Na
semana passada falei sobre a improbabilidade dos Estados Unidos se involverem
numa ação militar
contra o Irã. Alguns ouvintes me escreveram perguntando porque então Israel tende
a se curvar às exigências da América se pela experiência histórica ao final, a
cada instância, ela teve que se defender sozinha.
As razões são diversas, dependendo do partido e da
personalidade da pessoa sentada na cadeira de primeiro-ministro do Estado judeu.
Muitos acham que é por causa da ajuda econômica que os Estados Unidos dão a
Israel. Isto é um mito. De fato, a grande maioria desta “ajuda” tem que ficar
nos Estados Unidos, pagando empresas americanas para desenvolver armamentos e
sistemas de defesa. Em contrapartida, Israel se comprometeu a não desenvolver
sua própria indústria de defesa – o que em si não é nada bom.
Mas se no campo militar, Israel foi sempre à luta
sozinha, no campo diplomático, os Estados Unidos foram valiosos, bloqueando
resoluções contra Israel na ONU e em várias outras organizações mundiais.
No entanto, nesta situação com o Irã, se quisessem, os
Estados Unidos poderiam tomar passos mais decisivos. Somente uma ameaça crível
de uso de força contra os Ayatollahs irá evitar um possivel armagedon e só os
Estados Unidos podem fazê-la. Se o Irã acreditar que a América irá lançar um poderoso
ataque, há uma possibilidade muito boa do seu governo capitular ou ao menos
decidir negociar seriamente. E isso pode ser feito sem o disparo de uma só
bala.
Se a situação continuar como está e o Irã duvidar da
determinação americana, não só irá levar à frente seu programa nuclear mas irá transferir
suas centrífugas para instalações subterrâneas ou comprar armas nucleares do
Paquistão o que o tornará imune a um ataque. O regime iraniano precisa entender
agora que irá sofrer consequências devastadoras se tentar, direta ou
indiretamente, adquirir armas nucleares.
Esta ameaça de uso de força deve ser muito mais efetiva
do que aquela feita por Clinton à Coréia do Norte em 1994 como expliquei na
semana passada. O objetivo do ocidente no Irã é um total desarmamento,
removendo todo o equipamento e material do seu programa nuclear com verificação
independente da Agência Internacional de Energia Atômica.
Um desarmamento total do Irã - além de remover o perigo
de armas deste tipo em mãos de lunáticos messiânicos que querem trazer o final
dos tempos – irá evitar a proliferação nuclear para outros países da região que
irão querer ter seu próprio programa para se defenderem, como a Arábia Saudita;
irá evitar que a Hezbollah e outros grupos do tipo tenham acesso à estas armas
e que o Irã se sinta ainda mais poderoso para exportar sua “revolução”
islamo-shiita para outros países ou ameaçar bloquear o estreito de Hormuz aumentando
o preço do petróleo.
O Irã hoje já se sente poderoso. Ahmadinejad não pensou
duas vezes quando mandou massacrar seu próprio povo em 2009 para se manter no
poder. Hoje ele está ajudando a massacrar a oposição síria em escala
inimaginável, mais de 300 pessoas são mortas por dia. Através dos grupos
terroristas que patrocina, o Irã ameaça a estabilidade no Líbano, Israel, a
Judéia e Samária, Gaza, o Iraque e os países do Golfo Pérsico. Isso além de ser
responsável pela morte de incontáveis americanos no Iraque e Afganistão desde
2003.
Nesta sexta-feira a Agência Internacional de Energia
Atômica anunciou que não conseguiu fazer um acordo com o Irã para reiniciar
inspeções que assegurariam ao mundo que os Ayatollahs não estão procurando
armas nucleares.Não é que o mundo estivesse esperando que o milagre da
transparência se manifestasse no Irã, mas isso serviu para mostrar quão pouco
este regime radical islâmico se incomoda com sanções ou condenações do
Ocidente.
Acho que ninguém duvida o que teria acontecido se Hitler tivesse
tido em seu poder a bomba atômica. Deveria estar claro para os Estados Unidos que
não há diferenças entre o Terceiro Reich e a teocracia iraniana de hoje.
Permitir seu acesso a armas nucleares levará o mundo a uma destruição em escala
nunca antes vista.
Usando a doutrina americana de cenouras e paus, a contrapartida
da ameaça será sem dúvida benefícios para o Irã como o fim das sanções
econômicas e participação em acordos de tarifas de exportação reduzidas para
seus produtos. Se o programa nuclear iraniano for mesmo pacífico, direcionado
para o fornecimento de energia, não há porque os mullahs não aceitarem uma
oferta destas.
Mas se o Irã rejeitá-la, isso quer dizer claramente que seu
objetivo é a guerra e ele deve ser impedido a qualquer custo. E o único país
que tem os meios de faze-lo com determinação e rapidamente, sem causar uma
guerra nuclear que consumirá toda a região e deixar milhões de mortos é os
Estados Unidos.
O Irã tem clamado regularmente pela destruição de Israel
e tem tomado todos os passos para adquirir os meios para faze-lo, apesar de
todas as sanções internacionais impostas. A pequena Israel não tem o luxo de
ignorar esta ameaça e infelizmente, não pode esperar eternamente para que
soluções -comprovadamente ineficazes - façam efeito.
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