Ataques
contra civis drusos, perpetrados por beduínos e membros das forças
governamentais do novo governo sírio, se multiplicaram na última semana, alvejando
a minoria drusa na cidade de Sweida no sul da Síria. A magnitude dos ataques,
as imagens dos massacres, a selvageria contra civis inocentes nos trouxeram de
volta ao pesadelo do 7 de outubro.
Corpos foram
empilhados no chão de quartos dentro do Hospital Nacional de Sweida, porque o
necrotério estava lotado. Outros corpos estavam enfileirados em corredores
encharcados de sangue. A cidade, cercada, está isolada e inacessível. A equipe
médica, teve que operar sem eletricidade, sem água e com apenas os suprimentos
médicos restantes até o hospital ser destruído e médicos mortos.
Um líder druso,
Sr. Anan Kheir, me disse hoje que há pelo menos 1500 mortos, que a contagem
está difícil pois há muitos corpos nas ruas. Entre eles pelo menos 21 mulheres
e 45 crianças foram identificadas. As vítimas foram mortas por fogo de
artilharia, tiros de snipers e execuções sumárias. Idosos foram baleados na
cabeça em suas camas. Imagens horrendas do massacre foram publicadas pela Sky
News, ao vivo de Sweida.
Sim, também
houve casos de estupros de adolescentes e meninas. E cenas saídas da Alemanha
nazista, com os jihadistas cortando os bigodes e barbas dos líderes religiosos
drusos para humilha-los.
E o mundo? em
completo silêncio. Novamente. E ficou assim até que Israel se envolveu para
proteger os drusos. E para quê? Para condenar Israel por ferir a soberania da
Síria e até alegando que Israel estava interessada em fomentar a violência para
seu próprio benefício como disse o presidente da Turquia. Sim, este hipócrita do
Erdogan, que fala que outros querem ocupar território quando ele próprio se
apoderou do norte da Síria e isso sem falar de Chipre.
E por que
Israel se envolveu? Porque os judeus e os drusos de Israel têm um pacto de
sangue. Os drusos servem o exército chegando a ser generais. São membros da
Knesset, diretores de hospitais, enfim, nossos irmãos. No dia 7 de outubro eles
provaram ser até mais que isso. Eles largaram tudo e desceram ao sul do país para
lutar contra o Hamas, muitos deles dando suas vidas. Eles são uma minoria, mas
são muito corajosos e muito dignos. E os drusos da Síria são suas famílias.
Literalmente. Famílias que foram divididas durante a Guerra dos Seis Dias. No
Brasil há uma comunidade representada pelo Lar Druzo Brasileiro em São Paulo e
Belo Horizonte mas eles estão principalmente no Líbano, na Síria, em Israel e
alguns na Jordânia.
A comunidade
drusa não é apenas uma aliada histórica de Israel, mas ela está na linha de
frente entre a ordem e o caos. Defender esta comunidade não é só uma
necessidade estratégica, mas um imperativo moral. Deixá-la à mercê dos jihadistas
de al-Jolani ou al-Sharaa, como ele decidiu ser chamado depois que vestiu o
terno, seria convidar estes radicais islâmicos apoiados pela Turquia a se
instalarem nas portas de Israel.
As
consequências da guerra com o Irã remodelaram a forma como Israel é percebida e
como deve agir daqui para a frente. Enquanto o Ocidente continua atolado na
questão palestina, o mundo árabe está ajustando sua postura para lidar com
Israel como a nova superpotência da região. E uma superpotência não se mede
apenas por sua capacidade de dissuasão, mas pela ordem que ela cria à sua volta.
Isso significa agir quando minorias, especialmente irmãos de longa data como os
drusos, enfrentam o extermínio.
Com a queda
de Bashar al-Assad, o auto titulado presidente da Síria, Ahmad al-Sharaa (um
ex-membro do grupo jihadista Hay'at Tahrir al-Sham ligado à Al-Qaeda), não está
conseguindo segurar a frágil colcha de retalhos que compõe o país e que está se
desfazendo rapidamente. Primeiro seus jihadistas atacaram os alawitas matando
várias centenas e causando o êxodo de milhares para o Líbano. Depois, e ainda
continua, a perseguição aos cristãos. Agora temos o massacre dos drusos. Depois
quem virá? Os curdos que a Turquia quer exterminar? Ou os armênios, circassianos,
turcomanos, ou os assírios?
Os ataques
aéreos israelenses contra as forças e tanques sírios na semana passada, criaram
uma ruptura histórica. Pela primeira vez, Israel decidiu não apenas se
defender, mas também defender outros. Não se trata de um mero jogo político. mas
um sentimento de continuidade moral de sua própria saga de perseguição e
sobrevivência.
Deixar Sweida
à sua própria sorte, seria uma traição dos valores sobre os quais o Estado de
Israel foi construído desde a independência: segurança, solidariedade e uma
defesa inabalável da dignidade humana. Israel não esperou que mediadores acalmem
a situação ou que as forças de paz da ONU protejam os drusos ou protejam a
fronteira, nem se absteve de atacar os jihadistas de Sharaa porque a Europa
está novamente investindo na Síria.
O mesmo vale
para a Judeia e Samaria. Ninguém se ilude que a "autoridade"
palestina possa ou venha a neutralizar terroristas. Ninguém tem a mínima confiança
que a AP possa se tornar um sistema de governo democrático, transparente ou
eficiente. Trinta anos e depois de bilhões de dólares e euros, o retorno do
investimento na independência palestina é uma vergonha. Não há lá nem democracia,
nem Estado de Direito, ou transparência, investimento na economia ou na
educação para a paz. Só há nepotismo e corrupção, programas de "pagar para
matar" (ou seja, salários para os terroristas que fazem ataques contra
Israel), propaganda violenta e ataques diplomáticos em todos os fóruns
internacionais possíveis. Nenhum hospital novo foi construído na Judeia ou
Samaria. Esses fundos devem ter acabado em contas em algum paraíso fiscal. E
mesmo com a UNRWA, desde 1949, nenhum refugiado foi reassentado.
Mesmo assim, a
França e a Arábia Saudita querem ressuscitar a ilusão de um Estado palestino. E
para quê? A França, respondendo à seus eleitores muçulmanos, quer impedir que
Israel se torne “forte” demais, "agressivo" demais em suas ações
militares, "dominante" demais na região. Ou bem-sucedido na prevenção
da criação estabanada de um Estado palestino. "Sem discussão", disse Macron
pomposamente esta semana sobre "a necessidade de reconhecer
urgentemente" o Estado palestino. Isso "precisa" acontecer, apesar
dos protestos e, se necessário, dos cadáveres de israelenses.
Em Gaza a
situação é igual. Israel tem que acabar com a ameaça do Hamas e proteger o sul
do país. Isso quer dizer que além de alguma negociação para a libertação de
reféns, não há como fazer um acordo com esse grupo terrorista e ele precisa ser
erradicado.
Em relação ao
Irã, Israel deve impedir a República Islâmica de reconstruir seu programa
nuclear e de mísseis balísticos e de recriar sua rede de proxies por aí afora.
Em suma,
Israel tem que seguir em frente e manter sua vantagem. Agora é a hora de
remodelar o Oriente Médio para melhor.
Aos cidadãos
da velha guarda da diplomacia tradicional, hipócrita e apaziguadora, cuja
antipatia por Israel fede até os céus, digamos: se acostumem com um novo Oriente
Médio, com uma Israel forte.
O que estamos
testemunhando pode ser o primeiro capítulo de uma Pax Israelense, uma ordem
regional não imposta pela conquista, mas assegurada pela força de princípios. Que
comece em Sweida, não apenas porque é possível, mas porque é o correto a fazer.