No sábado retrasado Israel sofreu uma invasão do seu
espaço aéreo. Um drone de fabricação iraniana, alegadamente enviado pela
Hezbollah teria viajado ao longo da costa Libanesa e Israelense e entrado para
dentro de Israel pela Faixa de Gaza. Seu objetivo era o de alcançar Dimona
aonde Israel manteria um reator nuclear.
Este incidente, ocorrido dia 6 de outubro cativou a
imaginação da mídia, comentaristas e militares. A data também não passou
desapercebida. Dia 6 de outubro é o aniversário da guerra de Yom Kipur quando
Israel foi atacada por uma coalizão de países árabes liderados pelo
Egito e Síria.
Oficiais do exército de Israel admitiram terem seguido os
movimentos do drone por uns 20 minutos antes de abatê-lo. Provavelmente os
radares israelenses já o haviam detectado antes disso.
Ao dizer que seguiu o drone por pelo menos 20 minutos,
Israel está mandando à Hezbollah e aos iranianos uma mensagem: que qualquer
informação emitida pelo drone foi lida, rastreada e estudada, sem dizer,
provavelmente manipulada.
Como a Hezbollah bem sabe, quando se trata de mísseis de
ferro, Israel não faz mágica. Ela não tem outra saída a não ser usar força
bruta. Mas quando a ameaça são armas e sistemas sofisticados, a vantagem de
Israel é imensa. Na guerra do Líbano em 2006, Israel não conseguiu evitar a
barragem de Katyushas até o último dia mas destruiu todo o estoque de mísseis
de médio a longo alcance em menos de meia hora. Dê a Israel um sinal
eletrônico, magnético ou infra-vermelho e está acabado.
E é isso que torna este incidente do drone ainda mais
interessante especialmente se levarmos em conta as tensões com o Irã e seu
programa nuclear e a vulnerabilidade da Hezbollah com a atual situação da
Síria. O fornecimento de dinheiro, treinamento e suporte iranianos ao que
parece, foram completamente trinchados.
Então por que os iranianos iriam querer provocar Israel e
acionar sua paranóia mandando um drone para Dimona? Não é que esperavam que o
drone não fosse interceptado. As chances dele alcançar Dimona era menos que
zero. A área é tão protegida que até pilotos israelenses que passaram perto por
erro foram abatidos.
Então, por que a provocação? Essa não foi apenas uma
aventura, mas uma mensagem. A penetração do drone em Israel foi uma clara
violação da lei internacional pelo Irã agindo através do seu agente a
Hezbollah. A sensitividade do alvo, Dimona, tem implicações importantes no
contexto internacional e não pode ser interpretado de outro modo que uma ameaça
aberta ao coração da defesa de Israel e de seu programa nuclear.
As sanções estão começando a afetar o povo iraniano. Sua
moeda despencou na última semana causando um aumento descontrolado dos preços.
A Hezbollah nunca esteve tão isolada e odiada no Líbano. Com a Irmandade
Muçulmana que é sunnita, em ascensão em toda a região, os shiitas da Hezbollah
temem serem perseguidos e expulsos do Líbano. Seu único aliado na região, a
Síria, está lutando por sua própria sobrevivência.
Uma violação do espaço aéreo israelense é uma coisa suficientemente séria
para garantir uma retaliação pesada por parte de Israel. E talvez fosse isso
mesmo que o Irã, a Hezbollah e a Síria estavam esperando. Se atacados por
Israel, eles conseguiriam o apoio árabe, desviar a atenção e assim contornar
seus problemas internos. E se foi esse o objetivo, Israel fez bem em não
retaliar.
É verdade que o drone poderia ser a desculpa ideal para Israel lançar uma
ofensiva e destruir todo o arsenal da Hezbollah no sul do Líbano –
especialmente depois que Nasrallah confirmou que foi ele quem deu ordem para lança-lo.
Mas esta ofensiva não valeria a pena se fosse a causa de uma guerra regional
que só fortalecesse o Irã.
Já houve incidentes letais como este no passado. Em 25 de novembro de 1987,
dois terroristas em gliders voaram através da fronteira e pegaram tropas
israelenses desprevenidas perto de Kiryat Shmona, matando oito e
ferindo oito. O envio deste drone pode ter sido um teste do Irã sobre a
capacidade de Israel de reagir a infiltrações aéreas. E foi assim que o público
e a mídia em geral entenderam este incidente. E isso é importante.
Esta brecha de segurança causa dano ao poder de dissuasão de Israel em
relação a seus inimigos. Se o objetivo do Irã – e da Hezbollah por tabela – foi
o de conseguir um feito único para usar em sua propaganda para humilhar Israel,
então do seu ponto de vista, eles foram bem-sucedidos. E isso não é algo que
pode ser descartado. Esta foi uma provocação importante e o silêncio de Israel
pode ser mal interpretado como fraqueza e vulnerabilidade.
Isto não quer dizer que devemos imediatamente entrar no Líbano de qualquer
jeito. Mas é imperativo que Israel mande uma mensagem clara e em bom-tom aos
seus inimigos que esta violação passou dos limites e não ficará sem resposta.
Israel está com eleições marcadas para o dia 22 de janeiro próximo. Vamos
esperar que nenhum incidente como este aconteça antes desta data pois até lá,
os líderes de Israel estarão mais preocupados com sua sobrevivência política.
Mas depois disso, o jogo será
outro especialmente se a direita sair fortalecida como tudo indica. O envio
deste drone foi uma grande estupidez do Irã e um grande risco para a Hezbollah.
Vamos esperar que eles cometam o mesmo erro novamente e aí então, Israel
responderá à altura.
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