O presidente Americano Barack Obama completou sua tão esperada visita a Israel e a Autoridade Palestina nesta semana. E parece que alcançou seu objetivo declarado: de melhorar sua imagem com os israelenses através de uma ofensiva repleta de comprometimentos para com a segurança do estado judeu e o reconhecimento dos direitos históricos dos judeus à terra de Israel.
Estas manifestações de apoio dos Estados Unidos são realmente importantes para Israel porque acima de tudo, mandam uma mensagem a seus inimigos: que toda ação poderá gerar uma reação dos Estados Unidos. Não que isto tenha sido testado no passado. Em quase 65 anos de existência, Israel sempre lutou sozinha.
Mas a possibilidade existe e como visto com a base americana na Arábia Saudita e sua guerra contra o Afeganistão e Iraque, os Estados Unidos não se esquivam de posicionar tropas na região.
Por este lado foi importante Obama espalhar seu amor e carisma também em Israel.
Mas eu não posso acreditar que Obama tenha esquecido de onde ele vem, tenha colocado sua ideologia e amizades passadas de lado e de repente se apaixonado por Israel ou por Bibi Netanyahu para o qual ele demonstra um verdadeiro desprezo. Um acessor de Bibi me disse uma vez que qualquer antipatia de Obama registrada pela mídia era na verdade muito pior.
O que eu acho então, é que esta lua-de-mel será muito curta e imediatamente seguida de exigências e ultimatos. E esta é a opinião também de Jeffrey Goldberg, um jornalista respeitadissimo da revista The Atlantic e próximo do presidente americano que disse que “Obama está se preparando para combater as políticas israelenses que na opinião dele estão erradas e que ele acha são ruins para Israel e afetam a política americana na região.” Goldberg disse que no seu primeiro termo como presidente, Obama não veio a Israel e exigiu um congelamento de construções. Agora que ele veio, irá exigir muito mais no futuro próximo.
E se procurarmos já podemos encontrar sinais disso. Obama teria exigido que Bibi ligasse para Erdogan e se desculpasse pelo incidente da flotilla em 2010. Bibi colocou em seu Facebook que o fez porque está muito preocupado com a situação na Síria e precisa do diálogo com a Turquia para coordenar ações de proteção à sua fronteira.
O objetivo maior desta viagem de Obama a meu ver foi de enganar os israelenses que têm esta fome de serem amados pelo mundo. E isso sera provado nos próximos meses. Obama acha que os israelenses são um povo quebrado, só e neurotico que precisa de amor. Então ele foi até Jerusalem, lhe deu um pouco de amor para agora poder fazer a Guerra contra as políticas de Netanyahu. É a estratégia do marido abusivo: ele beija, abraça, diz que ama e depois impõe suas exigências e ultimatos.
O ex-embaixador americano e negociador Martin Indyk deixou isso até mais claro: ele disse que o objetivo desta viagem foi para Obama se mostrar um grande amigo do povo de Israel e lhe dar uma vantagem contra o primeiro-ministro. Ele acha que se conseguiu isso, ele poderá dobrar mais facilmente Netanyahu à sua visão do que deve ser o Oriente Médio.
Obama acha que se o público israelense estiver do seu lado será mais difícil para Netanyahu recusar qualquer pedido vindo dele como outro congelamento de comunidades na Judéia, Samária e mesmo Jerusalém, ou fazer novas concessões aos palestinos e até se conformar com um Irã nuclear.
De acordo com Goldberg, Obama tem o direito de salvar Israel, apesar do que querem os israelenses porque ele se declarou “o president Americano mais judeu da história” e o representante do judaismo liberal americano. Ele disse que ama Israel, se identifica com Israel, toma conta de Israel e não dorme as noites por causa de Israel. E ele acredita que tem o privilégio e a obrigação de pressionar Israel a tomar as decisões certas porque seus líderes, isto é, Netanyahu, estão estragando o futuro do país. Em sua arrogância Obama realmente acredita que tem o mandato dos judeus americanos e da próxima geração de israelenses para ditar seu futuro.
Muitos me perguntam porque eu não dou a Obama uma chance. Porque não posso acreditar que suas intenções sejam boas, que ele aprendeu com os erros do passado e que agora que o mundo árabe está nas garras do radicalismo islâmico ele não irá fazer exigências injustas a Israel?
Porque não acredito que alguém mude radicalmente sua ideologia instantaneamente sem qualquer razão, fato ou evento que o justifique. Obama foi amigo intimo de Eduard Said, um ativista palestino viceralmente anti-semita e anti-Israel. Durante seu primeiro termo Obama não fez outra coisa a não ser esnobar e pressionar Israel. E agora de repente, um segundo termo o fez ver a luz?
E se eu estiver certa, Israel terá um caminho bem duro à frente. Obama por seu lado também terá muitas surpresas. Ele verá que seu charme não será suficiente para fazer o povo se virar contra Netanyahu como ele espera. E todo este seu amor duro não trará a paz.
Os israelenses não são tão ingênuos a ponto de acreditarem de olhos fechados no “confiem em mim” de Obama porque até agora, Obama só errou no Oriente Médio. Ele errou sobre as concessões aos palestinos, e nem tem lidado com a primavera árabe de modo especialmente brilhante com todas as centenas de milhares de mortes que continuam ocorrendo.
No frigir dos ovos, o que conta para os israelenses é a avaliação da situação pelos seus líderes e hoje ele é Bibi.
Ninguém acredita que uma corrida louca para uma cerimônia grandiosa na Casa Branca seja hoje uma boa idéia. O que precisamos agora é de diplomacia e uma estratégia diversa, como por exemplo, por pressão nos palestinos para voltarem à mesa de negociações sem pré-condições.
Ninguém em Israel acredita que mais concessões para uma fraca e radicalizada Autoridade Palestina na Judéia e Samária sem o fim do Hamas e do Irã irá trazer mais segurança ou estabilidade para Israel. E ninguém acredita que o Irã irá desistir de obter a bomba nuclear.
Obama irá aprender que alguns discursos aplaudidos calorosamente em Jerusalém não são suficientes para ganhar a confiança dos isralenses. Quando ele agir decisivamente contra Fordo e Natanz, talvez aí sim ele terá provado seu comprometimento como guarda-costas de Israel.
Mas o gênio de Obama está aí: por agora, a mídia está se deliciando com os aplausos entusiasmados de jovens israelenses às promessas ingênuas e palavras ocas feitas por um presidente americano-africano, que tem como nome do meio Hussein, que veio exigir o endosso para um estado palestino.
Como é que ele consegue?
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