No
dia 3 de outubro de 1348, na conclusão de um julgamento, apenas uma alegação
foi suficiente para justificar a destruição total dos judeus da Europa; a
afirmação dizia: “é verdade que todos os judeus, a partir de sete anos de
idade, não podem ser desculpados deste crime, porque todos eles, em sua
totalidade têm conhecimento e são culpados de envenenar os poços de água que
causaram a peste negra”.
A
peste matou entre metade e dois terços da população de Europa, incluindo
judeus. Mas além da peste, mais de 300 comunidades foram destruídas. Milhares
de judeus morreram queimados, afogados e esfaqueados, outros milhares foram
expulsos. A histeria antissemita se espalhou da Espanha, França e Alemanha para
a Polônia e Lituânia. Em Mainz 6 mil judeus pereceram nas chamas depois do
gueto ter sido ateado em fogo. Em Estrasburgo dois mil judeus foram queimados
vivos em piras montadas no seu próprio cemitério.
Acredito
que muitos de nós, ao ouvir estes fatos históricos, balançam a cabeça
incrédulos com a ignorância, superstição e violência que assolava a Europa na
Idade Média. Mas a mesma loucura se repetiu há apenas 70 anos na Alemanha na
qual judeus foram categorizados como uma sub-raça. No século 21 achamos ter
superado este tipo de atraso.
Mas
aí temos Mahmoud Abbas, o paladino da incitação, lutando para manter vivas as
superstições milenares e libelos de sangue. Nesta última quinta-feira, Abbas foi
convidado a discursar perante o Parlamento Europeu em Bruxelas. Depois de
esnobar o presidente de Israel Reuben Rivlin, Abbas declarou ser contra a
incitação, mas que “somente na semana passada, um grupo de rabinos em Israel
exigira que seu governo envenenasse, envenenasse a água dos palestinos”. Aí ele
perguntou: “isto não é incitação? Não está clara a incitação, para matar o povo
palestino em massa?”
Mas
o pior é que depois de 43 minutos de acusações absurdas e insanas, Abbas foi
aplaudido de pé, ovacionado como uma estrela de rock. Não é de admirar que os
ingleses tenham votado em sair deste circo que é a Europa.
Abbas
também disse que a falta de esperança no horizonte do povo palestino era a
única causa do terrorismo mundial. Que assim que a “ocupação israelense”
acabasse, o mundo viveria em paz.
Musica
para os ouvidos dos mascates de um acordo a qualquer preço.
O
que eles não explicam é o fato deste ter sido precisamente o que Israel fez 23
anos atrás. A declaração de princípios de Oslo, assinada na Casa Branca em 1993
dava aos palestinos autonomia em toda a Judeia, Samaria e Gaza por um período
de transição de no máximo cinco anos. Durante este período os dois lados
negociariam um acordo permanente. Em maio de 1994 Israel tinha saído
inteiramente da Faixa de Gaza, exceto dos poucos assentamentos e de Jericó na
Cisjordânia. No dia 1º de julho Yasser Arafat entrou triunfalmente em Gaza e
criou a Autoridade Palestina tomando completo controle do território.
Em
28 de setembro de 1995, apesar do aumento descomunal de ataques terroristas nos
territórios sob o controle de Arafat, os dois lados assinaram um acordo
interino e no final do mesmo ano, o exército israelense tinha se retirado de
todas as áreas povoadas menos Hebron que ocorreu um pouco mais que um ano
depois.
O
ministro do meio ambiente da época, o esquerdista Yossi Sarid, declarou jubilante
que o Estado Palestino havia sido de fato estabelecido. Efetivamente desde o
começo de 1997, 99% da população palestina da Judeia, Samaria e Gaza não vive
baixo qualquer ocupação israelense. A mídia virulentamente anti-Israel e
anti-judaica, a incitação nas escolas e nas mesquitas são prova que durante estes
anos, não houve e continua a não haver qualquer ocupação estrangeira nestas
áreas.
Assim,
dizer que o terrorismo é uma resposta natural a uma alegada “ocupação” não é só
infundada mas o inverso é verdadeiro. Cada um tem o direito a sua opinião mas
não a seus fatos. Nos primeiros dois anos e meio que se seguiram aos acordos de
Oslo, 210 israelenses foram assassinados – três vezes a média dos 26 anos
anteriores.
Mais ainda, dois terços das vítimas foram mortas dentro de Israel
própria,– 10 vezes a media das fatalidades durante a primeira intifada. Em
setembro de 1996, Arafat decidiu reverter abertamente à violência alegando que
Israel queria destruir as mesquitas no Monte do Templo. Os motins que se
seguiram custaram a vida de 17 israelenses e 80 palestinos. E apesar de Arafat ter
logo abandonado as alegações mentirosas depois de terem perdido sua utilidade,
ele as repetiria em várias ocasiões inclusive em setembro de 2000 quando lançou
a segunda intifada, logo após ter recebido a oferta mais generosa de território
por Ehud Barak.
Quatro
anos mais tarde, com a morte de Arafat, a contabilidade da perda de vidas era a
maior desde 1948. 1,028 israelenses morreram em 5,760 ataques: nove vezes a
media de mortes antes de Oslo. No total,
mais de 1,600 israelenses morreram e outros 9 mil foram feridos desde a
assinatura de Oslo. E isso, sem mencionar o Hamas que hoje domina a Faixa de
Gaza e constitui um perigo constante para a maioria da população de Israel.
Se a “ocupação” é mesmo a causa do terrorismo, então porque os ataques aumentaram dramaticamente com a esperança do fim da ocupação?? E porque se tornaram uma verdadeira Guerra quando Israel ofereceu as maiores concessões possíveis??
Voltando atrás na história, em 1920 e 1921 65 judeus foram mortos. Não
havia ocupação ou estado. Em 1929, em Hebron, Sfat, e outras cidades, 220
judeus foram mortos. Antes da ocupação. Em 1936, 16 judeus foram mortos e
outros 40 foram feridos no dia Sangrento de Yafo. Antes da ocupação. Em 1938,
num pogrom em Tiberias, 19 judeus foram mortos. Antes da ocupação.
62 judeus foram assassinados por árabes na primeira semana depois da partilha
da ONU. Até 15 de maio de 1948, 1,256 judeus haviam sido mortos inclusive 78
médicos, enfermeiras e pacientes que estavam sendo transportados para o
Hospital Hadassah. Antes da ocupação. Entre 1948 e 1967 não houve ano em que
não houvesse um sério ataque terrorista contra civis israelenses com dezenas de
mortos. Tudo antes da ocupação.
Assim, não é a “ocupação” a causa da falta de “esperança no horizonte” como diz Abbas, mas a rejeição categórica dos árabes do direito dos judeus a um Estado, como expresso pela Liga das Nações em 1922 e pela Partilha a ONU em 1947. Uma rejeição baseada no pior antissemitismo - em que judeus são sistematicamente descritos como descendentes de porcos e macacos, estrangeiros que nada tem a ver com esta terra. Que a simples presença de um judeu em qualquer parte dela é insuportável. Um povo com o qual palestinos nunca farão a paz.
O que causou os pogroms através dos séculos e o Holocausto, não foi uma
animosidade pessoal contra judeus, mas uma ideologia disseminada sistematicamente.
A mesma ideologia que continua a ser perpetuada na mídia, escolas e mesquitas
da Autoridade Palestina. E até conseguirmos derrotar esta ideologia e preparar
os palestinos para aceitarem a convivência com os judeus, a busca de uma paz
entre os dois povos continuará a ser apenas um exercício fútil. Independente do
que a França e o resto do circo pensem.
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