Na semana passada, o deputado
brasileiro descendente de libaneses, Carlos Marun do PMDB conseguiu fazer
notícia na imprensa israelense e Americana por suas declarações disparatadas,
ignorantes e antissemitas.
Falando sobre a indicação de
Dani Dayan para o cargo de embaixador de Israel em Brasilia, o ilustre
deputado, literalmente gritando do pódio, declarou que "seria como a
Alemanha - o envio para o Brasil um ex-comandante do campo de concentração como
um embaixador; como o Chile - o envio para o Brasil um embaixador que é um
guarda da prisão da ditadura, ou a África do Sul - o envio de um torturador
prisão do regime do apartheid".
Primeiramente, quero deixar
registrado que conheço Dani Dayan pessoalmente. E ele não é nada do que a mídia
brasileira, os políticos, a esquerda ou os palestinos tentam pintar. Ele nasceu
e foi criado na Argentina. Quando tinha 15 anos, sua família se mudou para
Israel. Ele se formou em Ciências Econômicas e Computação com mestrado em
Finanças pela Universidade de Tel Aviv. Em 1982 ele fundou a empresa de
tecnologia de informação “Elad Systems” que entre outros, oferece soluções inovadoras
para o setor de saúde. Então já deixamos claro que ele nunca foi nenhum guarda
de coisa nenhuma.
Ele foi sim, no passado,
presidente do Conselho das Comunidades da Judéia e Samária. Mas mesmo naquela
época, Dani Dayan advogava ferozmente pela a melhora da condição de vida da
população palestina destas áreas. Em um artigo publicado no New York Times em
2014 (http://www.nytimes.com/2014/06/09/opinion/peaceful-nonreconciliation-now.html?_r=0) Dayan defendeu um
plano radical para melhorar a qualidade de vida dos palestinos, retirando
barreiras, reformando o sistema de água, esgoto e eletricidade das cidades e
vilarejos árabes, acesso aos portos para exportação de produtos e aos
aeroportos israelenses, substituição da administração militar por uma
administração civil destas áreas e desmantelamento dos campos de refugiados que
existem até hoje dentro da Autoridade Palestina e transferência para comunidades
construídas com toda a infraestrutura necessária.
Esta não é a imagem
tradicional que o mundo tem do que chama de “colono”.
Mas voltando ao ilustre deputado
e seus vastos conhecimentos, ele continuou sua diatribe dizendo que não tinha
“nada contra a existência do Estado de Israel, cujas fronteiras já são
reconhecidas e ocupam 85 por cento da Palestina. Esses colonos são agentes do
sionismo que o mundo não pode aceitar que eles são ladrões de terras dos
outros, o que é um insulto para o Brasil, um insulto ao governo, e um insulto a
milhões de brasileiros, cujas origens, como a minha, são do mundo árabe".
Então vejamos: de acordo com
ele, as fronteiras de Israel já são reconhecidas. Isto não é verdade. Até hoje
o mundo reconhece que depois da luta por sua sobrevivência seguida à sua
independência, Israel e a Jordânia, cansados da guerra, estabeleceram linhas de
armistício que não são nada mais do que linhas de cessar-fogo. Estas linhas,
estabelecidas com a Jordânia em 1949 são as que os palestinos reclamam serem as
fronteiras de seu presumido estado.
Ele disse que Israel hoje
ocupa 85% da “Palestina”. A Palestina nunca existiu. As áreas da Judeia e a
Samaria foram de fato anexadas pela Jordânia. Se ele se refere ao Mandato da
Palestina, aí então seu erro, é ainda mais crasso. Logo após a Primeira Guerra
Mundial, para apaziguar o clã dos Husseinis que era muito violento e virulentamente
anti-britânico e antissemita, os ingleses deram a eles 76% do Mandato da
Palestina e criaram para eles a Jordânia. Os judeus não tiveram outra
alternativa a não ser aceitar.
Até 1948, os judeus continuaram
a viver toda a área da Judeia, Samaria e Jerusalem. Temos famosos massacres de
judeus em Jerusalem em 1921 e em Hebron em 1929.
A pequena faixa de terra entre
o rio Jordão e o Mar Mediterrâneo foi então prometida aos judeus em sua
totalidade. Mas em 1947, a ONU resolveu partilhar novamente esta área. De
acordo com esta partilha aos judeus ficariam com apenas 13.44% do Mandato
original sendo que a vasta maioria das terras alocadas a eles eram desérticas.
Mas os árabes não aceitaram, e
foram para a guerra. Milagrosamente os judeus venceram e retiveram 18.72% em
vez dos 13.44%. Os 5.28% restantes ficaram, como disse, com a Jordânia e o
Egito até a Guerra dos Seis Dias. Assim, senhor deputado, Israel não tem 85% da
Palestina.
Sobre sua afirmação de que
estes “colonos são agentes do sionismo que o mundo não pode aceitar que eles
são ladrões de terras dos outros” é uma imbecilidade. O sionismo é o movimento
de autodeterminação do povo judeu. Quer dizer, para este deputado, os judeus
não têm este direito, é isso? E os judeus são ladrões de terras dos
outros? Como podem judeus terem vivido 2
mil anos num lugar, serem expulsos por 19 anos e ao voltarem serem chamados de
“colonos” e “ladrões” e suas casas, se tornarem magicamente “ilegais”?
Além das Constituições Islâmicas
da Autoridade Palestina e do Hamas que proíbem judeus de viverem e ponto, em
lugar algum há lei que proíba judeus de se instalarem na Judeia, Samaria e
Gaza. Uma afirmação desta vindo de um legislador brasileiro é mais uma mostra
do gênero “sapiens” que assola o governo brasileiro!
O que a comunidade
internacional disputa é a legitimidade de Israel construir nestas terras em
vista de sua aceitação da criação de um estado para a população árabe. Ele
deveria saber a diferença.
As explosões deste deputado e
a recusa da presidente - ou como ela prefere presidenta, de confirmar Dayan
como embaixador não é só um tapa na cara de um país aliado. É um passo além do
que o movimento de Boicote, Desenvestimento e Sanções está buscando. O BDS quer
rotular produtos produzidos por empresas pertencentes a judeus vindos da Judéia
e Samária. Mesmo que estas empresas gerem milhares de empregos para palestinos.
Dilma, por sua vez, quer colocar
uma estrela amarela nos 750 mil moradores judeus destas áreas e impedi-los de
exercer um cargo diplomático por causa de seu endereço!
Precisamente por causa de seu
perfil, Dani Dayan foi escolhido por Bibi Netanyahu e apesar de pessoalmente
não concordar com ele em tudo, ele é perfeito para o cargo de embaixador de
Israel no Brasil com uma missão.
Além de ótimo negociador e alguém
que faz acontecer, Dayan tem conhecimento profundo da situação dos dois lados.
Ele poderia angariar os bons ofícios do Itamaraty como um intermediário
alternativo aos Estados Unidos nas negociações de paz. Isto elevaria o Brasil
substancialmente no âmbito mundial.
Mas não. Brasília prefere alguém
insosso que não mexa com a narrativa imposta pelos palestinos de sua embaixada
no Brasil, do terreno doado por Lula que vale uma verdadeira fortuna no centro
da capital. Aliás, a revista Veja, em fevereiro deste ano, já citava o
embaixador Ibrahim Alzeben que declarou abertamente que “Israel tem que
desaparecer”.
Esta campanha levada à cabo
com sucesso por Saeb Erekat e o resto da gangue palestina, irá infelizmente ter
o efeito contrário e diminuir o status do Brasil no âmbito internacional.
Quanto a nomear Dayan “ser um
insulto para o Brasil, um insulto ao governo, e um insulto a milhões de
brasileiros, cujas origens, como a minha, são do mundo árabe”, nem merece meu
fôlego. Minha origem, como a deste deputado, também é do mundo árabe. Também é
a origem de Guga Chacra, o blogueiro do jornal Estado de São Paulo, que
aplaudiu a carreira de Dani Dayan em seu artigo do dia 25 de setembro último (http://internacional.estadao.com.br/blogs/gustavo-chacra/como-e-a-inovadora-proposta-de-paz-do-embaixador-de-israel-no-brasil/).
Mas o que fazer num país aonde
a miopia reina e para ser legislador e governante não é preciso nem curso
primário?
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