O mundo já não é mais o mesmo. A guerra na Síria que já atingia proporções catastróficas
se transformou em uma aniquilação sistemática de todos que se opõem ao regime
de Assad. Hospitais, creches, residências, nada é poupado. E a Rússia, fazendo
o trabalho sujo para o ditadorzinho sírio será levada ao Conselho de Segurança
da ONU pelos Estados Unidos para responder por crimes de guerra.
Desde o Fim da Guerra Fria não
vimos algo desta natureza. Por quatro anos assistimos Bashar Assad com o apoio da
Hezbollah e do Irã tentar erradicar os rebeldes sunitas. Mas o fato da maioria
da população ser sunita e apoiar os rebeldes tornou uma vitória impossível. E aí
entrou a Rússia. E a nova tática: a limpeza étnica da maioria da população. A
onda maciça de refugiados para a Europa é prova do sucesso desta tática bárbara.
Putin não se importa. Ao contrário. Agora seus exércitos estão firmemente
implantados nas costas do Mediterrâneo, às portas da Europa enfraquecida com seus
milhões de refugiados.
O patético restabelecimento
das relações com a Rússia protagonizada por Hillary Clinton em 2009 só serviu
para confirmar a fraqueza da América. Quando Mitt Romney afirmou em sua
campanha a presidente em 2012 que a Rússia era o maior perigo para a América,
Obama o ridicularizou, mandando-o pegar um livro de história e constatar que a
Guerra Fria tinha acabado. Onde está o brilhante Sr. Obama agora??
Um novo mundo surgiu nesta
semana nas ruinas de Aleppo e outras cidades da Síria. É um novo mundo porque
com a consolidação das bases russas na Síria, a supremacia aérea de Israel na
região está em cheque. Com a instalação de sistemas de aviso, baterias antiaéreas
avançadas e drones, Israel está severamente limitada em sua capacidade de
defender sua fronteira norte e de efetuar missões preventivas, como contra transportes
de armas e mísseis da Hezbollah.
É também irônico que este novo
e perigoso mundo tenha surgido com o enterro de Shimon Perez. O sonhador da paz
e protagonista dos Acordos de Oslo de 1993 não estará para assistir o capítulo
final da carnificina que com boas intenções ele ajudou a gerar. Hoje mesmo mais
dois israelenses foram mortos por um palestino terrorista de 39 anos, de
Jerusalem, outro fruto da incitação que corre solta nas ondas de rádio e tv
palestinas, cortesia de Oslo.
Pois é, infelizmente o mundo hoje
está liderado por aqueles que vivem no mundo da fantasia. Mais de 70 líderes do
mundo compareceram ao funeral de Peres, incluindo Obama, Bill Clinton e
François Hollande para reforçar sua posição de paz com os vizinhos. Todos os
três ainda empurrando um suposto “processo de paz” que não existe. E Angela
Merkel, abrindo seus braços para mais de 1 milhão de refugiados sem um mínimo
de verificação de quem sejam.
Muito a contragosto, Mahmoud
Abbas também esteve no funeral de Peres. Enormes protestos e críticas se
seguiram, tanto de dentro da Autoridade Palestina como do Hamas. Abbas sofreu um
atentado contra sua casa nos dias que se seguiram. Jornais o declararam judeu
como se este fosse o maior insulto.
O interessante é que se
participar de um enterro de um líder israelense, especialmente um que devotou
sua vida a fazer a paz com os palestinos, acarreta tal condenação, o que aconteceria
se Abbas realmente resolvesse negociar um acordo de paz?
O Presidente Abbas está
tomando uma dose de seu próprio remédio. É isso o que acontece quando se lança
uma onda de ódio contra Israel, seus líderes, seu povo, por todos os meios possíveis:
na mídia, nas escolas, nas mesquitas e nos discursos. É isso o que acontece quando você convence
seus seguidores que toda a população de Israel é “criminosa de Guerra” que deve
ser levada acorrentada à Corte Internacional Penal. É isso o que acontece
quando você repete que os judeus profanam os locais sagrados islâmicos e a
cidade de Jerusalém com seus “pés imundos”, pois são descendentes de porcos e
macacos. Isso é o que acontece quando você acusa Israel
de “limpeza étnica”, de “execuções extrajudiciais” e de ter “envenenado” Yasser
Arafat.
Que reação você espera quando é
visto ao lado de qualquer líder israelense? Acredito que a reação em si não foi
surpresa. Só a sua intensidade.
Abbas que tem 81 anos está no
leme da Autoridade Palestina há 11 anos. Na mídia social os ataques são ainda
piores. Hashtags foram lançados dizendo “oferecer condolências pela morte de
Peres é traição” e “Normalização é Traição”.
Como esperado Hamas foi ainda
mais além. Mahmoud Zahar, um dos líderes do grupo em Gaza, disse “que de acordo
com as opiniões islâmicas, Abbas é qualificado como judeu e assim ele espera
que ele se junte a Peres no inferno”. Zahar ainda disse que “Abbas é um produto
israelense. O homem que diz representar os palestinos se colocou contra todos
os palestinos e os árabes”.
Um grupo enorme de acadêmicos
palestinos e árabes, jornalistas e ativistas políticos assinaram uma petição
pedindo para Abbas pedir desculpas por ter ido ao funeral de Peres,
caracterizando o ato como um “erro político histórico” e um “choque” para os
palestinos.
Este é o povo com o qual
François Hollande e outros líderes do mundo esperam que Israel faça uma paz
duradoura com segurança. Se isto não é fantasia, não sei o que o é.
A culpa pela radicalização
palestina é exclusivamente de Abbas e do resto da Autoridade Palestina. Se você
promove boicotes contra Israel, espere ser atacado quando você quebra o boicote
e aperta a mão de um israelense, vivo ou morto. Os protestos irão acalmar, mas
os protestos mandam uma mensagem clara à futuros líderes palestinos: Não à paz
com Israel, não em nossos dias, não em qualquer dia”.
Como disse Caroline Glick em
sua opinião da semana passada, é realmente irônico que um novo Oriente Médio
esteja surgindo justo quando Shimon Perez - o visionário falho de uma fantasia de um novo Oriente Médio – é enterrado. Para
sobreviver neste Oriente Médio, Israel deve enterrar não só o corpo de Peres,
mas sua visão fantasiosa que a paz pode ser construída com o apaziguamento dos
inimigos e sobre as mentiras e fabricações que eles contam. Todos nós podemos
sonhar com a paz, mas líderes que detêm as vidas dos cidadãos em suas mãos não
podem ter sonhos que não sejam firmemente embasados na realidade. Faze-lo é o
que levou às milhares de mortes de inocentes desde Oslo. Faze-lo é o que está
levando à destruição completa da Síria.
Tudo muito longe da paz.
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