A Autoridade Palestina não está perdendo tempo. Antes mesmo da formação do novo governo de Israel ela lançou uma blitz
diplomática e midiática para criar
uma histeria sobre os perigos das políticas e decisões da próxima administração de Bibi Netanyahu.
A
ofensiva palestina começou imediatamente após o anúncio dos resultados das
eleições da
Knesset em
1º de novembro, com a vitória
dos partidos de direita, e especialmente dos candidatos Bezalel
Smotrich e Itamar Ben-Gvir
que agora ocuparão posições-chave no novo governo de Israel.
Não é que a AP tomou qualquer iniciativa para promover negociações de paz ou qualquer aproximação aproveitando o governo
de esquerda de Naftali Bennett e Lapid. Muito pelo contrário. Ela continuou a
atacar o governo de Israel. Alguns oficiais da AP chegaram a dizer que
a coalisão de Bennett e Lapid
foi pior do que os governos de
direita.
Apesar da violência
desenfreada na Judeia e Samaria, os últimos dois anos não foram ruins para
Abbas. Além de um governo israelense mais ansioso para derreter o gelo, os
líderes palestinos ficaram felizes em ver o governo do presidente Biden, reatar
seus laços com eles, inclusive a retomada da ajuda financeira, é claro.
Mas agora, eles
receiam que ao colocar Smotrich e Ben-Gvir no governo, Bibi abrirá caminho para
a “anexação” das Áreas C e isso, eles avisaram levará a uma terceira intifada.
Lembro que as Áreas C são as populadas por judeus e é onde se encontram as
cidades de Qiriat Sefer, Beitar Illit, Ariel, Gush Etzion, Efrat, Qiriat Arba e outras.
Comentando sobre
os poderes a serem concedidos a Ben-Gvir como ministro da segurança pública e
Smotrich como ministro das finanças e da Administração Civil da Judeia e
Samaria, o secretário-geral da OLP, Hussein al-Sheikh, alertou que uma anexação
constituiria “um cancelamento completo de todos os acordos assinados e uma
violação da legitimidade internacional”. Isso mostra que a Autoridade Palestina
ainda tem firmes planos para expulsar 800 mil judeus de suas casas,
de sua terra ancestral, a Judeia, a Samaria e Jerusalem.
Mas Sheikh diz estar
confiante de que o governo Biden e o resto da comunidade internacional irão “impedir
que o novo governo tome medidas que possam levar a uma “explosão”. E que os
países árabes, incluindo aqueles que têm tratados de paz com Israel,
estabeleçam uma linha vermelha que o governo israelense não cruzará. Em outras
palavras, o governo ainda nem foi formado e já temos ameaças de violência.
Está claro que
esta ofensiva diplomática de Ramallah visa principalmente unir o mundo contra
Israel e reganhar um apoio que tem murchado nos últimos anos e em especial, a
diminuição substancial de doações em dinheiro. O objetivo final é aumentar a
pressão sobre Israel para impedi-la de tomar decisões decisivas sobre as cidades
judaicas na Judeia e Samaria e no leste de Jerusalém.
Com a velha
desculpa de que não há parceiro para a paz em Israel, a estratégia palestina
será de convocar uma conferência internacional pela paz no Oriente Médio sob os
auspícios não apenas dos EUA, mas também da Rússia, China, a UE e as Nações
Unidas. Alguns dos assessores de Abbas acreditam que um governo de direita na
verdade facilitará a tarefa dos palestinos de promover a ideia do acordo
internacional.
“Não precisamos
explicar muito”, disse um assessor de Abbas ao The Jerusalem Post esta
semana. “Até os americanos expressaram preocupação com a possibilidade de Smotrich
e Ben-Gvir ocuparem cargos importantes no novo governo de Netanyahu”. “Pelo
menos agora estamos encontrando mais simpatia em Washington e na maioria das
capitais europeias.”
Apesar da conversa sobre a revogação dos acordos com
Israel, Abbas disse na semana passada que não acredita que os acordos serão
rescindidos. Ele
tem enfrentado imensa pressão de muitos palestinos para abandonar os acordos,
incluindo os Acordos de Oslo, e interromper a coordenação de segurança com Israel.
Mas Abbas sabe muito bem que isso
seria um tiro pela culatra, prejudicando os palestinos muito mais
do que Israel.
A revogação dos acordos levaria inevitavelmente à
queda da AP (que foi estabelecida
com base nos Acordos de Oslo). O colapso da AP significaria que quase 200.000
de seus servidores públicos perderiam seus empregos. Além disso, a queda da
Autoridade Palestina provavelmente mergulharia a Judeia e Samaria numa anarquia com as
forças de segurança palestinas,
que foram armadas por Israel, se tornando gangues armadas e
milícias.
A liderança palestina sabe que não há muito que os
palestinos possam fazer para impedir que o novo governo tente criar fatos
irreversíveis no terreno. Abbas está bem ciente de que os terroristas do novo grupo Cova
dos Leões em Nablus e as milícias afiliadas à sua facção Fatah, o Hamas e a Jihad
Islâmica em Jenin não vão deter Israel. Na verdade, um aumento do terrorismo
faria o jogo de Ben-Gvir e Smotrich e aumentaria sua determinação de tomar
medidas ainda mais duras contra os palestinos.
É por isso que a liderança palestina escolheu concentrar
seus esforços na área internacional.
Além de promover uma conferência os palestinos devem prosseguir com sua
campanha para processar israelenses por “crimes de guerra” em vários fóruns
internacionais, incluindo o Tribunal Penal Internacional. Ao mesmo tempo, os
palestinos planejam intensificar seus esforços para ingressar em mais
organizações da ONU e buscar o reconhecimento total de um Estado independente e soberano
nas fronteiras
anteriores a 1967, com Jerusalém Oriental como capital.
Na semana passada, Abbas delineou parte desta estratégia e dos seus objetivos durante
um discurso perante a
cúpula Sino-Árabe
na Arábia Saudita. Abbas
pediu à comunidade internacional que boicote qualquer governo israelense que
não endosse uma solução de dois Estados.
“Sentimos falta nestes dias da presença de um parceiro em Israel que acredita em uma solução de dois Estados baseada na legitimidade internacional, nos acordos assinados e na renúncia à violência e ao terrorismo, que são os princípios com os quais estamos comprometidos e pelos quais trabalhamos.” E ele falou isso com a cara mais lisa do mundo!! Abbas ainda pediu à comunidade internacional que "não lide com nenhum governo israelense que não reconheça esses princípios e valores". Inacreditável!
Dirigindo-se aos países árabes e restante comunidade
internacional, Abbas também deixou claro que os palestinos pretendem
intensificar seus esforços diplomáticos para internacionalizar o conflito
israelo-palestino.
“Esperamos que, nessas circunstâncias difíceis, vocês
continuem a mobilizar apoio internacional para implementar as resoluções de
legitimidade internacional e a Iniciativa de Paz Árabe”, disse ele. “Queremos
que vocês
apoiem
os esforços palestinos para obter o reconhecimento do Estado da Palestina,
participação plena nas Nações Unidas, convocação de uma conferência
internacional de paz, garantia de proteção internacional para nosso povo
palestino e implementação de resoluções de legitimidade internacional
relacionadas à causa palestina, incluindo Resolução 2334 do Conselho de
Segurança e Resoluções 181 e 194 da Assembleia Geral.”
Notem que a
Resolução 181, de 1947, foi a que ofereceu a partilha do território em dois
estados, que foi totalmente rejeitada pelos árabes. A Resolução 194 de 1948,
foi a que definiu princípios para um acordo de paz e o retorno de refugiados,
algo que também os árabes rejeitaram. E a Resolução 2334, de 2016, que condena
os assentamentos judaicos, e foi a resolução que vergonhosamente Obama se
recusou a vetar, urge as partes voltarem à mesa de negociação, algo que o Sr.
Abbas também se recusou e continua a se recusar a fazer.
Netanyahu precisa rapidamente concluir suas negociações com seus parceiros
de coalizão para formar um novo governo o quanto antes, pois o ataque diplomático
palestino está a todo vapor. E a avaliação em Ramallah é que um confronto total
com Israel, tanto na arena internacional quanto internamente, é apenas uma questão
de tempo.
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