Nos últimos três anos, de tempos em tempos, ouvimos que a União Europeia
está para publicar regras de rotulagem de produtos israelenses provenientes de
áreas que se encontram além da linha verde de 1948. Isto inclui a Judea, a
Samária, partes de Jerusalem e os Altos do Golan.
Nesta semana, a União Européia anunciou que as regras estão prontas e deverão
ser anunciadas nos próximos dias.
A reação de Israel foi de dura critica. Os europeus tentaram dizer no
passado que a rotulagem não é para promover qualquer boicote. Seu porta-voz
disse à televisão Bloomberg em Junho que o “princípio fundamental é
simplesmente não enganar os consumidores europeus sobre a origem dos produtos”.
Os europeus querem que acreditemos que a rotulagem especial é um meio
simples de fornecer informação para seus consumidores e que isso nada tem a ver com qualquer
boicote sórdido. Deve ter sido um argumento semelhante o usado pelos nazistas
ao exigirem que os judeus usassem a estrela amarela nos anos 30 e 40. Só para o
público alemão saber a titulo de informação com quem estava lidando...
Estas tentativas de dissociação são pouco convincentes. O que exatamente
os europeus esperam que haja nos rótulos? Vamos lá: “Produzido por colonos
Isralenses em Território Palestino Ocupado”? ou “Produzido na Palestina Ocupada
por Colonos Israelenses Opressores e Palestinos Oprimidos Contratados?” Até o
mais inócuo “Produzido na Cisjordânia (produção de colonias israelenses)”, que
já consta de alguns produtos nos supermercados da Inglaterra, é suficiente para
causar a rejeição de consumidores europeus infectados pelo preconceito
antissemita, bombardeado diáriamente pela mídia.
Já há dano para companhias israelenses, particularmente da industria
agricola como produtos comestiveis e flores do Vale do Jordão, depois que
países como a Inglaterra, a Belgica e a Dinamarca implementaram regras
individuais de rotulagem.
Numa entrevista em junho, David Ehayani, presidente do conselho regional
do Vale do Jordão disse que agricultores israelenses já haviam perdido 150
milhões de shekels anuais em exportações para a Europa como resultado da nova
rotulagem.
Outra mentira que os europeus estão tentando vender é que a rotulagem
seria “uma nota interpretativa e não legalmente obrigatória”. Isto é,
teoricamente, negociantes europeus poderiam escolher colocar o rótulo ou não. O
problema é que uma vez que a Comissão Européia fizer a recomendação para
colocar o rótulo, a maioria dos países verão esta como uma obrigação moral.
Como se tivesse qualquer coisa de moral em forçar Israel a capitular frente às
imorais exigencias palestinas, sem pedir nada em retorno como por exemplo,
cessar o incessante incitamento contra Israel e judeus.
Não é de espantar que a maioria dos países europeus são a favor da
rotulagem. Em abril, os ministros do exterior da França, da Inglaterra,
Espanha, Italia, Belgica, Suécia, Malta, Austria, Irlanda, Portugal, Eslovênia,
Hungria, Finlandia, Dinamarca, Holanda e Luxemburgo assinaram uma carta
apoiando a medida.
A Alemanha foi o único dos cinco maiores países europeus a não assinarem
a carta. Será que os alemães tiveram uma outra compreensão desta medida?
O momento deste novo empurrão da Europa pela rotulagem de produtos
israelenses provenientes de áreas além da linha verde não é coincidência. O
primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu viajará na semana que vem para
se encontrar com o presidente Obama em Washington.
No passado, a Europa se absteve de publicar estas regras sob pressão
americana. Isto aconteceu nos nove meses de negociação de John Kerry que terminou
sem qualquer resultado em 2014.
Agora, no entanto, não há negociações e Obama não está interessado em
nada que tenha a ver com o processo de paz entre Israel e os palestinos ou a
falta dele. Ele precisa da Europa para outras coisas, como apoio na Síria e no
Iraque e não irá incomodar seus aliados com isso. Ele pode até usar a
publicação como uma ameaça para forçar Netanyahu a mais uma concessão para
reativar as inúteis negociações com os palestinos.
Se ele fizer isso, estará repetindo mais uma vez o erro que todos os que
apoiam os boicotes, desinvestimentos e sanções fazem.
Apontar o dedo condenador só para Israel, não é só errado. É imoral por
várias razões. Primeiro ela coloca toda a culpa pelo fracasso das negociações
com os palestinos, somente sobre os ombros de Israel.
Segundo, a Europa esquece dos outros conflitos sem resolução, aos quais
ela não exige rotulagem: o norte da ilha de Chipre continua ocupada pela
Turquia. Centenas de milhares de pessoas deslocadas há decadas, sem resolução. Não
há rótulo especial de Chipre. Os Bascos na Espanha. Os curdos que são a maior
minoria do Oriente Médio com milhões espalhados no Irã, no Iraque, na Síria e
na Turquia, não merecem um estado. E os tibetanos?? Não, não, não, não mexemos
com a China...
Aqueles que apoiam o boicote de Israel se recusam a reconhecer a
realidade histórica do conflito e também ignoram a realidade que o país vive
atualmente. Ignoram o absurdo do fato que judeus viveram na Judeia, Samaria e
em Jerusalem por mais de 3 mil anos ininterruptamente. Que foram expulsos de
suas casas em 1948 e voltaram 19 anos mais tarde em 1967 e de repente são
considerados “colonos”???
Ignoram que a onda de violência contra israelenses inocentes, meninos de
13 anos e avós de 80, é uma lembrança não só da incitação mas da profundidade
da intransigência violência que permea a sociedade palestina.
A decisão da Europa de rotular os produtos israelenses agora, enquanto a
liderança palestina está completamente voltada ao incitamento e a glorificação
de terroristas, não é só errada e imoral. É perigosa. Ela premia a violência
palestina e vilifica Israel, preparando
o palco para ainda mais violência.
Gostaria de aproveitar alguns minutos para lembrar o Quinto presidente
de Israel, Yitzhak Navon que nos deixou ontem aos 94 anos.
A morte de Navon gerou uma onda de tristeza em Israel. Um homem modesto,
que falava fluentemente o Hebraico, o Árabe, o Ingles, o Espanhol, Ladino e
Yiddish, Navon era a 20ª geração de judeus expulsos da Espanha que nasceram em
Israel inclusive de renomados rabinos.
Navon representava a fusão da nobreza com o homem do povo. Ele queria
saber tudo sobre a vida de todos que conhecia. Escreveu vários livros e
promoveu a cultura sefaradi em Israel, mas gostava mesmo de passear no mercado
aonde comia falafels e conversava com os vendedores.
Um personagem marcante da História de Israel que acreditava que a
convivencia de judeus com árabes era
possível e que a paz nunca estava muito longe. Apesar de seu sonho estar mais distante
do que nunca, o homem Yitzhak Navon não será nunca esquecido.
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