Sunday, May 5, 2024

O Antissemitismo nos Campus Universitários - 5/5/2024

 

Finalmente os reitores das universidades americanas criaram uma espinha dorsal e chamaram a polícia para dispersar os manifestantes pró-palestinos dos seus campi. Eu sou completamente a favor do direito de protesto e até de acampar frente às instituições que queremos engajar. Mas isso é muito diferente de trazer arruaceiros profissionais, incitar a violência, promover o racismo e tolher o direito de acesso de estudantes judeus ao campus.  E é isso que vimos. 30% das pessoas presas pela polícia não têm qualquer relação com a universidade e estão sendo pagos por ONGs de esquerda para gerar a violência.

Com o antissemitismo se espalhando como fogo em todas as capitais, ainda temos que lidar com opiniões completamente parciais de autotitulados “peritos” no conflito árabe-israelense. Primeiro, vamos colocar as coisas em perspectiva.

Israel é um país menor que o estado do Sergipe onde moram 7 milhões de judeus e 2 milhões de árabes, todos cidadãos israelenses. Israel é cercada por 22 países árabes e o Irã, com centenas de milhões de habitantes. E mesmo assim, Israel é vista como sendo uma nação colonizadora. Em sua coluna recente, Thomas Friedman, o arabista do Times declara que Israel tem uma escolha: Rafah ou Riade”, isto é, entrar em Rafah, onde estão as últimas brigadas do Hamas e provavelmente a maioria dos reféns, ou escolher normalizar suas relações diplomáticas com a Arábia Saudita.

Friedman não dá outra opção. Ou Israel se dobra ao que a administração de Joe Biden quer e enterra a operação Rafah e, vejam bem, ao mesmo tempo cria um caminho para um Estado palestino; ou Israel se torna um pária internacional inclusive sofrendo com possíveis embargos de armas e munições.

Quer dizer: os árabes de Gaza não precisam fazer nada, e Israel aceita o Hamas como seu vizinho permanente num estado soberano. Que raciocínio é esse, exatamente? Friedman coloca isso de um modo bem torcido, apelando aos desinformados em busca de palavras de efeito para justificar querer destruir Israel. Ele diz que Israel precisa criar um “horizonte político para uma solução de dois Estados com os palestinos não liderados pelo Hamas”. Parece razoável, não? Como se isso fosse uma grande novidade e ninguém tivesse pensado nisso antes. Só que Israel pensou. Nos últimos 75 anos, Israel ofereceu um estado para os palestinos nada menos que cinco vezes.  

Na última, em 2008, Israel ofereceu tudo o que os palestinos supostamente queriam: 100% da Cisjordânia e de Gaza com trocas de terras e Jerusalém como capital compartilhada. Mas como o Hamas de agora, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, nunca respondeu.

Aqueles que defendem uma solução de dois Estados neste exato momento parecem cegos, parecem não entender que isso seria a maior recompensa possível pelo massacre de 7 de outubro, especialmente com os reféns ainda em cativeiro e os seus abusos sexuais sendo expostos. Apelar a uma Autoridade Palestina supostamente “reformada” é usar de uma linguagem vazia quando não se tem uma definição do que seria, como seria e quando aconteceria essa “reforma”.

Que tal se o primeiro passo desta reforma fosse acabar com os pagamentos das centenas de milhões de dólares anuais para os terroristas e suas famílias? E se não, é aceitável a criação de um estado que pagam seus cidadãos para saírem matando civis inocentes indiscriminadamente? E que garantias temos que a Autoridade irá conseguir governar a Faixa de Gaza com a qual não tem tido qualquer relação nos últimos 19 anos?

Não vamos nos enganar. Chega disto. A verdade é que qualquer eleição entre os palestinos hoje elegeria novamente o Hamas precisamente por causa de seu programa, não de governo, que ele não tem, mas de destruição de Israel.

Friedman acusa Israel de querer se vingar. O que Israel quer de verdade, é acabar com a presença de organizações terroristas nas suas fronteiras que lutam incansavelmente pelo genocídio do povo judeu, com o apoio do Irã.

Friedman fez seu nome e carreira criticando dura e injustamente Israel por décadas. Friedman prefere bajular os líderes palestinos que não fazem parte do Hamas mesmo se eles declararem que fizeram parte do 7 de outubro. De acordo com o The Times of Israel, o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, apelou à unidade com a organização terrorista Hamas. “Shtayyeh indicou que o mundo precisa esquecer o massacre que aconteceu.”

O líder palestino Jibril Rajoub disse que o dia 7 de outubro foi uma reação natural a este terror [de Israel], pois os líderes de Israel representam um novo modelo nazista.” Depois de 7 de outubro, Abbas disse que o povo palestino tem o direito de autodefesa contra o “terror dos colonos e das tropas de ocupação”.

Porque sempre a responsabilidade de cessar-fogo deve recair apenas sobre Israel? Foi o estado judeu que sofreu o maior massacre desde o Holocausto incluindo agressões sexuais indescritíveis, e é ele quem deve fazer concessões, inclusive de criar um estado para o povo palestino que 7 meses mais tarde continua a ser esmagadoramente a favor deste massacre? Por que isso chega até mesmo a estar na pauta das negociações conhecendo a história de décadas de terror e intransigência palestina? Friedman também não fala sobre acabar com a incitação e o ódio endêmico aos judeus na sociedade palestina, inculcado já nas crianças nas escolas, mesquitas, na mídia e no governo.

É verdade que Israel ainda não anunciou qual será sua estratégia para sair de Gaza. Mas ele fantasia. Ele recomenda que Israel seja substituída por forças árabes de paz, desde que estas forças árabes sejam “abençoadas por uma decisão conjunta da Organização para a Libertação da Palestina”. Sim, e dá para acreditar nestas forças? Não conseguimos que a ONU faça cumprir as decisões de desarmamento do sul do Líbano e vamos acreditar que forças árabes abençoadas pela OLP tragam a paz a Israel?

Abbas é o chefe do Fatah, da OLP e da AP e tem um índice de desaprovação de 90%. Que tal pedir uma reforma completa da Autoridade Palestina antes de pedir a Israel que se arrisque existencialmente com um parceiro de negociação “reformado” ao qual você não fez qualquer exigência?

Em troca destes riscos substanciais, Friedman diz que “os Estados Unidos reuniriam Israel, a Arábia Saudita, outros estados árabes moderados e os principais aliados europeus numa arquitetura de segurança única e integrada para combater as ameaças dos mísseis iranianos”. E os mísseis do Hamas, da Hezbollah e dos Houthis? E suponhamos que isso signifique que Israel perdesse a opção de agir preventivamente contra as instalações nucleares iranianas. Esse pode ser um momento de “obrigado, mas não, obrigado”. Isso significaria que se o Irã atravessasse alguma linha vermelha delineada pelos Estados Unidos, o governo americano então agiria junto com Israel contra o Irã. O problema, Sr. Friedman, é que já temos experiência com “garantias internacionais” de segurança como estas. A Ucrânia que o diga... Lembram-se de quando o presidente George W. Bush disse ao primeiro-ministro Ariel Sharon que não se esperaria que Israel voltasse à linha do armistício de 1949 (o que o pessoal chama erroneamente de Linha de 67)? Mudou o governo e a administração Obama orquestrou a Resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, tornando qualquer presença israelense além da Linha Verde um crime de guerra.

Do lado árabe, o príncipe herdeiro e primeiro-ministro saudita, Mohammed bin Salman, quer relações diplomáticas com Israel porque ele não quer ser o último país árabe a se beneficiar dos avanços tecnológicos de Israel. Ele também quer fazer da Arábia Saudita uma economia tecnológica de primeiro mundo. E quer estar alinhado com a América e com uma Israel forte.

Apesar do que diz Friedman, os sauditas, os jordanianos e os egípcios querem que Israel seja vitorioso sobre o Hamas, que faz parte da Irmandade Muçulmana e ameaça os seus regimes.

Finalmente, Friedman diz: “O que considero perturbador e deprimente é que não existe hoje nenhum grande líder israelense no governo, na oposição ou nas forças armadas, que possa ajudar ou explicar a Israel essa escolha – um pária global ou um parceiro no Oriente Médio”.  É muita arrogância!

Friedman sabe melhor do que os israelenses o que é bom para eles. Alguma humildade seria adequada. Ele sempre fez parte da multidão que dizia que Israel nunca poderia ter relações com os países árabes, como os Acordos de Abraão, até que um Estado palestino fosse criado.

Assim, quando alguém lhe der uma escolha de pegar ou largar no mundo multi-dimensional que é o Oriente Médio, tenha cuidado; ele com certeza está defendendo uma agenda. Friedman deveria ter vergonha de escrever um artigo tão desequilibrados e fantasiosos dos fatos. Mas por causa de seu nome, ele se acha no direito de enganar seus leitores e ainda ferir os interesses de segurança nacional americanos.

Para terminar, queria recomendar aos ouvintes assistirem o documentário Gritos antes do Silencio. Em inglês “Screams before the Silence” que está disponível gratuitamente no Youtube. Este documentário foi produzido pela ex-chefe de operações do Facebook e autora Sheryl Sandberg. Vou ser sincera. Apesar de não conter imagens explicitas, as descrições não são para os fracos de espírito. Ela documenta em detalhe a violência sexual cometida pelo Hamas no massacre de 7 de outubro. Para aqueles que duvidam, escarneiam, zombam, é uma boa dose de realidade. “Screams before the Silence”.

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