Ontem foi um dos dias
mais sangrentos na Síria. Nada menos que 400 mortos. Durante a semana vimos
várias reportagens acusando Bashar Al-Assad de usar armas químicas contra os
rebeldes. Imagens de insurgentes, supostamente sufocando após terem sido pulverizados
com um gás não identificado invadiram os sites internacionais de
notícias e o YouTube. Estas imagens e as consequentes mortes reportadas pelos
rebeldes não puderam ser verificadas.
Albert Einstein disse décadas
atrás que “o mundo é um lugar perigoso não pelos que fazem o mal, mas por causa
dos que olham e não fazem nada”.
Parece que os dias do
presidente Assad e de seu regime estão contados. Apesar dos russos não concederem
este fato já estariam evacuando seus cidadãos do país.
Enquanto isso, o
negociador da ONU Lakhdar Brahimi, depois de passar uns dias em Damasco, anunciou
que uma solução política deve ser encontrada já que Assad jurou que ficará no
poder até o fim. Mas isso não é o que ele vem dizendo há 2 anos?
Brahimi ainda avisou
que se esta solução política não for encontrada será o fim da estabilidade na
região. O que ele quis dizer com isso? Será que ele sabe algo que nós não
sabemos?
Assad é um dos inimigos
de Israel. Ele nunca esqueceu a humilhação que o estado judeu impôs ao seu pai Hafez
al-Assad. Ele tentou adquirir armas nucleares, tentou montar um reator nuclear,
e reuniu um dos maiores arsenais de mísseis armados com ogívas químicas do
mundo. Junto com o Irã ele foi o maior patrocinador do Hamas e de outros grupos
terroristas palestinos com bases em Damascos e da Hezbollah no Líbano.
A extrema hostilidade
de Assad para com Israel lhe deu legitimidade para reclamar a liderança dos
árabes. O desaparecimento do clâ Assad da Síria será um golpe sério para a
Hezbollah e os interesses iranianos. Mas não vamos ainda chorar de felicidade.
Nas últimas décadas a
fronteira entre Israel e a Síria esteve quieta. O que Brahimi pode estar
sugerindo é que, se pressionado, Assad pode atacar o estado judeu, trazendo
toda a região para o conflito. Por outro lado, não sabemos o que acontecerá na
fronteira norte de Israel após a queda de Assad.
Oficiais sêniores da
inteligência Jordâniana avisaram sobre uma possível tomada de poder na Síria
por grupos jihadistas e salafistas. Isto tornaria o país numa base terrorista
que afetaria todo o Oriente Médio.
De fato, o Conselho de
Direitos Humanos da ONU confirmou na semana passada que possivelmente milhares
de terroristas da Al-Qaeda, junto com membros de outras organizações
extremistas sunnitas de estados árabes da Africa do Norte estariam literalmente
invadindo a Síria. Seu objetivo, seria de não só de tomar parte na luta, mas de
impor sua vontade política no país depois da queda de Assad.
Um exemplo destes
grupos é o Jabhat al-Nusra, considerado um braço da Al-Qaeda, que quer ver a
Síria se tornar num estado islâmico fundamentalista. É muito louvável querer
tomar o partido dos rebeldes que vemos como o lado oprimido, mas a verdade é
que esta oposição não é formada por um grupo homogêneo tornando muito difícil
prever como será “o dia seguinte” da remoção de Assad.
Como em todas as
ocasiões anteriores em que o ocidente apoiou a remoção de um ditador no Oriente
Médio, em relação à Síria também haverá muito arrependimento a ser compartilhado
entre os que hoje fornecem armas e dinheiro aos rebeldes.
Os jordanianos estão
sentindo os efeitos das ondas de refugiados e instabilidade em seu país. A Turquia
por seu lado está fortalecendo os elementos extremistas da oposição síria, em
detrimento dos elementos mais moderados e seculares.
De acordo com
reportagens, a elite que cerca Assad está dividida em dois grupos: a velha
guarda que ele herdou da época de seu pai - que está disposta a um compromisso
com os rebeldes para reter algum poder - e a nova guarda que viu o que
aconteceu com outros líderes árabes quando tentaram negociar com a oposição,
que entende que é tudo ou nada.
Assad parece aceitar o
racional da nova guarda. Ele sabe que qualquer compromisso no mundo árabe se
traduz em sinal de fraqueza. É irônico que há dois anos atrás, ninguém poderia
imaginar que o oftalmologista tornado presidente, conseguiria matar mais sirios
que seu pai. 31 anos depois, os 20 mil massacrados em Hama, ainda não foram
esquecidos.
Em 2010 houve várias
reportagens sobre negociações secretas intermediadas pela Turquia para um
tratado de paz entre Israel e a Síria. Imaginem hoje a situação se Israel
tivesse entregado os Altos do Golan para Assad.
O governo Obama, a
União Européia, a esquerda israelense e os adeptos do “paz e amor” continuam a
pressionar Israel a fazer as mais absurdas concessões territoriais em troca de
um pedaço de papel. Seria lindo se todos os humanos pudessem dar as mãos e
cantar o kumbaya.
Mas a realidade é outra.
Nietzche já havia dito que o humano é o mais cruel dos animais. E ele tinha
razão. Talibãs atiram na cabeça de uma menina de 14 anos por ela querer ir para
a escola. Seis energúmenos brutalmente estupram uma estudante de medicina na
India que acaba morrendo dos ferimentos. Será que alguém acredita que estas são
pessoas com quem se pode negociar?
O que podemos oferecer
a homens-bomba e jihadistas quando eles acreditam que se nos matarem terão 72
virgens por toda a eternidade? Não muito.
Aqueles que dizem que
Israel tem que fazer a paz a todo o custo, não são os que pagarão o preço. A
paz não se faz no papel. Se faz no chão quando os povos estão prontos. Os
árabes não estão prontos. A Israel só resta se defender.
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