Sunday, July 21, 2013

As Diretivas da União Européia e o Anti-Semitismo - 21/07/2013

Durante a semana passada discutimos a necessidade da Europa declarar a Hezbollah uma organização terrorista. A Europa não o fez pelo menos por enquanto, supostamente para não desestabilizar ainda mais a situação no Líbano.

Em vez disso, Catherine Ashton, a Representante da União Européia para Assuntos Exteriores e de Política de Segurança decidiu “esclarecer” a política da Europa em relação aos Territórios conquistados por Israel em 1967, particularmente sobre os assentamentos na Judeia, Samaria, Jerusalém do Leste e nos Altos do Golã.

Mais uma vez redescobrimos a Velha Europa! Esta mesma Europa que se intitula detentora do padrão supremo em moralidade mostrou esta semana que com todo o respeito aos 100 mil mortos na Síria, às dezenas de mortes no Egito e Líbano, Israel é o que realmente a incomoda. E então, decidiu partir para a ação banindo toda a cooperação com entidades israelenses baseadas além das linhas de armistício de 1967.

Além da ultrajante tentativa de boicotar judeus, estas diretivas tentam estabelecer um novo parâmetro político envolvendo as fronteiras de Israel. Para todos os efeitos, a União Européia traçou as fronteiras de Israel e pronto. Sem negociações! Para Bruxelas, John Kerry pode voltar para casa.

Há meses que Israel sabia que os Europeus estavam ocupados com um documento sobre os territórios conquistados em 1967. Mas ninguém havia antecipado um documento que dividiria Israel em dois: um que merece a cooperação e apoio da Europa e outro, leproso, sobre o qual a Europa se recusa a encostar o dedo.

As respostas de Netanyahu e outros membros do seu governo mostram a seriedade da situação. Na quarta-feira o primeiro ministro de Israel fez ligações urgentes para líderes europeus pedindo para adiarem a publicação destas diretivas. Sua única consequência será a total perda de fé dos israelenses na neutralidade da Europa e no processo de paz.

Não dá para entender os europeus. De um lado eles querem ter maior influência e envolvimento no Oriente Médio. Por outro, estão fazendo todos erros possíveis e imagináveis. A Alemanha fez declarações neste final de semana se distanciando desta decisão de Ashton e outros países colocaram a culpa nos burocratas da União Européia.

Esta não é a primeira vez que burocratas colocam os países membros em águas quentes. Quando a Alemanha e a França quiseram dar uma freada na inclusão da Turquia na União Européia, os burocratas decidiram o contrário. É o que acontece quando o mordomo dá as ordens, esquecendo quem é o dono da casa.

Estes burocratas sabem no entanto, que eles não são a Europa, e que não podem impor a Israel o contorno de suas fronteiras, especialmente forçar Israel a reconhecer como ocupados a Judeia, a Samaria, Gaza, Jerusalém do Leste e os Altos do Golã, os dois últimos anexados há anos por Israel.

Esta semana a Europa conseguiu se tornar ainda mais irrelevante nas negociações entre Israel e os palestinos. Ela ficará mais uma vez no escanteio olhando a América tomar a liderança nestas negociações. Mas apesar de ser incapaz de ditar a agenda, a União Européia ainda é capaz de destruir esforços diplomáticos como os de John Kerry. Foi muito irônico que foi precisamento o dia de Tishah BeAv a data escolhida pelos europeus para emitir estas diretivas que só encorajarão os palestinos a endurecerem suas posições em meio ao otimismo prematuro de Kerry.

Há alguns que acreditam que a Europa queria colocar Israel numa posição difícil e por isso Ashton escondeu de Israel a iminente publicação destas diretivas durante sua visita ao país há um mês atrás.

O que está acontecendo é uma revolução dos burocratas da União Européia que resolveram que eles irão ditar os fatos aos outros países.

É difícil medir o dano econômico que esta decisão causará, especialmente para organizações israelenses. Estas diretivas causarão dúvidas a arqueólogos europeus trabalhando junto à Universidade Hebraica de Jerusalém conduzindo escavações em Jerusalém do Leste, ou a cientistas europeus que ensinam na Universidade de Haifa, porque ela tem um prédio no Altos do Golã.

Israel não recebe caridade da União Européia. De fato, Israel paga para participar de projetos em conjunto. Inclusive importantes projetos em tecnologia e ciência que beneficiam sobretudo europeus.

Então aonde está o “terremoto” ou o “terrorismo econômico” presentes nos artigos de jornais mundo afora esta semana? A diferença pode não ser econômica mas seu impacto poderá ser outro e muito pior.

Estas diretivas foram a manifestação de uma linha européia de rotular os assentamentos como um obstáculo para a paz – o que não é novidade. Foi realmente a expressão de um desejo que Bruxelas tem de reduzir o tamanho de Israel.

Assim, antes que Israel exija da União Européia explicações e diretivas de por que a Córsega ainda é ocupada pela França, ou a Escócia pela Inglaterra, ou o País Basco e duas províncias do Marrocos ainda ocupados pela Espanha, os Europeus, como velhos colonialistas parecem se ter unido para combater este “novo colosso colonialista” que tem o tamanho do estado de Sergipe.


Os Europeus obviamente negam que isto tenha algo a ver com anti-semitismo. Eles dizem que só não gostam de assentamentos. Mas o pensamento de que se possa coagir judeus a dançar ao seu tom ameaçando seu bolso, é uma velha falácia. Mas é o legado que Catherine Ashton representa tão bem: os europeus, ela diz, irão fazer a seleção dos judeus de cada lado da linha verde. E submeter judeus a seleções não é algo estranho aos europeus.

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