, removendo as designações terroristas de indivíduos
e organizações, inclusive da Guarda Revolucionaria Iraniana, e abrirá caminho
para a venda de petróleo iraniano – enchendo o país de petrodólares que irão financiar
o desenvolvimento de mísseis balísticos e os grupos terroristas que o Irã apoia
em todo o mundo, como o Hamas, a Hezbollah, os Houthis e as milicias
iraquianas. Se hoje os tentáculos do Irã podem ser sentidos até na América
Latina, o que será depois deste acordo?
Os
aliados árabes sunitas como os Emirados e os sauditas veem a América novamente
se aproximando do Irã e isso tem um impacto importante. Sem falar de Israel que
corre um risco existencial com estes aiatolás lunáticos.
A
fraqueza da América é palpável. Biden sinalizou a Putin que a invasão da
Ucrânia não seria recebida com uma resposta dura do Ocidente. E isso é o que de
fato está acontecendo. Mas a luz verde para Putin foi a saída estabanada, mal
planejada e mortífera dos americanos do Afeganistão em agosto do ano passado. Putin viu aquele fiasco como uma demonstração de
covardia e uma indicação de que a América está em declínio.
E
não parou por aí. A América chegou a tal ponto de desrespeito próprio, que
continua a ter a Rússia, hoje, como sua representante nas tratativas com o Irã.
Ninguém acredita que o Irã vai engavetar seu sonho de uma arma nuclear ou
cessará repentinamente seu apoio aos grupos terroristas no Oriente Médio. Este
acordo trata apenas de chutar a lata rua abaixo – e se Biden e o mundo podem
fazer isso agora e não precisam pensar no Irã por algum tempo, que assim seja.
Desde
o início da administração de Biden, Israel tem se mantida calada. Ela entendeu
que teria que lidar com o Irã sozinha pois Biden quer comprar um Irã sem a
bomba nuclear somente até o fim de seu mandato.
Mas
na sexta-feira, o primeiro-ministro Naftali Bennett e o ministro das Relações
Exteriores Yair Lapid quebraram seu longo silêncio sobre o Irã e advertiram Joe
Biden, sobre remover a Guarda Revolucionária Islâmica da lista de organizações
terroristas.
“Achamos
difícil acreditar que a designação da Guarda Revolucionária como organização
terrorista será removida em troca de uma promessa dela não prejudicar a América”,
disseram os dois. “A luta contra o terrorismo é global, uma missão
compartilhada por todo o mundo.” “Acreditamos que os Estados Unidos não
abandonarão seus aliados mais próximos em troca de promessas vazias de
terroristas”, eles disseram.
Foi
uma declaração forte que mostrou que Israel não perdeu completamente sua voz na
luta contra um outro acordo com o Irã e as concessões que estão sendo discutidas,
que só fortalecerão a República Islâmica.
Como
na época de Netanyahu, Israel tem que mostrar ao mundo que ela não vai ficar
parada esperando o Irã obter uma arma nuclear. Até agora, Benett e Lapid explicaram seu
silêncio como uma estratégia de poder trabalhar com os EUA e a Europa depois da
assinatura deste acordo inevitável. Esta é a estratégia dos apaziguadores. Os líderes
israelenses precisam mostrar seu descontentamento com estas negociações e que
nenhum acordo é inevitável.
E há
outra razão mais importante. Uma das
lições que aprendemos com a invasão da Ucrânia é que o Ocidente não está
disposto a ir muito longe no caso de um conflito com uma potência nuclear. Putin
está literalmente destruindo a Ucrânia. Não só alvos militares, mas escolas,
hospitais, universidades, áreas residenciais, tudo. Quando Putin fala para a América
pular, Biden pergunta, a que altura? Tudo pelo fato da Rússia ter um poderoso
arsenal nuclear.
Isso
explica o problema exato com o Irã. Se o mundo está mostrando medo de enfrentar
o Irã agora, o que fará quando os aiatolás tiverem armas nucleares?
A
resposta é óbvia – Nada. E em vez de confrontar o Irã agora – quando está mais
fraco e vulnerável – o mundo quer fazer um acordo que tornará quase impossível
fazer qualquer coisa.
É
por isso que Israel precisa levantar sua voz agora para impedir que esse acordo
aconteça, porque no momento em que ele for assinado, o mundo perderá o
interesse e qualquer reclamação ou tentativa de Israel de alertar sobre
descumprimentos ou que Teerã está minando a estabilidade regional serão vistas
como um incômodo. Em outras palavras, o silêncio é um sinal de fraqueza e não
de força.
Israel
não tem escolha a não ser permanecer – mesmo por conta própria – como a voz da
razão durante este processo. Não é para poder dizer depois “nós avisamos”, mas
porque precisa, ainda agora, dar o alerta e explicar quais serão as
consequências deste famigerado acordo.
Em
setembro de 1938 Chamberlain declarou “paz para o nosso tempo” quando retornou
à Inglaterra com o fútil “Acordo de Munique”. Um ano depois, o mundo mergulhava
em uma guerra cataclísmica. A nova versão do apaziguamento está armando
tardiamente a Ucrânia e ao mesmo tempo, dando poder a Putin (e o paga
indiretamente) sobre o acordo com o Irã.
A
Ucrânia pode perseverar com a nossa ajuda. A China pode ser dissuadida com demonstrações
militares e especialmente a expansão da Marinha Americana no Mar do Sul da
China. O Irã deve permanecer um pária até que concorde em desmantelar seu
programa nuclear, cesse a terceirização do terrorismo com os Houthis, a
Hezbollah e o Hamas e concorde em retornar para a comunidade das nações em paz.
O
apaziguamento nunca funcionou. Ele não funcionou para Chamberlain. Ele não
funcionará com Putin. E não funcionará para Biden com o Irã.
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