O fiasco político, consequência do fiasco operacional e
de inteligência do ataque terrorista ao consulado dos
Estados Unidos em Benghazi no 11 de setembro, é derivado de um único
problema: a recusa do presidente Obama e de sua administração de abandonarem
a ideologia incongruente que professam e admitirem que não entendem o Oriente Médio.
A onda revolucionária islâmica que assolou os países
árabes neste último ano e meio rachou as fundações do sistema de alianças dos
Estados Unidos na região. Mas por causa desta ideologia anti-americana e
anti-israelense, Obama se recusa a ver a realidade.
Obama sabe que a maioria dos americanos não concorda com
ele e por isso, tem feito de tudo para desacreditar, deslegitimar e silenciar
seus oponentes. E para tanto, como já disse no passado, ele mandou “limpar” do
vocabulário do governo federal americano todos os termos necessários para
entender a realidade.
Termos como “jihad”, “islamista”, “islamismo
radical”, “terrorismo islâmico” e outras frases similares foram banidos. O
estudo da doutrina islâmica por oficiais do governo foi proibido. A última vítima
desta política foi um instrutor do Colégio Militar da Virginia que ensinava a
matéria “Perspectivas do Islão e o Radicalismo Islâmico”. Ele foi demitido porque
descrevia o Islamismo de modo negativo.
A recusa desta administração americana em aceitar o fato
de que os regimes islâmicos que hoje governam os países da região ameaçam os interesses
americanos não é seu único erro de concepção. Outro erro, ainda mais
preocupante é a insistência em dizer que a raiz do problema na região é a falta
de tratados de paz entre Israel e seus vizinhos, incluindo os palestinos, e que
o único meio de pacificar as forças radicais da região é pressionar Israel a
fazer mais concessões em terra e legitimidade.
A retórica não muda apesar dos conceitos de "processos" e "tratados" de
paz terem completamente
desabado durante esta presidência. Israel assinou quatro tratados de paz
com seus vizinhos árabes: com o Egito, a Jordânia, a OLP e o Líbano. Todos
estes tratados falharam ou perderam seu sentido com eventos subsequentes.
O tratado de paz com o Egito de 1979 hoje não quer dizer
mais nada apesar da Irmandade Muçulmana não te-lo ainda denunciado. O tratado é
insignificante pois a Irmandade e o presidente Mohamed Morsi rejeitam o
direito de Israel de existir. Essa rejeição não é uma posição política mas
uma posição religiosa. Morsi e seu regime vêem os judeus como inimigos de Allah
que merecem ser aniquilados.
Morsi tem vários pronunciamentos provando este fato. Em
novembro de 2004 ele disse que o “Corão estabeleceu que os judeus estão no mais
alto grau de inimizade dos muçulmanos” e “não pode haver paz com os
descendentes de macacos e porcos”. Em 2009, Morsi disse que os israelenses são “dráculas
esfomeados por mais matança e derramamento de sangue, usando todo o tipo de
armas modernas fornecidas pelos americanos”. Ele ainda os acusou de “plantar as
sementes de ódio entre os seres humanos”.
Com posições como estas, Morsi não precisa fazer nenhuma
declaração formal que o tratado de paz esteja morto. Esse mesmo tratado pelo
qual Israel rendeu a totalidade da península do Sinai desmantelando dezenas de vilas judaicas, abandonando negócios, hotéis e poços de petróleo e sua
habilidade de deter e bloquear ataques do sul.
Em 1983 Israel assinou a paz com o Líbano. Este tratado
foi pelos ares assim que o regime que o assinou foi deposto por radicais
islâmicos e a Síria.
E aí tivemos o tratado de Oslo com a OLP em 1993. O
resultado deste tratado foram ondas de violência palestinas nas quais mais israelenses morreram do que em
todas as guerras com os vizinhos juntas.
Para os palestinos este acordo morreu ao nascer mas Obama
e sua administração continuam a cobrar de Israel o cumprimento de suas obrigações. Oslo está morto porque foi uma fraude negociada pelos
palestinos em má-fé desde o princípio. Morreu porque o Hamas tomou Gaza e se houvesse eleições hoje tomaria também a Judéia e Samária. Morreu porque Abbas e o povo
palestino não aceitam a coexistência pacífica com Israel. Mas acima de tudo, o
tratado morreu porque o movimento nacional palestino é predicado não no estabelecimento
de um estado palestino mas na destruição de Israel.
Abbas deixou isso claro esta semana em sua página no
Facebook. Lá ele disse que todo o território pré-1967 também é ocupado por Israel
ilegalmente”. Com parceiros como estes Israel não precisa de inimigos.
E finalmente temos a Jordânia. Como disse a comentarista
Caroline Glick, esta é uma estória que ninguém quer discutir para não destruir os
mitos criados sobre as relações entre Israel e os árabes.
O reinado Hashemita
da Jordânia é composto de 3 grupos básicos: os palestinos que constituem a maioria
da população, os beduinos e os hashemitas – colocados como governantes pelos
ingleses.
Os beduínos até a última década não eram particularmente
religiosos. Em Israel, eles servem o exército em grandes números. Os beduínos
no Sinai foram contra o acordo de paz e o retorno do controle da península ao
Egito. Na Jordânia os beduínos nunca se opuseram à aliança estratégica da
monarquia com Israel.
Mas tudo isso mudou nos últimos dez anos durante os quais
os beduínos sofreram um drástico processo de radicalização islâmica. Hoje os
beduínos no Sinai estão por trás da violência jihadista, e na Jordânia eles são
mais contra a coexistência pacífica com Israel que os palestinos.
O pequeno grupo dos governantes Hashemitas está cada vez
mais estressado pelos eventos regionais e internos. A tomada do poder pela
Irmandade Muçulmana no Egito fortaleceu a Irmandade na Jordânia. Com a saída do
exército americano e a tomada do Iraque pelos shiitas, a Jordânia é um alvo
atraente para os jihadistas do outro lado da fronteira. A guerra civil na Síria
e a massa de refugiados entrando na Jordânia complica ainda mais a situação.
A conclusão é que o valor estratégico do tratado de paz
com a Jordânia foi destruído. Mesmo se o rei Abdullah quisesse ver Israel como
um protetor, como o fez seu pai em 1970 quando lutou contra os palestinos, ele
não pode. Em 1970 Yasser Arafat e a OLP não tinham muita simpatia na região e
nenhum país árabe interferiu. Hoje nenhum país árabe irá apoiar Abdullah em sua
luta contra os fundamentalistas.
E ao que parece, a monarquia jordaniana está por um triz.
Foi reportado esta semana que os Estados Unidos estariam enviando conselheiros
e representantes militares supostamente para ajudar Abdullah com o
gerenciamento dos refugiados sírios mas possivelmente também para evacuar americanos
caso o regime caia.
Com toda esta instabilidade e incerteza, os Estados
Unidos têm muito poucas opções estratégicas. Mas eles sabem que podem contar
com seu único aliado verdadeiro: Israel. E a única coisa certa é fazer de tudo
para fortalecer este aliado.
Infelizmente, para isso acontecer, esta administração
americana precisa descartar os conceitos e ideologias falsas que continuam a professar sobre o Oriente
Médio. Mas como vimos pelas respostas ao ataque de Benghazi e seus contínuos
ataques a Israel não há chance que isso aconteça enquanto Obama continuar na
Casa Branca.
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