Em
setembro deste ano, o Ministro do Exterior de Israel, junto com o Congresso
Mundial Judaico e o Ministério dos Assuntos de Aposentadoria decidiram aumentar
sua campanha para conscientizar o público e os meios diplomáticos do sofrimento
dos refugiados judeus e exigir dos países muçulmanos uma compensação justa para
estes judeus e seus descendentes.
Imediatamente
após a notícia sair na mídia israelense, a representante palestina Hanan
Ashrawi publicou uma “gema” que não só distorceu a lógica, mas negou a história
e desconsiderou as leis internacionais que regem o tratamento dos refugiados.
Segundo
Ashrawi, os judeus que vieram para Israel de países árabes nunca foram
refugiados. Eles teriam deixado suas casas voluntariamente sob pressão de
grupos sionistas e da Agência Judaica. Ela disse que é uma decepção e ilusório falar
que “judeus que imigraram para seu suposto lar nacional, sejam refugiados!”. A
sua lógica é que se Israel é o lar nacional judaico, então judeus não podem ser
refugiados. São emigrantes que retornaram - seja voluntariamente ou por uma
decisão política.
Há um
consenso entre os pesquisadores que mais de 850 mil judeus de países árabes
fugiram deixando bilhões de dólares em propriedades e negócios para trás. A
grande maioria por terem sofrido perseguições após o estabelecimento do Estado
de Israel em 1948.
É muito
interessante que este é o número que os palestinos hoje reclamam terem se tornado refugiados na mesma época, apesar de estudos aprofundados dos censos feitos
pelos britânicos não colocarem este número acima de 400 mil.
Ashrawi
então decidiu diferenciar os refugiados judeus dos refugiados palestinos
dizendo que gangues sionistas “forçaram palestinos a abandonarem terras que lhes
pertenciam há milhares de anos enquanto os judeus partiram voluntariamente”.
Historicamente sempre houveram judeus na Terra Santa, por menor que fosse a
comunidade. Os chamados “palestinos”, por outro lado, nem tanto. Mark Twain
visitou esta terra em 1867 e a descreveu desolada de população. Mas em 1878, depois
de ser expulsa dos Balcãs pela Austro-Hungria, a Turquia decidiu doar terras,
isenção de impostos e de serviço militar, a muçulmanos refugiados da Bósnia e
Herzegovina na Palestina. A região foi então populada por muçulmanos da Bósnia, Albânia, da Russia e outras regiões da Europa.
E para
terminar, como ela reivindica o direito de retorno de palestinos a Israel própria,
ela disse que espera que os judeus possam voltar aos países de onde saíram pois
antes de terem o direito a compensação monetária, refugiados, de acordo com
ela, devem retornar aos seus países de origem.
A
definição estabelecida pela Convenção sobre Refugiados de 1951 das Nações
Unidas, diz claramente que um refugiado é alguém que “devido a um receio fundado
de ser perseguido por razões de raça, religião, nacionalidade, afiliação a um
grupo social ou partido político, está fora de seu país de nacionalidade por não
poder contar com a proteção das autoridades daquele país”.
Pela
“lógica” de Ashrawi, então, os 20 milhões de muçulmanos e hindus que fugiram da Índia e Paquistão, não seriam refugiados, já que cada grupo acabou indo para o que é
hoje, seu lar nacional.
É
claro que judeus que fugiram dos países árabes são refugiados porque se
encaixam nesta definição. E é claro que eles não irão querer sair de um país
que os acolheu para voltar a estes países árabes aonde com certeza serão perseguidos.
A história
prova que estados árabes expulsaram, intimidaram ou tomaram suas comunidades
judaicas como reféns durante os anos 40 e 50 e além. Ela também mostra que,
contrariamente ao que disse Ashrawi – que todos os cidadãos sofreram baixo às
ditaduras de países árabes - só os judeus foram alvos de violência anos antes
do Estado de Israel existir.
Os
judeus no Iraque sofreram um pogrom em 1941 por forças pró-nazistas que causou
a morte de centenas de judeus em Bagdad. Uma leva de leis anti-judaicas chegou
ao ápice em abril de 1950. Em menos de um ano, a violência e vandalismo contra os
judeus os convenceram a emigrar e em 1951 a quase totalidade dos 130 mil judeus
havia partido. Por lei, todos os bens destes judeus foram confiscados. Essa é a
emigração de uma comunidade de 2.500 anos que Ashrawi chama de “voluntária”.
A
comunidade egípcia, da qual eu faço parte, datava da Alta Idade Média, e também
não teve que esperar pela criação do Estado de Israel para sofrer violência e
perseguições. O movimento “Egito Jovem” de Ahmed Hussein atacou o bairro
judaico em novembro de 1945 queimando sinagogas, lar dos velhos e hospitais.
Com a criação de Israel, os bairros judaicos foram bombardeados e os judeus
atacados nas ruas. Em 1950 um terço
da comunidade, já tinha partido.
Esta
sequencia de pogrom, perseguição, expropriação e fuga se repetiu na Síria e
Líbia criando mais 50 mil refugiados. No Yemen, um pogrom em Aden em dezembro
de 1947 causou a morte de 82 judeus. Vandalismo e saques de propriedades de
judeus se seguiram em 1948.
O
resultado é que quase a totalidade desta comunidade milenária de 43 mil judeus
- decidiu, de acordo com Ashrawi, emigrar voluntariamente.
E
por que Ashrawi se teria arriscado a fazer declarações tão desonestas,
arrogantes e falsas a respeito dos refugiados judeus?
Porque o objetivo
principal dos palestinos continua a ser a anulação do Estado de Israel e sua intenção de incluir na agenda de negociações futuras uma
compensação para os judeus refugiados é alarmante.
Desde
a Segunda Guerra mundial, o sofrimento dos refugiados judeus tem sido aliviado
por relocação permanente em vez de repatriação. A compensação monetária sempre
foi um item desta relocação.
Os
palestinos não aceitam relocar seus refugiados e os têm mantido em campos nos
últimos 64 anos vivendo às custas da caridade do ocidente. Apesar dos árabes
darem um suporte vocal muito grande aos refugiados palestinos eles não
contribuem monetariamente. E se tiverem que pagar pelos bens destruídos ou
confiscados de suas antigas comunidades judaicas como parte de um acordo de paz
com os palestinos, esta situação poderá mudar abruptamente - e daí o alarme.
Mas o
fato é que não podemos admitir mais uma tentativa palestina de reescrever a
história. Uma história cheia de mentiras, fabricações e declarações que desafiam
a lógica para justificar direitos injustificáveis para um povo que simplesmente
não o é.
No comments:
Post a Comment