Durante a semana passada discutimos a
necessidade da Europa declarar a Hezbollah uma organização terrorista. A Europa
não o fez pelo menos por enquanto, supostamente para não desestabilizar ainda
mais a situação no Líbano.
Em vez disso, Catherine Ashton, a
Representante da União Européia para Assuntos Exteriores e de Política de
Segurança decidiu “esclarecer” a política da Europa em relação aos Territórios
conquistados por Israel em 1967, particularmente sobre os assentamentos na
Judeia, Samaria, Jerusalém do Leste e nos Altos do Golã.
Mais uma vez redescobrimos a Velha Europa!
Esta mesma Europa que se intitula detentora do padrão supremo em moralidade
mostrou esta semana que com todo o respeito aos 100 mil mortos na Síria, às
dezenas de mortes no Egito e Líbano, Israel é o que realmente a incomoda. E
então, decidiu partir para a ação banindo toda a cooperação com entidades
israelenses baseadas além das linhas de armistício de 1967.
Além da ultrajante tentativa de boicotar
judeus, estas diretivas tentam estabelecer um novo parâmetro político
envolvendo as fronteiras de Israel. Para todos os efeitos, a União Européia traçou
as fronteiras de Israel e pronto. Sem negociações! Para Bruxelas, John Kerry
pode voltar para casa.
Há meses que Israel sabia que os
Europeus estavam ocupados com um documento sobre os territórios conquistados em
1967. Mas ninguém havia antecipado um documento que dividiria Israel em dois:
um que merece a cooperação e apoio da Europa e outro, leproso, sobre o qual a
Europa se recusa a encostar o dedo.
As respostas de Netanyahu e outros
membros do seu governo mostram a seriedade da situação. Na quarta-feira o
primeiro ministro de Israel fez ligações urgentes para líderes europeus pedindo
para adiarem a publicação destas diretivas. Sua única consequência será a total
perda de fé dos israelenses na neutralidade da Europa e no processo de paz.
Não dá para entender os europeus. De um
lado eles querem ter maior influência e envolvimento no Oriente Médio. Por
outro, estão fazendo todos erros possíveis e imagináveis. A Alemanha fez
declarações neste final de semana se distanciando desta decisão de Ashton e
outros países colocaram a culpa nos burocratas da União Européia.
Esta não é a primeira vez que burocratas
colocam os países membros em águas quentes. Quando a Alemanha e a França
quiseram dar uma freada na inclusão da Turquia na União Européia, os burocratas
decidiram o contrário. É o que acontece quando o mordomo dá as ordens,
esquecendo quem é o dono da casa.
Estes burocratas sabem no entanto, que
eles não são a Europa, e que não podem impor a Israel o contorno de suas
fronteiras, especialmente forçar Israel a reconhecer como ocupados a Judeia, a
Samaria, Gaza, Jerusalém do Leste e os Altos do Golã, os dois últimos anexados
há anos por Israel.
Esta semana a Europa conseguiu se tornar
ainda mais irrelevante nas negociações entre Israel e os palestinos. Ela ficará
mais uma vez no escanteio olhando a América tomar a liderança nestas
negociações. Mas apesar de ser incapaz de ditar a agenda, a União Européia
ainda é capaz de destruir esforços diplomáticos como os de John Kerry. Foi
muito irônico que foi precisamento o dia de Tishah BeAv a data escolhida pelos
europeus para emitir estas diretivas que só encorajarão os palestinos a
endurecerem suas posições em meio ao otimismo prematuro de Kerry.
Há alguns que acreditam que a Europa
queria colocar Israel numa posição difícil e por isso Ashton escondeu de Israel
a iminente publicação destas diretivas durante sua visita ao país há um mês
atrás.
O que está acontecendo é uma revolução
dos burocratas da União Européia que resolveram que eles irão ditar os fatos
aos outros países.
É difícil medir o dano econômico que esta
decisão causará, especialmente para organizações israelenses. Estas diretivas
causarão dúvidas a arqueólogos europeus trabalhando junto à Universidade
Hebraica de Jerusalém conduzindo escavações em Jerusalém do Leste, ou a
cientistas europeus que ensinam na Universidade de Haifa, porque ela tem um
prédio no Altos do Golã.
Israel não recebe caridade da União
Européia. De fato, Israel paga para participar de projetos em conjunto.
Inclusive importantes projetos em tecnologia e ciência que beneficiam sobretudo
europeus.
Então aonde está o “terremoto” ou o “terrorismo
econômico” presentes nos artigos de jornais mundo afora esta semana? A
diferença pode não ser econômica mas seu impacto poderá ser outro e muito pior.
Estas diretivas foram a manifestação de
uma linha européia de rotular os assentamentos como um obstáculo para a paz – o
que não é novidade. Foi realmente a expressão de um desejo que Bruxelas tem de
reduzir o tamanho de Israel.
Assim, antes que Israel exija da União
Européia explicações e diretivas de por que a Córsega ainda é ocupada pela França,
ou a Escócia pela Inglaterra, ou o País Basco e duas províncias do Marrocos
ainda ocupados pela Espanha, os Europeus, como velhos colonialistas parecem se ter
unido para combater este “novo colosso colonialista” que tem o tamanho do
estado de Sergipe.
Os Europeus obviamente negam que isto
tenha algo a ver com anti-semitismo. Eles dizem que só não gostam de
assentamentos. Mas o pensamento de que se possa coagir judeus a dançar ao seu
tom ameaçando seu bolso, é uma velha falácia. Mas é o legado que Catherine
Ashton representa tão bem: os europeus, ela diz, irão fazer a seleção dos
judeus de cada lado da linha verde. E submeter judeus a seleções não é algo
estranho aos europeus.
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