Sunday, June 10, 2018

Trump, Kim e o Escanteio do Irã - 10/6/2018

No domingo passado, celebramos a parada anual do Dia de Israel aqui na Big Apple.

O coração da Ilha, a Quinta Avenida, estava inundada de azul e branco. O prefeito de Nova York, Bill De Blasio, o governador Andrew Cuomo, o cônsul geral de Israel em Nova York Dani Dayan e o embaixador de Israel na ONU Danny Danon lideraram a marcha, junto com embaixadores do Canadá, Alemanha, Espanha, Tailândia, Chipre, República Tcheca, Nigéria, Ucrânia e Romênia.  O tema usado foi a palavra “Sababa” que significa “incrível”, “fantástico” ou “super” em hebraico. Exatamente o que Israel é.

Os co-presidentes da Parada disseram que “o que começou como uma pequena faixa de terra árida com poucos recursos naturais se transformou em um país cheio de paisagens magníficas, panoramas marítimos e arranha-céus com avanços verdadeiramente incríveis em tecnologia, medicina e agricultura”.

Mais de 30 carros alegóricos, 15 bandas de músicos famosos e 40.000 participantes representando centenas de organizações judaicas e cristãs desfilaram ao longo da Avenida com placas coloridas, camisetas personalizadas, música e orgulho de Israel.

Do ponto final do desfile, os milhares de participantes se dirigiram para o Times Square para uma grande festa em estilo organizada pelo Consulado Geral de Israel em Nova York e pelo Ministério da Cultura e do Esporte de Israel. Os famosos monitores da praça desligaram suas publicidades e mostraram as imagens da história, herança e inovação das primeiras sete décadas de Israel. Um vídeo de quatro minutos mostrou a inovação israelense em vários campos, incluindo irrigação, dessalinização, energia sustentável e exploração espacial.

Realmente foi uma festa estupenda, com cantores israelenses, políticos e muitas palavras de apoio, estima e admiração. É a primeira vez que um país amigo comemora sua independência com uma festa em Times Square que só ficou atrás da virada do ano. Como era esperado, no entanto, a mídia esquerdista decidiu ignorar o evento! Nem uma palavra nas redes de televisão, exceto para avisar quais ruas estariam fechadas ou quanto a cidade estava gastando com a segurança do evento. Em todos os anos morando em NY, esta foi a primeira vez que vi isto acontecer.

Mas hoje é um dia histórico e a mídia em peso sabe disto, por mais que deteste Trump. Todos os olhos estão voltados para Cingapura. Mais de 3.500 jornalistas aterrissaram no país. Depois de amanhã o líder da Coreia do Norte, Kim Jon-un se encontrará com Donald Trump para discutir o caminho da desnuclearização da Península Coreana e o fim das sanções contra o país. É a primeira vez que um presidente americano em exercício se encontra com um líder da Coreia do Norte.

Quando perguntado como se havia preparado para o encontro, Trump disse que não precisava realmente se preparar e que o desenrolar das negociações aconteceria de acordo com o que ele sentisse das intenções do líder norte-coreano. Podem imaginar a quantidade de crítica que jorrou de todos os lados!

Mas surpreendentemente, até o jornal anti-Trump The New York Times entendeu que o presidente americano havia passado a vida se preparando para este encontro. Para um líder que atingiu a maioridade no início dos anos 60, quando os Estados Unidos e a União Soviética estavam à beira da aniquilação mútua, o impasse com Kim Jong-un é algo pessoal e oferece uma oportunidade histórica para Trump livrar o mundo de uma grande ameaça nuclear.

Para um construtor que se tornou presidente, o tête-à-tête marcado para terça-feira, é um teste. Trump irá mostrar que pode superar décadas de ortodoxia diplomática e fazer um bom negócio com a Coréia do Norte. Um feito que escapou todos os presidentes anteriores.

Trump está lidando com a Coréia do Norte desde que Barack Obama lhe disse, dois dias depois da eleição, que o ditador coreano seria seu maior desafio em política externa.

Para Trump, o problema é simples: a Coreia do Norte tem que acabar com seu programa nuclear e os Estados Unidos irão presentear o país com o fim das sanções e com muitos investimentos diretos.

Mas algo está cozinhando por detrás de tudo isto. Enquanto Trump cancelava e depois reprogramava o encontro com Kim, Bashar al-Assad, da Síria implorava para ser recebido em Pyongyang. E por quê?

Porque há algumas semanas, no meio do impasse com Kim, Trump denunciou o acordo nuclear com o Irã e reimpôs as sanções contra os aiatolás. A relação entre o Irã e a proliferação norte-coreana é profunda. Os dois países se ajudam e se dão cobertura em momentos críticos. No ano passado, o Irã anunciou a retomada de seu programa de mísseis de longo alcance no auge do impasse internacional com a Coréia do Norte sobre seus lançamentos de mísseis e testes nucleares. Durante este período, segundo um relatório da ONU, dois navios norte-coreanos entregaram caixas ao Centro de Estudos e Pesquisa Científica da Síria - o mesmo centro de pesquisa de armas químicas destruído pelos Estados Unidos em abril.

O gênio de Trump se mostrou novamente ao trabalhar para separar os interesses dos dois proliferadores.

Formalmente, o Irã parece não ter violado o acordo nuclear, mas está usando o prazo do acordo para desenvolver seu programa balístico para poder enviar uma ogiva nuclear aonde quiser, especialmente Israel. Parte dos bilhões de dólares que os aiatolás receberam de Obama foram usados para financiar o programa balístico norte-coreano.

Kim é louco, mas não é burro. Ele viu os Estados Unidos reimporem as sanções contra o Irã e entendeu que o dinheiro dos aiatolás irá secar. Se ele conseguir negociar o fim das sanções contra seu país e assegurar a manutenção de seu regime, ele não precisa de mais nada.  

Se Trump conseguir desnuclearizar a Coreia do Norte, além de trazer paz à Peninsula e prosperidade para o povo faminto ele estará também abrindo caminho para uma possível reunificação com a Coreia do Sul. Mas o mais importante, Trump estará negando ao Irã seu único caminho de adquirir a tecnologia balística sem a qual os aiatolás não terão o que fazer com suas ogivas nucleares.  E é por isso que o Irã pediu para Assad interceder junto a Kim Jon-un para ele não negociar com Trump.


Cingapura é um país único, que se relaciona com todos os outros países do mundo. É o local ideal para os dois lideres se encontrarem longe da influência chinesa, iraniana e síria. Trump passou a vida negociando acordos difíceis e toda esta experiência será testada nesta semana. Mas um acordo desta magnitude não é fechado em apenas uma reunião e Trump avisou que está preparado a deixar a mesa de negociações se não tiver um feedback positivo de Kim. De qualquer forma Trump já plantou uma semente no coração do ditador e do povo norte-coreano.  

Uma semente que poderá ser a chave para resolver os dois maiores desafios que o mundo enfrenta hoje. 

No comments:

Post a Comment