No domingo passado, a força
aérea americana abateu um jato sírio no norte do país envolvendo os Estados
Unidos na guerra civil que assola a Síria há mais de seis anos. Agora, o
impasse não é mais entre milícias locais, nem entre as forças regionais, mas
entre os Estados Unidos em direta oposição à Rússia e ao Irã.
Os Estados Unidos querem
separar os dois conflitos atuais na Síria: um contra o Estado Islâmico no leste
e o outro, a guerra civil entre Assad e os rebeldes no oeste. Trump não nega
sua interferência no primeiro, mas quer ficar fora do segundo. Assim, os
rebeldes e curdos apoiados pela América estão proibidos de atacar as forças de
Bashar al-Assad.
Enquanto a vitória sobre o
Estado Islâmico parece inevitável, Assad – ou mais precisamente, o Irã e a Rússia
– estão determinados a vencer os rebeldes. Isso coloca os Estados Unidos frente
a duas escolhas: ou deixar seus aliados serem derrotados pelo regime, o Irã e a
Rússia, ou ajudar a defendê-los. Uma decisão que Trump terá tomar o quanto
antes.
Que seja uma Síria fragmentada,
com Assad no oeste e os rebeldes no leste; ou a destruição do regime de Assad e
a implantação de zonas seguras; ou a sobrevivência do regime de Assad e a volta
de toda a Síria para suas mãos, qualquer destas escolhas é difícil e tem um custo.
Mas o preço mais alto será pago se a América não definir uma estratégia e logo.
A falta desta estratégia já permitiu às forças iranianas chegarem à fronteira
entre o Iraque e a Síria e a cortarem o progresso dos rebeldes apoiados pelos
Estados Unidos.
Porque isto é importante para
Israel? Se os Estados Unidos e seus aliados forem derrotados no leste da Síria,
o resultado será o estabelecimento de um corredor contíguo para o Irã passando
pelo Iraque e a Síria até o Mediterrâneo. Pela primeira vez, os aiatolás estarão
fisicamente às portas da Europa e na fronteira com Israel. Isto irá profundamente
transformar a ameaça iraniana ao Estado Judeu.
Isso não tem a ver somente
com a transferência de armamentos aos jihadistas e à Hezbollah no sul do
Líbano. Para entender o perigo que representa tal corredor é preciso analisar o
estilo de guerra que o Irã tem conduzido na última década na Síria e no Iraque.
Sem ter declarado qualquer guerra, milícias iranianas entraram no Iraque e na
Síria e têm comandado ataques, transferido armamento, tudo para proteger seus
aliados e seus interesses. Com a desculpa de lutar contra o Estado Islâmico, o
Irã, hoje constitui a maior força de poder nestes dois países.
Israel tem que assumir que
numa futura guerra com a Hezbollah, ela não estará imune a este modelo. O líder
da Hezbollah, Hassan Nasrallah, declarou nesta sexta-feira que o próximo
confronto com Israel atrairá milhares de combatentes do Irã, do Iraque, da
Síria e do Iêmen.
O fato dos governos tanto do
Iraque como da Síria estarem em desalinho, é uma grande vantagem para o Irã. A
criação de um corredor contíguo até o Líbano dará uma vantagem enorme aos
aiatolás numa guerra com Israel e mísseis iranianos posicionados no
Mediterrâneo servirão para dissuadir qualquer país europeu e mesmo a América de
se envolver.
E aí temos a Coreia do Norte.
Apesar de todas as sanções e condenações pelo tratamento de Otto Warmbier,
Pyongyang está aumentando seus testes nucleares. Ontem mesmo testaram o motor de
um míssil balístico intercontinental que poderá atingir os Estados Unidos. Este
impulso irracional de Kim Jon-un pode ter Teerã por trás já que o programa
nuclear norte-coreano é feito em conjunção com o Irã. É sabido que assim que a
Coreia do Norte alcançar a tecnologia de mísseis balísticos intercontinentais,
o Irã terá posse dela.
Por isso é imperativo que
Israel impeça o Irã de estabelecer este corredor e para isso precisa convencer
a administração americana desta necessidade.
E falando da Coreia do Norte,
tristemente, o estudante judeu americano Otto Warmbier morreu menos de uma
semana após ter retornado aos Estados Unidos em estado vegetativo. A história
dele nos seguiu a semana inteira. A última imagem que temos deste garoto vivo é
frente ao tribunal fantoche, chorando e implorando de modo humilhante, por sua
vida arruinada por acusações que ele não pode desmentir. Otto só encontrou
injustiça na Coreia do Norte. Um julgamento fraudado, uma confissão forçada, uma
sentença de 15 anos de trabalhos forçados, tortura e morte. Ele só tinha 22
anos.
E estes animais ainda têm a
cara-de-pau de dizer que o retornaram por “razões humanitárias”. Que humanidade
existe no regime da Coreia do Norte?? Eles eram responsáveis pelo bem-estar
deste jovem, culpado ou não, dentro de seu sistema carcerário. E qual foi o
crime de Otto? Ele fora acusado de tentar remover um pôster do governo e leva-lo
como lembrança. Este governo beócio afirmou que este ato minou a própria fundação
do Estado!! Se for assim, a fundação do estado norte-coreano não resta sobre muita
coisa fora da insanidade de seu líder.
Otto negou ter cometido este
suposto “crime contra o Estado” e a prova do governo foi um filme obscuro mostrando
alguém não identificável, que tentou, mas não conseguiu remover o pôster.
Otto não é a primeira nem
será a última pessoa a receber uma punição extrema por um crime que não cometeu
ou por uma infração menor. E o regime da Coreia do Norte não é o único a impor
estes tipos de punições em nossos dias. Na Tailândia há punições por insulto ao
monarca, na Arábia Saudita sentenças de chibatadas até decapitações são comuns
por “crimes” como feitiçaria. No Paquistão, jovens são apedrejadas ou mortas
por suas famílias por quererem ir para a escola.
Qualquer um de nós poderia ser Otto Warmbier. Não conheço ninguém que não tenha cometido alguma infração na juventude comparável à que Otto foi acusado. A diferença é que vivemos em países civilizados nos quais tais transgressões resultam em advertências, não em pena de morte! Mas há milhares de Ottos no mundo, que vivem em regimes totalitários como o Irã, aonde mulheres são presas por assistirem a um jogo de vôlei ou por cantar num vídeo do Youtube. E o mundo se cala e ainda premia estes governos com, por exemplo, a presidência da UNESCO. Sim senhores, o delegado iraniano Ahmad Jalali será o presidente da organização e o responsável por implementar suas resoluções como as que negam o elo dos judeus com o Monte do Templo e Jerusalem.
Precisamos quebrar este silêncio
que está permitindo tudo a estes déspotas. Se cada um de nós imaginasse ser
Otto Warmbier, com os direitos de vida mais básicos negados, lutaríamos com
unhas e dentes contra estes regimes. Mas inexplicavelmente continuamos em silêncio
apesar de estarmos livres para poder opinar e exigir mudanças. Vamos pedir para o Brasil cortar relações com
a Coreia do Norte. Vamos denunciar o Irã e exigir que somente países com direitos
humanos possam liderar organizações internacionais. Vamos lutar para que
ninguém mais sofra esta sorte ou amanhã você também pode ser Otto Warmbier.
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