O presidente Barack Obama está num dilema. Desde sua posse em
2008 ele deu apoio à oposição no Egito para derrubar Mubarak e trazer a
democracia. Agora está perante um governo radical islâmico que por sua vez está
sendo desafiado por uma outra oposição que exige democracia e igualdade para mulheres
e minorias. O que fazer agora? Continuar apoiando os islâmicos ou mudar a
casaca e apoiar a nova oposição?
Obama não aprendeu com o Egito e
agora está fazendo de tudo para derrubar Bashar Al-Assad da Síria, reconhecendo
os rebeldes como os legítimos representantes do povo sírio. Só que estes
rebeldes também são radicais islâmicos e pior, associados a Al-Qaeda. Se
estes rebeldes derrubarem Assad, as armas químicas passarão para suas mãos com consequências
inimagináveis para a região. Obama parece estar sempre
apoiando os inimigos da América.
Quando o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud
Abbas retornou de Nova York para Ramallah anunciando o reconhecimento do Estado
Palestino dentro das linhas de armistício de 1949, menos de 5 mil palestinos, a maioria
deles funcionários públicos do seu governo, foram recebê-lo.
Mas quando o líder do Hamas Khaled Mashaal foi para a
Faixa de Gaza e disse aos palestinos que o confronto armado e o jihad eram o
único caminho para libertar a Palestina “do rio ao mar”, e que não havia lugar
para sionistas na Palestina porque o país pertence unicamente a muçulmanos e
árabes, centenas de milhares de palestinos se aglomeraram para acolhe-lo e
reafirmar seu apoio à eliminação de Israel e no seu lugar implantar um estado
islamico.
As declarações de Mashaal também receberam apoio de
palestinos na Judéia e Samária, especialmente quando ele fez o voto de nunca
desistir “de qualquer polegada da Palestina”!
O canal de televisão oficial da Autoridade Palestina
transmitiu o discurso de Mashaal e as comemorações dos 25 anos de fundação do
Hamas. O apoio prevalente à posição do Hamas é um sinal de quanto os palestinos
estão radicalizados. Um lider que fala de um estado palestino em Gaza,
Cisjordânia e no Leste de Jerusalém é menos popular que um que fala em “libertar
Tel Aviv, Haifa e Beersheva!”
Quando Abbas diz ao mundo que um estado palestino dentro das
linhas de armistício pré-1967 trará uma paz duradoura ao Oriente Médio, ele
está ignorando a maioria dos palestinos que não compartilham sua opinião.
Palestinos na Faixa de Gaza passaram a semana cantando
slogans para a libertação da Palestina “do rio ao mar” e para o Hamas lançar
mais mísseis contra Israel. Estas manifestações não têm o propósito de demonstrar apoio ao Hamas mas mostrar que os palestinos continuam a negar à Israel o
direito de existir. Elas objetivam expressar o sentimento
real dos árabes e muçulmanos que vêem Israel como um corpo estranho na
região que precisa ser extirpado e exterminado.
Se Mashaal tivesse ido à Ramallah, a reação teria
sido igual. A Autoridade Palestina está mais do que consciente do
sentimento anti-Israel prevalente em sua população que ela mesma incentiva. E é
por isso que nem Abbas nem qualquer outro membro da Autoridade fez qualquer
crítica a Mashaal quando ele falou em eliminar Israel. Abbas escolheu rotular seu
discurso de ódio e violência como “positivo”.
Como pode a Autoridade Palestina - que se diz comprometida
com a idéia de dois estados procurar se unir a um grupo que conclama
abertamente árabes e muçulmanos ao jihad para destruir Israel?
E como pode o mundo, especialmente países da União
Européia não denunciar este chamado ao genocídio mas em vez disso, condenar
Israel por aprovar construções? Como sempre, é mais fácil culpar Israel e os
Estados Unidos pelo impasse no processo de paz, em vez de
culpar o Hamas e outros grupos terroristas.
Saeb Erekat repetiu esta ladainha esta semana quando
publicou um artigo avisando que a janela da oportunidade está se fechando para
a solução de dois estados e para o envolvimento dos Estados Unidos no processo
de paz. Ele ainda avisou que punir os palestinos ou seus aliados por sua
iniciativa diplomática na ONU é perigoso, seja lá o que isto queira dizer.
Erekat e o resto da cúpula da Autoridade Palestina não
vêem a ambição do Hamas de destruir Israel como um obstáculo para a paz. Eles se recusam a reconhecer que a maior ameaça para a solução de dois estados não está com Israel mas na
falta de vontade dos palestinos aceitarem o direito de Israel de existir.
E quando Obama e a União Européia
escolhem pressionar Israel e não os palestinos para retomarem as negociações,
quando usam eufemismos com Abbas chamando as claras violações aos acordos
passados de “atitudes não-produtivas” mas repreendem duramente Israel por
autorizar construções em áreas vazias, isto só incentiva a radicalização e o
endurecimento dos palestinos.
Teremos que esperar para ver como a situação no Egito
e na Síria se resolverá e o impacto que terá na região, em Israel e nos
palestinos. Mas com radicais no poder nos países vizinhos, não há como acreditar
que os palestinos finalmente reconhecerão o direito de Israel de existir. E até lá
não há como levar à frente qualquer negociação ou ter qualquer esperança de uma
paz duradoura para Israel.
No comments:
Post a Comment