O ataque de quarta-feira na Bulgaria
foi uma dolorosa lembrança de que uns 70 anos depois do Holocausto os judeus
mais uma vez não estão seguros no mundo. O fato de não vermos atos como este
todos os dias é devido somente ao esforço sobre humano dos serviços de
segurança e não do enfraquecimento do inimigo.
Imediatamente após o ataque, que se
deu no 18º. Aniversário do ataque ao Centro Comunitário Judaico AMIA em Buenos
Aires, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu apontou o dedo para o
Irã e seu grupo terrorista em chefe, a Hezbollah.
É muito raro que um chefe de estado
faça acusações tão categóricas contra qualquer um, ainda mais um governo, antes
de ter em mãos os resultados das investigações. Mas qualquer um que leia os
jornais e preste um mínimo de atenção ao que se passa no mundo, sabe que há uma
guerra entre o Irã e o mundo ocidental e que se os Ayatollahs colocarem suas
mãos em armas nucleares, poderão aniquilar o mundo livre ou exigir sua
submissão.
Alguns comentaristas jogaram a
possibilidade de Netanyahu ter dito que a guerra do Irã é contra o Ocidente
para preparar o terreno para uma ação militar conjunta contra as instalações
nucleares iranianas.
Acho isso pouco provável. Aqueles
“aliados” que deveriam estar preocupados em coordenar tal ação militar estão
muito atarefados com os fúteis e improdutivos “diálogos” com Teherã, enquanto
os mullas marcham direto para o enriquecimento do urânio.
Sim, estou falando da administração
Obama. Mesmo se pudessemos acreditar por um minuto que os Estados Unidos não
deixarão os iranianos adiar o momento da verdade indefinidamente, com tantas
coisas aparentemente mais urgentes, Israel não consegue que o mundo dê
prioridade para o problema da bomba iraniana.
Ao norte de Israel, a Síria está transferindo
seu arsenal de armas químicas para a Hezbollah no sul do Líbano e os Estados
Unidos pediram hoje a Netanyahu de não fazer um ataque preventivo à este
arsenal para não dar a Assad uma oportunidade de unir os sírios. Quer dizer,
para Obama então é mais importante depor Assad do que proteger Israel de um
ataque com armas químicas.
E ao sul de Israel a instabilidade
do Egito e sua aproximação com o Hamas complica e estica as defesas do estado
judeu. Hoje o gaseoduto entre o Egito, Israel e a Jordania, foi explodido pela
enésima vez.
Enquanto isso, a secretária de
estado Hillary Clinton está ocupada com discursos sobre as dificuldades
econômicas do Oriente Médio – apesar deles estarem sentados sobre o petróleo –
e como os Estados Unidos continuarão a enviar bilhões de dólares dos seus
contribuintes para a região.
Netanyahu sabe que o objetivo
principal do Irã é alcançar uma hegemonia com seus vizinhos para liderar uma
coalisão muçulmana contra o ocidente restaurando o califato que existia antes da
Primeira Guerra Mundial. Uma idéia que ainda é negada e tida como absurda pelo
mundo livre. Assim Netanyahu precisa martelar e reiterar o perigo de um Irã
nuclear mesmo se Ahmadinejad diz que está pronto a “negociar”.
Alguns analistas disseram que este ataque
na Bulgaria reflete a frustração da Hezbollah em não conseguir vencer Israel no
campo de batalha e de ter outros ataques prevenidos na India, Georgia,
Tailandia, Azerbaijão, Turquia, Chipre e Grécia.
Algus outros disseram que este
ataque foi em retaliação ao assassinato do terrorista Imad Mughniyeh em
Fevereiro 2008 que a Hezbollah atribui ao Mossad.
Mughniyeh era um agente senior da
Hezbollah responsável por espetaculares ataques terroristas contra alvos
Israelenses e Americanos como o ataque ao quartel americano no Líbano em1983 e
o ataque à embaixada israelense em Buenos Aires em 1992.
Acho que a desculpa ao ataque,
definida como“retaliação” não cabe aqui. Israel negou te-lo matado e ele pode
ter sido morto por qualquer outra facção rival do Líbano. Mughniyeh morreu por
ter dedicado sua vida a planejar e a cometer assassinatos em massa contra os
“infiéis” do Ocidente.
A diferença é que a Hezbollah, nesta
semana, alvejou um grupo de turistas israelenses num ônibus na Bulgária, como
parte de uma estratégia global antisemita de aniquilar ou subjugar judeus. A
mesma estratégia que levou Mohamed Mehra a executar uma menina de 9 anos e
outros inocentes em Toulouse. O mesmo objetivo do Irã.
A Hezbollah não precisa de uma
desculpa para perpetrar um ato de Guerra. Nem Israel poderia fazer algo
diferente para evitar a ira dos mullas e seus agentes. É o infinito ódio à
própria existência dos judeus e de Israel que faz com que os seguidores de
Nasrallah prendam bombas aos próprios corpos e morram só para matar alguns
judeus. E isso foi verdade muito antes de Mughniyeh partir deste mundo e ainda
o seria se estivesse vivo.
Hoje a França comemorou os 70 anos
da prisão e deportação de mais de 13 mil judeus de Paris para Auschwitz e
morte. Destes, somente 100 sobreviveram. O presidente francês hoje lembrou a
vergonha que seu país teria que carregar já que nenhum soldado alemão
participara da operação - conduzida totalmente por policiais franceses. Desde
1995 nenhum presidente francês pensou em marcar desta data. E o antisemitismo
volta, com toda a força e com toda a racionalização possível.
E é isso que Netanyahu tem tentando
transmitir aos líderes da Europa e Estados Unidos sem qualquer sucesso. Pura e
simplesmente. Sem tentar dissecar, analisar, comentar, arrumar explicações ou
desculpas para cada evento, cada ataque, em separado. Elas só servem para que o
mundo continue a culpar Israel não só por árabes mortos mas por seus próprios
mortos também.
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