Que diferença
alguns anos fazem. Em 1967, a Liga Árabe emitiu o que foi chamado de Resolução
de Khartoum. Em sete curtos parágrafos os Árabes colocaram em uníssono sua
posição em relação a Israel: Não à paz com Israel, não ao reconhecimento de
Israel e não à negociações com Israel. Cinquenta e dois anos após este
encontro, lideres árabes não mais se envergonham de serem vistos apertando a
mão do primeiro ministro Benjamin Netanyahu e de fato, alguns deles veem Israel
como o único país de enfrentar um inimigo muito real.
Depois da
Guerra de Yom Kipur, Israel deixou de ser visto como uma ameaça aos países
árabes vizinhos. Especialmente depois da paz com o Egito, quando Israel
retornou toda a península do Sinai conquistada na Guerra dos Seis Dias, os
países árabes parecem ter se resignado com a existência de Israel no Oriente
Médio. De modo quieto, é claro.
Mas depois da
revolução iraniana, e com os aiatolás prometendo dominar a região e impor sua
seita xiita do islamismo junto com um programa nuclear, a frase “o inimigo do
meu inimigo é meu amigo”, nunca se fez tão verdadeira.
Assim, na
semana passada, os Estados Unidos promoveram em Varsóvia na Polônia, a Cúpula
sobre o Oriente Médio, focando nas destrutivas atividades do Irã na região. O
secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e o ministro das Relações Exteriores
da Polônia, Jacek Czaputowicz, foram os anfitriões oficiais da conferência de
dois dias, na qual participaram altos funcionários de 60 países.
O
primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o vice-presidente dos EUA
Mike Pence estiveram presentes, e mais de 20 outros países do mundo
participaram em nível ministerial, incluindo o Brasil e vários países árabes,
como Marrocos e Arábia Saudita.
A França e a
Alemanha enviaram funcionários de baixo escalão e a hefe de política externa da
União Européia, Federica Mogherini, se afastou totalmente do evento.
A Rússia e a
China resolveram não participar mostrando do lado de quem estão e nem os
palestinos, que pediram para o mundo boicotar a reunião. Javad Zarif, ministro
do exterior do Irã declarou que esta cúpula estava morta antes de começar.
Mas bem ou mal,
os aiatolás e os palestinos devem ter tido arrepios ao verem Netanyahu cercado
pelos ministros do exterior da Arabia Saudita e Bahrain e receber um caloroso
aperto de mão do Ministro do Exterior de Oman, Yusuf vin Alawi bin Abdulah.
E pior (ou
melhor) ainda, Netanyahu declarou no final da Cúpula que "Quatro dos cinco
ministros das Relações Exteriores árabes que se dirigiram à conferência falaram
forte e claramente contra o Irã, dizendo exatamente o que ele vem dizendo há
anos". "Eles foram o mais claros possível sobre a questão e o direito
de Israel de se defender contra a agressão iraniana." Netanyahu não
especificou quais quatro ministros estrangeiros árabes falaram mas tenho a
impressão de que foi o Kuwait que silenciou.
Para
Netanyahu isto foi uma grandíssima vitória diplomática. Num evento em que
estavam presentes ministros do exterior árabes dizendo que os israelenses têm o
direito de se defender, e não o fazendo em segredo, mas em um palco com outros
60 países presentes, é algo não só inusitado mas surpreendente.
Há apenas
alguns anos, o conflito com os palestinos tinha tomado o centro das atenções
mundiais. Em todos os fóruns, da ONU à Organizações dos Estados Americanos, não
tinha quem não apontasse para o problema como a causa de todos os males da
humanidade.
Hoje, os
principais países do ocidente como Estados Unidos, Inglaterra e os principais
países árabes, concordam que o problema da expansão da influencia e do suporte
ao terrorismo iraniano, se sobrepõe a todas outras urgências.
E nesta
linha, Netanyahu pediu aos líderes árabes que não rejeitem o plano de paz que
Trump irá propor antes da administração americana apresenta-lo.
Surpreendentemente,
Netanyahu disse aos líderes árabes durante o mesmo encontro que no caso de Israel
ele sabia que a paz era uma "via de mão única".
"Para
que Israel esteja em paz ou normalize as relações com o mundo árabe mais amplo,
precisamos ter a paz entre Israel e os palestinos", disse ele. “Como a paz
nunca esteve próxima, não tivemos nenhuma opção.”
E esta
declaração de Netanyahu é o que preocupou os israelenses que o suportam. Às
vésperas das eleições, Bibi dizer que a paz será feita através de concessões
israelenses somente, não é uma coisa boa.
Os palestinos
foram relegados ao segundo plano precisamente por terem sempre rejeitado todas
as ofertas de paz, inclusive a de Ehud Olmert que irresponsavelmente concordou
em entregar o Muro das Lamentações aos palestinos! E Mahmoud Abbas disse a ele
que iria pensar... Nunca lhe respondeu!
A paz com os
palestinos, como disse já aqui neste programa, não é possível simplesmente por
que os valores dos dois povos estão anos luz a parte. Qualquer concessão de
Israel será vista como um sinal de fraqueza e uma indicação para os palestinos
continuarem rejeitando ofertas esperando mais e mais concessões.
Israel
deveria deixar isso claro aos outros países árabes que conhecem bem sua
cultura. Hoje eles precisam de Israel e ficaram do seu lado por causa do Irã.
Depois que o perigo passar, eles voltaram aos seus maus hábitos. Se há um
acordo a ser arrancado com os palestinos, ele tem que ser feito agora nos
termos de Israel. Só assim Israel ganhará o respeito de seus vizinhos e um
lugar de honra no Oriente Médio, em meio à eles.
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