Finalmente os reitores das universidades
americanas criaram uma espinha dorsal e chamaram a polícia para dispersar os
manifestantes pró-palestinos dos seus campi. Eu sou completamente a favor do
direito de protesto e até de acampar frente às instituições que queremos engajar.
Mas isso é muito diferente de trazer arruaceiros profissionais, incitar a violência,
promover o racismo e tolher o direito de acesso de estudantes judeus ao
campus. E é isso que vimos. 30% das
pessoas presas pela polícia não têm qualquer relação com a universidade e estão
sendo pagos por ONGs de esquerda para gerar a violência.
Com o antissemitismo se espalhando como
fogo em todas as capitais, ainda temos que lidar com opiniões completamente
parciais de autotitulados “peritos” no conflito árabe-israelense. Primeiro,
vamos colocar as coisas em perspectiva.
Israel é um país menor que o estado do
Sergipe onde moram 7 milhões de judeus e 2 milhões de árabes, todos cidadãos
israelenses. Israel é cercada por 22 países árabes e o Irã, com centenas de
milhões de habitantes. E mesmo assim, Israel é vista como sendo uma nação
colonizadora. Em sua coluna recente, Thomas Friedman, o arabista do Times
declara que Israel tem uma escolha: Rafah ou Riade”, isto é, entrar em Rafah,
onde estão as últimas brigadas do Hamas e provavelmente a maioria dos reféns,
ou escolher normalizar suas relações diplomáticas com a Arábia Saudita.
Friedman não dá outra opção. Ou Israel se
dobra ao que a administração de Joe Biden quer e enterra a operação Rafah e,
vejam bem, ao mesmo tempo cria um caminho para um Estado palestino; ou Israel se
torna um pária internacional inclusive sofrendo com possíveis embargos de armas
e munições.
Quer dizer: os árabes de Gaza não precisam
fazer nada, e Israel aceita o Hamas como seu vizinho permanente num estado
soberano. Que raciocínio é esse, exatamente? Friedman coloca isso de um modo
bem torcido, apelando aos desinformados em busca de palavras de efeito para
justificar querer destruir Israel. Ele diz que Israel precisa criar um
“horizonte político para uma solução de dois Estados com os palestinos não
liderados pelo Hamas”. Parece razoável, não? Como se isso fosse uma grande
novidade e ninguém tivesse pensado nisso antes. Só que Israel pensou. Nos
últimos 75 anos, Israel ofereceu um estado para os palestinos nada menos que
cinco vezes.
Na última, em 2008, Israel ofereceu tudo o
que os palestinos supostamente queriam: 100% da Cisjordânia e de Gaza com
trocas de terras e Jerusalém como capital compartilhada. Mas como o Hamas de
agora, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, nunca respondeu.
Aqueles que defendem uma solução de dois
Estados neste exato momento parecem cegos, parecem não entender que isso seria a
maior recompensa possível pelo massacre de 7 de outubro, especialmente com os
reféns ainda em cativeiro e os seus abusos sexuais sendo expostos. Apelar a uma
Autoridade Palestina supostamente “reformada” é usar de uma linguagem vazia
quando não se tem uma definição do que seria, como seria e quando aconteceria
essa “reforma”.
Que tal se o primeiro passo desta reforma
fosse acabar com os pagamentos das centenas de milhões de dólares anuais para
os terroristas e suas famílias? E se não, é aceitável a criação de um estado
que pagam seus cidadãos para saírem matando civis inocentes
indiscriminadamente? E que garantias temos que a Autoridade irá conseguir
governar a Faixa de Gaza com a qual não tem tido qualquer relação nos últimos
19 anos?
Não vamos nos enganar. Chega disto. A
verdade é que qualquer eleição entre os palestinos hoje elegeria novamente o
Hamas precisamente por causa de seu programa, não de governo, que ele não tem,
mas de destruição de Israel.
Friedman acusa Israel de querer se vingar.
O que Israel quer de verdade, é acabar com a presença de organizações
terroristas nas suas fronteiras que lutam incansavelmente pelo genocídio do
povo judeu, com o apoio do Irã.
Friedman fez seu nome e carreira criticando
dura e injustamente Israel por décadas. Friedman prefere bajular os líderes
palestinos que não fazem parte do Hamas mesmo se eles declararem que fizeram
parte do 7 de outubro. De acordo com o The Times of Israel, o primeiro-ministro
palestino, Mohammad Shtayyeh, apelou à unidade com a organização terrorista
Hamas. “Shtayyeh indicou que o mundo precisa esquecer o massacre que
aconteceu.”
O líder palestino Jibril Rajoub disse que o
dia 7 de outubro foi uma reação natural a este terror [de Israel], pois os
líderes de Israel representam um novo modelo nazista.” Depois de 7 de outubro,
Abbas disse que o povo palestino tem o direito de autodefesa contra o “terror
dos colonos e das tropas de ocupação”.
Porque sempre a responsabilidade de
cessar-fogo deve recair apenas sobre Israel? Foi o estado judeu que sofreu o maior
massacre desde o Holocausto incluindo agressões sexuais indescritíveis, e é ele
quem deve fazer concessões, inclusive de criar um estado para o povo palestino que
7 meses mais tarde continua a ser esmagadoramente a favor deste massacre? Por
que isso chega até mesmo a estar na pauta das negociações conhecendo a história
de décadas de terror e intransigência palestina? Friedman também não fala sobre
acabar com a incitação e o ódio endêmico aos judeus na sociedade palestina,
inculcado já nas crianças nas escolas, mesquitas, na mídia e no governo.
É verdade que Israel ainda não anunciou
qual será sua estratégia para sair de Gaza. Mas ele fantasia. Ele recomenda que
Israel seja substituída por forças árabes de paz, desde que estas forças árabes
sejam “abençoadas por uma decisão conjunta da Organização para a Libertação da
Palestina”. Sim, e dá para acreditar nestas forças? Não conseguimos que a ONU faça
cumprir as decisões de desarmamento do sul do Líbano e vamos acreditar que
forças árabes abençoadas pela OLP tragam a paz a Israel?
Abbas é o chefe do Fatah, da OLP e da AP e
tem um índice de desaprovação de 90%. Que tal pedir uma reforma completa da
Autoridade Palestina antes de pedir a Israel que se arrisque existencialmente
com um parceiro de negociação “reformado” ao qual você não fez qualquer exigência?
Em troca destes riscos substanciais,
Friedman diz que “os Estados Unidos reuniriam Israel, a Arábia Saudita, outros
estados árabes moderados e os principais aliados europeus numa arquitetura de
segurança única e integrada para combater as ameaças dos mísseis iranianos”. E
os mísseis do Hamas, da Hezbollah e dos Houthis? E suponhamos que isso signifique
que Israel perdesse a opção de agir preventivamente contra as instalações
nucleares iranianas. Esse pode ser um momento de “obrigado, mas não, obrigado”.
Isso significaria que se o Irã atravessasse alguma linha vermelha delineada
pelos Estados Unidos, o governo americano então agiria junto com Israel contra
o Irã. O problema, Sr. Friedman, é que já temos experiência com “garantias
internacionais” de segurança como estas. A Ucrânia que o diga... Lembram-se de
quando o presidente George W. Bush disse ao primeiro-ministro Ariel Sharon que
não se esperaria que Israel voltasse à linha do armistício de 1949 (o que o
pessoal chama erroneamente de Linha de 67)? Mudou o governo e a administração
Obama orquestrou a Resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, tornando
qualquer presença israelense além da Linha Verde um crime de guerra.
Do lado árabe, o príncipe herdeiro e
primeiro-ministro saudita, Mohammed bin Salman, quer relações diplomáticas com
Israel porque ele não quer ser o último país árabe a se beneficiar dos avanços
tecnológicos de Israel. Ele também quer fazer da Arábia Saudita uma economia
tecnológica de primeiro mundo. E quer estar alinhado com a América e com uma
Israel forte.
Apesar do que diz Friedman, os sauditas, os
jordanianos e os egípcios querem que Israel seja vitorioso sobre o Hamas, que
faz parte da Irmandade Muçulmana e ameaça os seus regimes.
Finalmente, Friedman diz: “O que considero
perturbador e deprimente é que não existe hoje nenhum grande líder israelense no
governo, na oposição ou nas forças armadas, que possa ajudar ou explicar a
Israel essa escolha – um pária global ou um parceiro no Oriente Médio”. É muita arrogância!
Friedman sabe melhor do que os israelenses
o que é bom para eles. Alguma humildade seria adequada. Ele sempre fez parte da
multidão que dizia que Israel nunca poderia ter relações com os países árabes, como
os Acordos de Abraão, até que um Estado palestino fosse criado.
Assim, quando alguém lhe der uma escolha de
pegar ou largar no mundo multi-dimensional que é o Oriente Médio, tenha
cuidado; ele com certeza está defendendo uma agenda. Friedman deveria ter
vergonha de escrever um artigo tão desequilibrados e fantasiosos dos fatos. Mas
por causa de seu nome, ele se acha no direito de enganar seus leitores e ainda
ferir os interesses de segurança nacional americanos.
Para terminar, queria recomendar aos
ouvintes assistirem o documentário Gritos antes do Silencio. Em inglês “Screams
before the Silence” que está disponível gratuitamente no Youtube. Este documentário
foi produzido pela ex-chefe de operações do Facebook e autora Sheryl Sandberg.
Vou ser sincera. Apesar de não conter imagens explicitas, as descrições não são
para os fracos de espírito. Ela documenta em detalhe a violência sexual
cometida pelo Hamas no massacre de 7 de outubro. Para aqueles que duvidam, escarneiam,
zombam, é uma boa dose de realidade. “Screams before the Silence”.
No comments:
Post a Comment