Sunday, November 13, 2022

Biden: O Marionete Russo - 13/11/2022

 

A história começa no início dos anos 2000, quando o então chanceler alemão Gerhard Schroeder teve a brilhante ideia de promover relações entre Berlim e Moscou. Ele chegou a oferecer à Rússia parceria na EADS, uma multinacional europeia de defesa e potência aeroespacial. Em novembro de 2004, Schroeder chamou o presidente russo Vladimir Putin de "democrata impecável". No mesmo ano, Schroeder também elogiou o autocrata islâmico da Turquia, na época o primeiro-ministro e hoje presidente, Recep Tayyip Erdoğan como um "grande reformador".

Alguns dias depois de Schroeder ter deixado o cargo de chanceler, ele recebeu um telefonema de seu amigo Putin. Daí para a frente, Schroeder tem trabalhado para empresas estatais russas de energia, incluindo a Nord Stream AG, a Rosneft e a Gazprom, com um salário de US$ 1 milhão por ano. Em março deste ano, o Procurador-Geral da Alemanha iniciou um processo contra Schroeder por sua cumplicidade em crimes contra a humanidade devido ao seu papel em empresas estatais russas.

Em 2008, o "democrata impecável" Putin invadiu a Geórgia. O Ocidente ficou chocado. Os críticos de Putin ficaram chocados com o choque do Ocidente. Em 2014, Putin invadiu a Península da Criméia, território soberano da Ucrânia e a anexou. O Ocidente continuou chocado.

Em fevereiro deste ano, Putin novamente invadiu a Ucrânia e anexou mais outros territórios. O Ocidente se disse chocado. Não deveria ter ficado. Como se diz em inglês, me engane uma vez, a vergonha é sua, me engane duas vezes, a vergonha é minha.

Em 1972, as exportações de gás natural da União Soviética representavam cerca de 4% do consumo da Europa. Em 2021, a Rússia já fornecia quase 40% do gás da Europa. À medida que aumentou sua participação de mercado também aumentou a capacidade da Russia de manipular preços e desencadear crises. A maioria dos europeus agora reconhece que essa dependência da Rússia representa um grande erro estratégico. Tarde demais. Esta louca "transição para energia verde" da Europa apresenta uma grande falha: depende das importações de gás da Rússia que não tem qualquer problema em explorar energia suja para que o Ocidente se sinta limpo.

Em 2017, surgiu uma alternativa ao fornecimento de energia da Rússia. Os governos da Itália, Grécia, Chipre e Israel assinaram uma declaração para desenvolver o Gasoduto do Mediterrâneo Oriental (EastMed), um projeto de gasoduto de 1.900 km ao custo de US$ 6,7 bilhões para conectar as reservas de gás de Israel e Chipre para a Grécia e daí para a Europa. O gasoduto teria capacidade inicial para transportar 10 bilhões de metros cúbicos de gás por ano (bmc/a) para a Grécia, Itália e outros países do sudeste europeu. A capacidade seria então aumentada para um máximo de 20 bmc/a na segunda fase. O projeto foi definido como "de Interesse Comum" (PCI) pelos governos europeus.

O EastMed melhoraria a segurança energética da Europa, diversificando suas rotas e fontes de fornecimento de gás e permitindo acesso direto aos campos de produção, reduzindo a dependência da Rússia. Isso proporcionaria uma oportunidade para Chipre, membro da União Europeia, se conectar à rede de gás europeia, o que aumentaria ainda mais o comércio de gás no sudeste da Europa.

Mas a Turquia, após um isolamento internacional punitivo após várias crises diplomáticas com Israel, ameaçou militarmente a EastMed. Em contraste, outros países da região, como Egito, Jordânia, Líbano e os estados do Golfo, apoiaram o projeto, também favorecido pela UE e pelos Estados Unidos. Maravilha. Mas espera aí.

Este acordo ameaçava a força regional da Turquia. Ela não gostou da aliança entre a Grécia, Chipre e Israel. Não esqueçamos que a Turquia ocupa ilegalmente o norte de Chipre. Mas tudo isso poderia ser gerenciado não fosse o monumental e histórico erro de cálculo e de custo estratégico de Joe Biden. Ele decidiu que era melhor apaziguar a Turquia pró-Putin, e comprometer a segurança energética da Europa.

Apenas algumas semanas antes da Rússia invadir a Ucrânia em fevereiro, Biden surpreendeu os parceiros da EastMed ao retirar abruptamente o apoio dos EUA ao gaseoduto, matando efetivamente o projeto, impedindo um fornecimento diversificado de energia para a Europa e fortalecendo ainda mais a chantagem energética de Putin contra a Europa.

A Casa Branca disse que o projeto de US$ 6,7 bilhões era contrário aos seus "objetivos climáticos". Quanto incrivelmente mentecapto deve ser Biden para esperar que ninguém ainda esteja usando combustíveis fósseis até 2025, a data prevista para a conclusão planejada do gasoduto EastMed. A administração Biden também citou uma suposta falta de viabilidade econômica e comercial, embora o estudo de 2019 financiado pela UE tenha confirmado que “o Projeto é tecnicamente e economicamente viável e comercialmente competitivo”.

O erro de cálculo de Biden deve ter causado a abertura de muitas garrafas de champanhe no Kremlin. "Bem-vindo ao admirável mundo novo onde os europeus vão muito em breve pagar 2.000 euros por 1.000 metros cúbicos de gás natural!" twittou Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente e primeiro-ministro do país, em 22 de fevereiro de 2022, apenas dois dias antes da invasão.

Mas Biden não parou por aí. Enquanto sua administração continua a bater na mesma tecla para tentar convencer os mulás a voltarem à mesa de negociação sobre seu programa nuclear, o regime iraniano está fornecendo armas e tropas para a Rússia com total impunidade. A pergunta é o que os governantes do Irã estão recebendo em troca?

Em primeiro lugar, o Irã está correndo para se tornar uma potência nuclear e conseguir a hegemonia em todo o Oriente Médio. Os aiatolás querem que a Rússia os ajude a reforçar e acelerar seu programa nuclear. Em 24 de outubro, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez a seguinte advertência:

"Em oito meses de guerra aberta, a Rússia usou quase 4.500 mísseis contra nós. E seu estoque de mísseis está diminuindo. A Rússia então procurou armas acessíveis em outros países para continuar seu terror. Encontrou-as no Irã."

Zelensky acrescentou: "Eu tenho uma pergunta para você - como a Rússia paga o Irã, na sua opinião? O Irã está apenas interessado em dinheiro? Provavelmente não em dinheiro, mas na assistência russa ao programa nuclear iraniano. Provavelmente, esse é exatamente o significado de sua aliança."

E o regime iraniano, que no passado sempre negou estar buscando armas nucleares, hoje está se gabando de sua capacidade de construir uma bomba.

A liderança inexistente do governo Biden ajudou os mulás no poder a ganhar tempo nos últimos dois anos e acelerar seu programa nuclear, aumentando seu enriquecimento de urânio de 20% para 60%, conduzindo pesquisa, desenvolvimento e produção de metal de urânio e adicionando mais centrífugas avançadas de enriquecimento. O ousado regime iraniano chegou a anunciar que não permitirá que a Agência de Energia Atômica visse imagens das centrífugas.

O novo acordo nuclear de Biden, se alcançado, também permitirá à Rússia lucrar com um contrato de US$ 10 bilhões para expandir ainda mais a infraestrutura nuclear do Irã. Infelizmente, esse ainda parece ser o legado que o governo Biden quer deixar: o regime predatório do Irã, o principal patrocinador do terrorismo, armado com bombas nucleares e uma Rússia empoderada que não hesita em usar de chantagem, agressão e força militar para invadir outros países.

Não é à toa que Biden está sendo chamado de "marionete russo". Mesmo que a Russia não tivesse invadido a Ucrânia em Janeiro, o erro de Biden garantiu que Putin estava no caminho certo. Se os europeus congelarem neste inverno ou precisarem pagar contas altíssimas, eles podem brindar Schroeder, Putin e Biden.

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