No dia 11 de
fevereiro de 2011, o Presidente Barak Obama se apresentou na ante-sala da Casa Branca para falar do sucesso da revolução no Egito, a qual
ele próprio apoiou com entusiasmo, e declarou triunfante: “O povo do Egito
falou e suas vozes foram ouvidas. O Egito nunca voltará a ser o mesmo”.
Mas o resultado desta mudança mostrou ser rapidamente bem amarga para o
povo egípcio. Eles trocaram um autocrata secular por um ditador islâmico.
No dia 22 de novembro, Morsi emitiu um decreto presidencial que lhe davam
poderes absolutos estabelecendo que suas decisões não estavam sujeitas ao
judiciário e não poderiam ser apeladas.
Duas semanas mais tarde, uma dúzia de mortos e mais de 700 feridos, o palácio
presidencial cercado por manifestantes pedindo sua resignação, Morsi decidiu
voltar atrás, em parte. Ao que parece ele concordou em retirar o decreto mas
ainda quer levar ao voto do parlamento, que ele controla, uma nova constituição
totalmente islâmica que combina imprecisão com tirania.
Por esta nova constituição, baseada na Shaaria, não só as mulheres perderão
direitos adquiridos à muita custa, mas não-muçulmanos voltarão a ser humilhados
com a “Jizya”, um imposto instituído no Al-Corão. Este imposto afetará 20% da
população que é cristã copta e vive no Egito há 2 mil anos.
Até agora, não vimos qualquer crítica dos Estados Unidos a Morsy para quem
Obama prometeu continuar mandando 1 bilhão e meio de dólares por ano em ajuda.
Ao norte, na Síria, até agora temos 49 mil mortos nesta revolução para
tirar Assad do poder. E ao que parece, Assad poderá até usar armas químicas
contra a população para acabar com a revolta.
Mas com tudo isso ocorrendo, o que fez a comunidade internacional realmente
pular da cadeira, foi o anúncio por Israel, da aprovação de novas moradias na
área conhecida como E-1, que fica entre Jerusalem e a comunidade de Maalê
Adumim em retaliação à iniciativa promoção do status dos palestinos na ONU.
Esta área E-1 tem apenas 12km e nunca foi habitada. Todos os governos
passados de Israel, de direita ou de esquerda, mantiveram que em qualquer
acordo esta área será incorporada ao Estado de Israel. E este também era o
consenso palestino. Não mais.
Embaixadores de Israel foram chamados e repreendidos mundo afora, incluindo
pelo nosso Planalto. E é sempre assim, quando se trata de Israel. O
anti-semitismo toma a frente da moral e racionalidade. Aonde estão as
reprimendas ao Egito? Aonde está o escândalo pelas mortes na Síria?
Nos Estados Unidos a situação não é diferente. Quando o Washington Post foi
criticado por se recusar a publicar fotos mostrando a destruição causada pelos
mísseis do Hamas, o jornal respondeu declarando que “a grande maioria dos
mísseis lançados de Gaza são como picadas de abelhas no traseiro de urso de
Israel”.
O fato que estas “picadas de abelhas” mataram várias pessoas, causaram
extensa destruição e traumatizaram 1 milhão de pessoas por 12 anos é
irrelevante.
A noção aceita hoje no mundo é que Israel é a mais forte e portanto suas
respostas militares são injustamente desproporcionais. Esta é uma moralidade
distorcida pois qualquer resposta, não importa qual seja, por parte de Israel, se
torna moralmente condenável por ela ser considerada a mais forte.
É um fato que Israel pode causar mais danos que o Hamas. Mas é isso o que
acontece? Primeiramente, as respostas militares de Israel são exatamente isso: respostas
à incessante agressão contra sua população civil.A motivação de Israel é de
defender os seus, a do Hamas, de destruir Israel.
A razão pela qual os palestinos sofrem perdas civis é que intencionalmente
usam mulheres e crianças e mais recentemente jornalistas, como escudos humanos.
Israel sistematicamente reduz sua eficácia militar para evitar estes danos
colaterais. A estratégia cínica do Hamas no entanto, é provocar o maior dano
colateral possível pois sabe que trará condenação de Israel.
E essa é a mais importante desproporção que existe neste conflito entre Israel
e o Hamas. Apesar de Israel ser superior militarmente se tornou inferior
moralmente aos olhos do mundo já que ela própria se auto-impôs regras morais que
não consegue que sejam infalíveis. Enquanto isso, o Hamas continua livre do
respeito à vida humana, dos seus e dos outros e livre para perseguir seu
objetivo de obliterar os judeus da terra.
Ninguém diz o que constituiria uma resposta proporcional aceitável para
este terrorismo existencial, para esta constante ameaça de um inimigo que se
recusa a aceitar o direito do outro de existir.
A comunidade internacional resolveu que a proporcionalidade se refere
somente à quantidade de mortos de cada lado e não para a quantidade de ataques
perpetrados. Isto leva a um cálculo moral enganoso, justificando o
injustificável.
Israel quer a paz, nem que seja um cessar-fogo temporário. Mas o Hamas somente
aceitará depor suas armas se Israel não mais existir como nação e os judeus não
mais existirem como povo. É manifestamente injusto e hipócrita para o mundo
repreender Israel por se defender, e pior ainda, por se defender bem,
minimizando suas perdas.
A resposta de Israel à chamada dos seus embaixadores deveria ser que eles
se apresentariam depois do mundo repreender a Síria e o Egito. Não importa o
quanto Israel tente agir moral e justamente, isto ao final só é usada contra
ela, unicamente. Quanto a nós, temos que continuar a defende-la com unhas e
dentes pois sem Israel, a civilização ocidental estará perdida.
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