Estamos a menos de duas semanas das
eleições presidenciais dos Estados Unidos e o último debate sobre política
externa veio e foi sem realmente mudar nada. O presidente Obama e o candidato
republicano Mitt Romney continuam empatados nas pesquisas de opinião.
Mas pelo que foi dito, se Obama for
reeleito, não haverá qualquer mudança da política americana nem em
relação à Israel, nem em relação ao Irã.
Nesta semana o jornal The New York
Times publicou um artigo que dizia que, segundo fontes do governo, Obama teria
feito um acordo com os mullas de Teherã para negociarem após as eleições. Obama
negou enfaticamente que isso fosse verdade mas claramente abraçaria mais uma
oportunidade para adiar qualquer ação drástica contra o Irã.
Romney por seu lado, disse que apoia
sanções mais duras, incluindo indiciar Ahmadinejad na Corte Criminal Internacional
por incitação ao genocídio.
Infelizmente, nesta altura do
campeonato, mesmo se Romney ganhar as eleições, em relação ao Irã, não fará
diferença. Isto porque existe um vão entre o tempo para a nova administração
americana implementar sua política e o tempo que falta ao Irã para se tornar
uma potência nuclear.
Os Estados Unidos não sabem reagir de imediato. Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o presidente Bush
precisou de 4 semanas para coordenar o ataque ao Afeganistão e isso com o apoio
incondicional do governo, da inteligência, dos militares, do povo americano e
das Nações Unidas. Nas melhores condições do mundo, os Estados Unidos ainda
precisaram de um mês para responder ao maior ataque estrangeiro em solo
americano.
Por outro lado, Bush começou a pensar
em derrubar o regime de Saddam Hussein em março de 2002. Houve resistência por
parte dos militares e da mídia. A Russia e França e oficiais seniores da ONU se
opuseram. Em novembro de 2002 os Estados Unidos finalmente conseguiram passar a
resolução 1441 no Conselho de Segurança. Daí até conseguirem coordenar o envio
de tropas, os Estados Unidos precisaram de outros 4 meses.
E neste meio tempo, o Irã conseguiu preparar
o terreno para negar aos Estados Unidos uma clara vitória no Iraque. Quando os
americanos entraram em Bagdá, as armas de destruição em massa já haviam sumido,
e conforme vários relatórios de inteligência, inclusive de Israel, foram
transferidas para a Síria.
E isso nos traz para o Irã. Se Romney
se tornar presidente, ele terá que lidar com forças armadas lideradas pelo
General Martin Dempsey que há quatro anos vem tentando minimizar o perigo que apresenta
um Irã nuclear. O mesmo Dempsey que não perde uma oportunidade para dizer que um
ataque preventivo às usinas nucleares iranianas por Israel seria uma agressão
ilegal.
Romney terá que lidar com um
exército, inteligência e um Departamento de Estado liderados por indivíduos
indicados por Obama para implementar seu plano ideológico e demorará meses para
Romney substituir e redirecionar estes braços do governo. Isto sem falar da mídia
hostil que firmemente apoia o apaziguamento dos mullas.
Na ONU Romney ainda terá que lidar
com a oposição da China e Russia no Conselho de Segurança. E quanto ao mundo árabe
sunita, tirando a Arábia Saudita, com a Irmandade Muçulmana no poder dos países-chave,
há menos oposição à um Irã nuclear do que a uma ação dos Estados Unidos.
Isso tudo quer
dizer que se Romney decidir mesmo agir concretamente contra as usinas nucleares
do Irã, ele não poderá faze-lo antes de Julho-Agosto de 2013.
E isso nos traz
para a questão de aonde estará o programa nuclear iraniano no meio do ano que
vem?
Em seu discurso perante a Assembléia
Geral das Nações Unidas no mês passado, o primeiro ministro de Israel Benjamin
Netanyahu disse que já em março ou abril, e no máximo até julho
ou agosto, os iranianos terão chegado ao estágio final de enriquecimento de
urânio, suficiente para uma bomba nuclear.
Netanyahu deixou claro que a última
oportunidade de prevenir que o Irã adquira a bomba será antes deste estágio
final – ou seja, por volta de abril de 2013. Romney estará na presidência por
apenas 3 meses.
É bem difícil imaginar que Romney consiga lançar um
ataque preventivo contra as instalações nucleares do Irã estando tão pouco
tempo no poder. E até mesmo que a nova administração possa oferecer qualquer
apoio a Israel se o Estado Judeu quiser atacar as instalações iranianas antes
do verão.
E aí temos Israel. Nas últimas semanas houve artigos
reportando uma oposição feroz dos comandantes israelenses a um ataque ao Irã
sem o apoio americano. Isto porque este ataque geraria um confronto maior envolvendo os agentes do Irã: a Síria, o Líbano e Gaza e Israel precisará de armas e o apoio
diplomático dos Estados Unidos neste caso.
Mas quando consideramos a realidade política dos
Estados Unidos – seja com a reeleição de Obama ou com a eleição de Romney –
fica claro que Israel está sozinha. Israel é a única hoje com os meios e o
poder decisivo de atacar as instalações nucleares iranianas e impedir que este
regime genocida adquira os meios para subjugar o Oriente Médio e o mundo à
sua ideologia retrógrada e bárbara.
Talvez tenha chegado a hora de Israel procurar alianças com outros países inclusive, quem sabe, até os que sentem ameaçados pelo Irã como a Arábia Saudita e Bahrain. Isto sim traria uma verdadeira virada na região.
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